Coordenadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, a professora Bruna Arruda relata sua visita à África do Sul, onde foi estudar inglês e fez um mergulho na história
Em suas últimas férias, em janeiro, a professora Bruna Arruda, coordenadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão do Insper, realizou um sonho: visitou a África do Sul. Foram pouco mais de três semanas no país — 18 dias na Cidade do Cabo e 4 dias em Joanesburgo. “Eu resolvi realizar essa viagem por dois motivos. Primeiro, porque queria fazer um curso de inglês, então procurei um país que tivesse o inglês como um dos idiomas. E, segundo, desde que me descobri enquanto mulher negra, eu tinha uma vontade muito grande de conhecer um país do continente africano, para ter contato com minha ancestralidade”, diz Bruna.
A professora conta que se sentiu em casa na África do Sul. “O que mais me impressionou e me tocou foi a receptividade das pessoas. Eles usam roupas coloridas, têm muita alegria de viver e me receberam como se eu fosse parte da família delas”, diz. “A palavra que resume a minha viagem é ‘pertencimento’. Eu me senti muito acolhida, me senti pertencente ao local e à vida daquelas pessoas.”
Bruna diz que o que viu em sua viagem contrariou a imagem que muita gente tem da África. “Muitas pessoas pensam no continente africano de forma estereotipada, como um lugar só de pessoas muito pobres. Na verdade, há, sim, diferenças sociais gritantes, mas também muitas riquezas, com belezas naturais exuberantes.”
Em Joanesburgo, no distrito de Soweto, a professora visitou a Casa de Mandela (Mandela House), onde morou Nelson Mandela, o líder do movimento contra o apartheid, o regime de segregação racial que vigorou no país de 1948 a 1994. Mandela passou 27 anos na prisão, antes de se tornar presidente do país (de 1994 a 1999) e ganhar o Prêmio Nobel da Paz (em 1993).
“Visitar a Casa de Mandela é conhecer o lugar onde viveu a maior liderança na luta contra o apartheid. É sentir o que é viver com propósito. No Uber, nas ruas, em muitos lugares, pude perceber como Mandela continua sendo adorado e aclamado pela população”, diz Bruna. Na mesma rua onde viveu Mandela, a professora visitou a casa de outro sul-africano ilustre, o arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz em 1984.
Apesar do fim do apartheid no país, Bruna diz que ainda é possível ver nas ruas o reflexo das desigualdades geradas pelo regime segregacionista. “Dá para perceber as diferenças sociais nas ruas. Eles ainda mantiveram na praça os bancos para pessoas brancas e para pessoas não brancas”, diz Bruna. “Muita gente me disse que os negros têm força política, mas os brancos mantêm a força econômica.”
A professora visitou também o Museu do Apartheid, um memorial inaugurado em 2001 e que conta a história do período de segregação racial. Ao comprar um ingresso do museu, o visitante recebe um bilhete no qual está escrito “whites” (brancos) ou “non-whites” (não brancos) e precisa se dirigir ao respectivo portão — era assim na época do apartheid, quando brancos e negros não podiam se misturar. “Reviver hoje como funcionavam as coisas na época do apartheid é uma experiência muito forte”, diz Bruna.
Na Cidade do Cabo, a professora visitou Robben Island, a ilha onde Mandela ficou preso durante 18 anos. Também conheceu o complexo V&A Waterfront (a mais visitada atração turística do país), a icônica Table Mountain (que já foi considerada “uma das sete maravilhas do mundo”) e visitou o Cabo da Boa Esperança (o ponto extremo do continente africano onde se encontram os oceanos Atlântico e Índico).
De seu roteiro também fizeram parte visitas a algumas instituições de ensino do país. “Fui conhecer a Universidade da Cidade do Cabo, que tem um campus de Engenharia muito grande, voltado para tecnologia e inovação, e visitei também a Universidade de Joanesburgo”, diz a professora. E, claro, ela aproveitou também para fazer safáris. “Foi muito emocionante estar tão perto da natureza e praticar esportes de aventura. Há também muitas vinícolas que vale a pena conhecer.”
A África do Sul, aliás, é conhecida mundialmente pelo licor Amarula, disponível em diversas variações. A bebida é produzida com uma fruta chamada marula, que dá em uma árvore alta e frondosa nas planícies subequatoriais da África — apenas as árvores fêmeas de marula dão frutos, que são cítricos e suculentos. A professora Bruna apreciou também a comida local. “A culinária sul-africana é muito rica, com várias texturas e sabores”, diz. Um dos pratos típicos é a biltong, tiras de carnes que são salgadas e deixadas para secar ao sol, lembrando a carne seca brasileira.
Por fim, a professora Bruna destaca que a taxa de câmbio é um ponto que favorece atualmente a viagem de brasileiros à África do Sul. A moeda do país é o rand, simbolizada com a sigla ZAR. Um rand equivale a aproximadamente 30 centavos de real. “É um país que tem um bom custo-benefício para os brasileiros”, diz a professora.