Projeto é resultado de parceria do Insper com o Grainger College of Engineering da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign
Tiago Cordeiro
Desde agosto deste ano, o professor do Insper Luciano Silva se instalou em Urbana-Champaign, Illinois, nos Estados Unidos. Ali tem trabalhado em uma iniciativa ambiciosa que pretende, ao longo dos próximos três anos, acelerar algoritmos de detecção de exoplanetas — como são chamados os planetas que orbitam estrelas longínquas que não sejam o Sol.
Silva trabalha ao lado de dois professores do Grainger College of Engineering da Universidade de Illinois Urbana-Champaign (UIUC), Laxmikant Kale e Lawrence Rauchwerger. “Eles são da área de Ciência da Computação e nunca haviam utilizado o supercomputador da instituição para pesquisar na área de exoplanetas”, diz Silva, que é membro da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), da Association for Computer Machinery (ACM), da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB).
Detecção eficiente
Ou seja, o brasileiro agrega seus conhecimentos em pesquisa espacial, e por outro lado passa a contar com os recursos computacionais avançados da UIUC. Dois alunos de iniciação científica, Arthur Martins de Souza Barreto e Luiza Valezim Augusto Pinto, da graduação em Engenharia da Computação, acompanham os trabalhos a distância. “Eles participam de reuniões e não se intimidam, já deixaram claro que têm condições de acompanhar os debates de igual para igual”, aponta Silva.
É difícil detectar exoplanetas, porque eles não geram luz. Por isso mesmo, até poucas décadas atrás, poucos eram conhecidos. Agora são mais de 5.100, um número que aumenta diariamente. Mas a computação ainda pode contribuir, e muito, para tornar a identificação mais eficiente e precisa. A proposta dos três pesquisadores é utilizar as bibliotecas de programação STAPL e a estrutura de programação Charm4py para substituir os métodos atuais, mais lentos.
“Queremos resolver problemas que tenham caráter periódico, gerando dados que permitam calcular, por exemplo, a duração de um ano em um determinado exoplaneta”, descreve Luciano Silva, que lembra que a solução pode contribuir para a análise dos dados gerados pelo novo telescópio James Webb. “Outras aplicações estão no radar, como o mapeamento de picos de atividade solar e pulsares. Todos os projetos da área que utilizem periodogramas podem se beneficiar”.
A iniciativa é um dos cinco projetos de pesquisa desenvolvidos entre o Insper e a UIUC. O acordo firmado com o Grainger College of Engineering fortalece a área de Ciência de Computação do Insper, assim como os cursos de Engenharia, beneficiados por tecnologias educacionais, preparação de professores, desenvolvimento de pesquisa aplicada e intercâmbios.
Esta é a primeira vez que a universidade americana firma uma aliança com uma instituição de ensino superior da América Latina na área de tecnologia. No primeiro ano, estão sendo desenvolvidos cinco projetos, conduzidos em parceria por professores do Insper e da UIUC. Iniciadas em agosto deste ano, as iniciativas reúnem 17 pesquisadores.
Surgida oficialmente em 1982, mas com raízes que remontam a 1859, a UIUC tem mais de 3 mil colaboradores e quase 95 mil alunos. Entre os 470 mil alumni da instituição, incluem-se 24 ganhadores de Prêmio Nobel — é a 24ª instituição de ensino no mundo que mais produziu vencedores do Nobel.
De sua parte, o Insper conta ainda com a expertise da UIUC no desenho de cursos de graduação e pós-graduação que mesclam Data Science e Ciência da Computação às outras áreas do conhecimento, como Negócios, Economia, Filosofia e Engenharias.