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ESG é “caminho sem volta” na agenda dos líderes das empresas

Webinar promovido pelo Insper reuniu especialistas para falar sobre os desafios e as oportunidades que surgiram com o avanço das pautas ambientais, sociais e de governança

Webinar promovido pelo Insper reuniu especialistas para falar sobre os desafios e as oportunidades que surgiram com o avanço das pautas ambientais, sociais e de governança

 

Michele Loureiro

 

Pesquisas apontam que empresas com ações concretas relacionadas a ESG (práticas ambientais, sociais e de governança, na tradução da sigla em inglês) têm um desempenho melhor do que aquelas que não olham para essas questões de forma aprofundada. “Isso se dá porque são mais eficientes em termos de custo e correm menos riscos. As exceções são aquelas que doam cobertor na Amazônia, ou seja, fazem ações pontuais e equivocadas”, disse  a professora Priscila Claro, líder do Centro de Sustentabilidade e Negócios, durante o webinar ESG na Agenda da Liderança: Desafios e Oportunidades, transmitido pelo LinkedIn no dia 15 de março.

Priscila, que atua nas áreas de Sustentabilidade, ESG e Estratégia em programas de graduação, pós-graduação e educação executiva do Insper, foi a mediadora do evento, que contou com a participação também de Carolina Pecorari, profissional sênior de sustentabilidade, ESG, jurídico e assuntos corporativos com experiência em grandes empresas, como a fabricante de bebidas Ambev e o escritório TozziniFreire Advogados, e Luís Fernando Guggenberger, gerente-executivo de marketing, inovação e sustentabilidade da fabricante de impermeabilizantes Vedacit.

Durante o bate-papo, os participantes falaram sobre os desafios das organizações para integrar sustentabilidade e ESG na estratégia do negócio. Para Guggenberger, um dos principais entraves é a falta de capacidade de contar histórias. “Precisamos aprender a ser Google Tradutor o tempo todo e fazer a ponte entre as questões ESG e os negócios. Nosso papel é entender o código financeiro e o código ambiental para executar essa ponte entre as lideranças”, disse o executivo. “É como se em algumas empresas todos falassem espanhol, mas alguns são do México, outros da Espanha ou da Argentina. Precisamos falar a mesma língua, sem nuances.”

Para Guggenberger, sustentabilidade não é competição — é colaboração. “As empresas parecem aquela série Game of Thrones, cheias de feudos. Ficam empurrando a questão da sustentabilidade de um lado para o outro, como se fosse algo a ser separado. O grande desafio é conscientizar que sustentabilidade não é de um departamento. É da empresa como um todo”, afirmou Guggenberger.

Segundo Carolina Pecorari, a própria terminologia complica o entendimento. “No dia a dia, falamos em sustentabilidade em vez de ESG porque é mais fácil de engajar, não ficamos dando a definição técnica para todos e entendemos que ESG é um conjunto de boas práticas”, disse ela. “A sustentabilidade é encarada como um guarda-chuva de tudo isso. É mais fácil generalizar para que haja compreensão, pois a cultura do ESG não pegou em todas as empresas e cargos.”

Guggenberger lembrou que ESG é a evolução de um tema que já é abordado desde a década de 1990. “Naquela época falava-se em filantropia, depois a chave virou para o olhar da responsabilidade social e ambiental, agora a gente passa para o 4.0, que é o ESG. Mas os profissionais da área ainda têm um estereótipo enraizado de que a sustentabilidade vem do verde, que é um sujeito que gosta de abraçar árvores. E não é isso. Eu discuto negócios”, afirmou. “Vai muito além da filantropia. Eu entendo de negócios e vou além do verde”, acrescentou Carolina.

A professora Priscila lembrou que muitas empresas ainda se limitam a ações pontuais e tabelas de Excel para registrar iniciativas em números, focando no quantitativo. “Eu costumo dizer que isso não adianta. O ponto de partida é o estudo de materialidade, que mostra as chaves para fazer essa mudança a partir de pesquisas, pontos críticos e oportunidades de melhoria”, disse a professora.

 

Prevenção contra desastres

Mais do que mostrar pontos de melhorias que podem alavancar o negócio, como é o caso da Vedacit, que mudou as embalagens de plástico para papel, as práticas de ESG ajudam a prevenir e até evitar desastres. Guggenberger citou exemplos como os da mineradora Vale em Brumadinho e da varejista Americanas, envolvida em problemas no balanço. “A sociedade pressiona pela mudança. Para se ter uma ideia, entre o episódio da Samarco em Mariana e o desastre em Brumadinho, foram feitas inúmeras discussões sobre o risco financeiro das empresas, mas nenhuma sobre risco ambiental. Óbvio que ia acontecer um novo desastre. Sustentabilidade faz parte da gestão, do core”, disse Guggenberger. “Nenhum CEO é contratado pela sustentabilidade, mas pode ser demitido por ela.”

Para Carolina, fornecedores e investidores já cobram políticas de ESG das empresas. “Mais do que isso, os clientes já olham para a questão. E a tendência é que os cidadãos tenham mais consciência do que estão consumindo. Esse é um caminho sem volta”, disse.

Para ela, é fundamental que a liderança das empresas compreenda os pilares ESG. “O mais importante é que o processo seja top down, pois a pressão de baixo para cima não é suficiente. Se a liderança não acredita e defende, a causa é muito mais difícil”, disse Carolina. “Esse processo de convencimento é longo, mas não podemos fazer mais do mesmo. Temos que olhar para o futuro.”

 

Como aprender sobre ESG

A professora Priscila lembrou os cursos oferecidos pelo Insper que abordam a questão da sustentabilidade, entre eles Gestão ESG: Sustentabilidade e Negócios, com duração de 40 horas e oferecido nas modalidades online e presencial. “Também abordamos o assunto em alguns cursos da graduação com trilhas específicas e eletivas. Além disso, temos uma pós-graduação específica, um Programa Avançado em Sustentabilidade, desenhando para desenvolver pensamento sistêmico que visa construir soluções baseadas em design thinking. Estamos no último semestre da primeira turma e muito animados com o resultado”, disse a docente do Insper.

 

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