Os dados indicam que o desejo de adquirir um veículo é menor nos países mais bem servidos por transporte coletivo
Hoje, 22 de setembro, é o Dia Mundial sem Carro, uma data lembrada em cidades no mundo inteiro para promover uma reflexão sobre o uso excessivo do automóvel — e sobre seus impactos na mobilidade, na saúde humana e no meio ambiente. Desde sua invenção, no século 19, o automóvel com motor a combustão se tornou algo que muitas pessoas passaram a cobiçar — para muita gente, virou um símbolo de vida adulta, de riqueza e de sucesso. Continua assim?
Há dados que mostram que os jovens de hoje têm menos interesse por carros do que as gerações anteriores. De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de julho de 2019 a julho de 2021, o número de pessoas com até 30 anos que tiram carteira de habilitação no Brasil caiu 7%. Na faixa de 18 a 24 anos, a queda foi ainda mais acentuada: 23%. O mesmo fenômeno se observa em outros países, como o Reino Unido e os Estados Unidos.
Ainda assim, o carro continua na lista de desejos dos consumidores de muitos países, de acordo com uma pesquisa global da empresa de informações Statista. O Brasil está entre os países com maior percentual de não proprietários de carros que pretendem adquirir um veículo no futuro: 51% dos entrevistados.
Em contraste, no Japão, onde 25% dos entrevistados não possuem carro, apenas 6% disseram que planejam comprar um veículo em algum momento. Segundo a análise da Statista, em países como Finlândia, Holanda e Alemanha, ao que parece, a maioria das pessoas sem carro tomou essa decisão de forma consciente — não foi por falta de condições de comprar um veículo.
De maneira geral, observa-se que o desejo de comprar um carro é maior nos países onde o índice de propriedade de veículos é relativamente baixo. O quadro abaixo, com os dados dos mesmos países do gráfico anterior, mostra que o Brasil se encontra no pelotão intermediário por esse critério, com 366 veículos por 1.000 habitantes, menos da metade do índice dos Estados Unidos.
Outro aspecto que parece influenciar no desejo de comprar ou não um carro é a disponibilidade de transporte coletivo. O quadro a seguir mostra a densidade da malha ferroviária nos mesmos países citados anteriormente. Pode-se observar que, de modo geral, os países com menor percentual de pessoas que desejam comprar um carro são aqueles mais bem servidos por uma rede ferroviária.