Painel com a empresária Chieko Aoki e com a advogada Elizabete Leite Scheibmayr discutiu como incentivar o protagonismo feminino em áreas em que continuam sub-representadas
No dia 8 de março, em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, a frente de gênero da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, em parceria com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e o projeto PulsAção, organizou o painel “Mulheres na Liderança”, com a presença da empresária Chieko Aoki, fundadora e presidente da rede Blue Tree Hotels, e da advogada Elizabete Leite Scheibmayr, sócia-fundadora da Uzoma, consultoria nas áreas de diversidade, cultura e educação. O bate-papo foi mediado pela professora Graziela Simone Tonin, que lidera a frente de gênero da Comissão ao lado da professora Juliana Miranda Mitkiewicz.
Durante o painel, Chieko, que integra o Conselho do Grupo Mulheres do Brasil, destacou que homens e mulheres têm características complementares e, justamente por isso, mais mulheres na liderança podem contribuir para um mundo mais justo, humano e igualitário. Ela apontou as características inerentes a líderes do gênero feminino, como o acolhimento e a capacidade de criar uma comunidade no seu entorno. “Não que eu ache que as mulheres sejam melhores do que os homens. Cada um tem seu jeito de contribuir para o mundo. Mas neste momento em que há tanta divisão, o papel das mulheres é muito importante. Mulheres que agregam, que criam comunidades, que buscam compreender mais as pessoas”, disse Chieko.
Por sua vez, Elizabete, que é membro do Grupo Mulheres do Brasil, onde lidera os Comitês de Igualdade Racial e Combate à Violência contra a Mulher, destacou a importância de as mulheres terem modelos ou referências para se inspirarem e ter mentores para guiarem suas escolhas. No seu caso, as referências são seus familiares, como os pais e a avó. Elizabete disse que, ao longo da vida, as pessoas vão encontrando novos modelos. Ela citou a própria Chieko como um modelo que a inspira com sua filosofia de bem servir e de pensar no outro independentemente da posição que ocupa. Mencionou também a empresária Luiza Helena Trajano e suas inspirações negras, como a empresária Rachel Maia, a executiva Monica Marcondes (do Banco Santander) e a ex-primeira-dama americana Michele Obama.
Além de advogada, Elizabete é matemática. Ela enfatizou a importância de estudar e se manter atualizada, de usar o conhecimento adquirido para alcançar os objetivos e ser quem somos. “Fazer matemática foi importante, ela me trouxe um aprendizado. Fazer direito me trouxe outro aprendizado. Trabalhar com ciências atuariais me trouxe outro aprendizado. Hoje, trabalhar com desenvolvimento humano, com diversidade e com inclusão me traz outro conhecimento”, disse Elizabete. “Eu preciso de uma jornada para chegar. Tudo o que passei é para chegar ao que sou hoje e tenho o propósito ainda de contribuir para que a gente tenha um mundo melhor para todo mundo. Esse é o meu maior motivador.”
Em relação ao caminho para chegar aos espaços de liderança, Chieko disse que ela “vira a página”, seja em relação às dificuldades que precisa enfrentar, seja quando conquista coisas boas. Chieko considera que todo dia é uma página em branco, uma nova oportunidade de fazer algo. Para ela, não há uma fórmula única para alcançar o topo e cada pessoa irá descobrir seu jeito de encontrar o caminho. Porém, ela afirmou que busca sempre fazer para os outros o que gostaria que fizessem para ela. Citou uma frase de Madre Teresa de Calcutá que a inspirou quando criou a rede Blue Tree Hotels. Nas palavras de Chieko, a frase é: “Não deixe que jamais alguém que passou por você vá embora sem se sentir melhor e mais feliz”.
Para a professora Graziela, que mediou o painel, o bate-papo foi bastante rico. “No evento, foi possível conhecer um pouco mais sobre as histórias de duas mulheres líderes e protagonistas em suas trajetórias e que constroem projetos que contribuem para um Brasil melhor e mais igualitário”, diz Graziela. “São mulheres de diferentes áreas e culturas que se unem por um propósito. Ambas destacaram a importância de termos mais mulheres ocupando espaços e cargos de liderança para participarem da tomada de decisão e inspirarem outras meninas.”
A professora lembra que as mulheres representam 51% da população e são mais de 53% dos eleitores no Brasil. Elas proveem o sustento de quase metade dos lares brasileiros (48,7%), mas ainda não estão representadas de forma justa e igualitária em muitas áreas, como no Congresso Nacional e nos postos de liderança das empresas. “O painel cumpriu seu papel de trazer mulheres que são referências, com histórias que inspiram. Ao mesmo tempo, mostrou que muitos obstáculos foram, são e ainda precisarão ser enfrentados. Que estar cercada por pessoas que encorajam, impulsionam e incentivam é crucial, bem como criar e fazer parte de redes de apoio”, diz Graziela.
Segundo a professora, o painel deixou claro o olhar complementar da mulher, que só fortalece e enriquece times e empresas ao lado dos homens, caminhando juntos. “Precisamos que os homens sejam protagonistas ao nosso lado, que eles possam cada vez mais refletir e incentivar outros homens a unirem-se a nós, não somente pelas colegas e mulheres em geral, mas por sua mãe, suas irmãs, suas filhas, esposas e todas as mulheres importantes da sua vida que também sofrem as consequências de um mundo desigual.”
No fim, segundo Graziela, todo mundo ganha com a inclusão de mais mulheres no mercado, com remuneração adequada independentemente de gênero, com mais mulheres na liderança, com normas trabalhistas que incluam e considerem suas necessidades, como no caso das mulheres mães. “É uma decisão inteligente que contribui para a construção de um mundo de fato contemporâneo, alinhado às evoluções do tempo. Os desafios estão postos, os dados são claros. Cabe a cada um de nós escolher o legado que iremos deixar. Nossas ações diuturnamente refletem o quão orgulhosos podemos estar dessa jornada.”