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Visibilidade lésbica: a oportunidade de se afirmar e de se aceitar

Duas participantes da roda de conversa no Insper falam sobre suas experiências de autodescoberta e luta contra estereótipos

Duas participantes da roda de conversa no Insper falam sobre suas experiências de autodescoberta e luta contra estereótipos

 

Bárbara Nór

 

Foi só depois de meses tendo aulas online que Gabriela Albuquerque, bolsista integral do curso de Engenharia Mecânica no Insper, viu os colegas ao vivo pela primeira vez, no semestre passado. Seria a primeira vez também de muitos verem Gabriela — afinal, eram raros os momentos em que os alunos ligavam a câmera, apesar de interagirem com frequência.

“As pessoas realmente me viram como eu era, de boné e cabelo curto”, conta Gabriela, que diz que se descobriu lésbica já no Ensino Médio e, com isso, foi também descobrindo um novo estilo. “Me assumi para a família em 2019 e fui começando a me vestir como queria, e recebi todo apoio.”

No Insper, não foi diferente. “Foi uma experiência intimidadora no início, mas aos poucos foi ficando mais fluida em todos os sentidos”, diz Gabriela. “Fui muito bem recebida.”

Hoje, um ano e meio depois de começar a faculdade, ela conta que se sente ainda mais segura. “Esse período estabeleceu minha personalidade e fortaleceu ainda mais traços que eu já tinha.” Tanto que sua primeira reação ao ser convidada para participar de uma roda de conversa no Insper no Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, no último dia 29 de agosto, foi de alegria. “O debate é muito importante porque esse assunto ainda é um tabu e, com o convite, percebi que o Insper está disposto a começar essa discussão no meio acadêmico”, afirma Gabriela.

Ela mesma vem estudando o tema da presença de meninas lésbicas nas áreas Stem (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) em sua iniciação científica. “Eu queria entender como pessoas como eu são tratadas no meio científico e não encontrava nada a respeito”, diz. Por sugestão de seu professor, ela se inscreveu para a iniciação científica. “Tive o prazer de aprender mais e entender os desafios.”

Um dos problemas, ela conta, é a escassez de dados justamente porque poucas pessoas se autodeclaram ou pela própria histórica falta de mulheres nessas áreas. “Muitas pessoas não são representadas e, quando tentam, não são bem recebidas”, diz a aluna. “Percebi o quanto a minha presença representa algo para outas pessoas. Antes eu não ligava. Sempre tentei ser eu mesma, mas agora percebi o quanto posso ajudar a comunidade e representá-la.”

Inclusive, seu processo de autodescoberta, conta, acabou sendo sem muitas referências de outras mulheres lésbicas em sua vida. “Foi o apoio da minha mãe e da minha irmã, de ter minha família me aceitando que facilitou minha comunicação no Insper”, afirma. “E minha maior inspiração foi meu professor Sérgio Cardoso, do Comitê de Diversidade”, diz. “Ele me contou sobre a trajetória dele e foi muito importante para mim.”

 

Gabriela Albuquerque
Gabriela Albuquerque

 

A invisibilização dos estereótipos

Já para Mayara Pedro, analista de eventos no Insper, muitas vezes sua identidade acaba sendo invisibilizada por causa de expectativas sobre como as mulheres lésbicas devem ser. “Tem toda uma ideia de como ela se comporta e, quando falo que sou lésbica, dizem que não parece, e isso é um pouco chato”, diz Mayara.

Ela conta que o convite para participar da Roda de Visibilidade Lésbica veio logo em sua primeira reunião junto à Frente LGBT. “Casou de eu ter entrado justamente no mês em que eles estavam propondo a roda, foi uma sorte do destino”, diz. “Como sou da área de eventos, falei, bom, é a minha vez de estar na programação e não na produção.”

A decisão de entrar na Frente LGBT depois de três anos de empresa foi motivada, sobretudo, por insistência de um colega seu, conta Mayara. “Quando ele me convidou pela terceira vez, eu pensei que estava na hora de ver como eu poderia contribuir.”

Quanto mais instituições como o Insper se abrem para o tema, mais as pessoas podem se sentir pertencentes, diz Mayara, que lembra de sua época na faculdade. “Era cada um no seu quadrado. Não tinha frente, comissão nem organização estudantil falando sobre isso”, diz ela. “Ter o Insper falando sobre isso ajuda adolescentes e jovens a se entenderem como parte da comunidade, principalmente se não tiveram esse apoio antes da família ou dos amigos.”

Outro ponto positivo, para Mayara, é ter a oportunidade de trocar experiências com outras mulheres que passam pelas mesmas situações que ela no dia a dia. “As pessoas acabam entendendo as dificuldades que a gente passa e existe um companheirismo, uma ajuda mútua”, afirma Mayara. “Mesmo situações simples, como levar a esposa junto em uma consulta, podem ser questões para a gente, e ter essa escuta e compreensão é libertador.”

 

Mayara Pedro
Mayara Pedro

 

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