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Preços em alta levam exportações do agro brasileiro a novo recorde histórico

Valor comercializado até setembro deste ano já superou o de 2021 inteiro — recorde anterior — e deverá atingir 140 bilhões de dólares até dezembro

Valor comercializado até setembro deste ano já superou o de 2021 inteiro — maior marca anterior — e deverá atingir 140 bilhões de dólares até dezembro

 

Leandro Gilio, pesquisador sênior do Insper Agro Global

Cinthia Cabral da Costa, pesquisadora da Embrapa Instrumentação e do Insper Agro Global

 

Desde o início de 2020, turbulências internacionais, como a pandemia e a guerra, têm provocado rupturas em cadeias produtivas globais que resultaram em oscilações de preço significativas, especialmente na área de commodities. No mercado exportador, o agronegócio brasileiro pôde se beneficiar do alto patamar de preços mundiais observados ao longo de 2022 e já em setembro superou em cerca de US$ 1,5 bilhão o recorde anual anterior, registrado em 2021, que foi de US$ 120 bilhões. O setor deverá superar a marca de US$ 140 bilhões em valor exportado em 2022, conforme projetado pelo Insper Agro Global em julho (leia aqui).

Com relação a produtos, neste ano tem sido destaque o desempenho do milho, que apresentou na safra 2021/22 elevado excedente exportável em um período de oferta mundial enxuta (quase 40 milhões de toneladas). Com isso, o produto registra uma alta de mais de 100% com relação ao valor embarcado no ano passado. Esse grão ainda pode ter grande destaque na pauta exportadora brasileira dos próximos anos, dado que a China começa a importar o produto nacional e reduzir sua dependência em relação à Ucrânia e aos Estados Unidos. Complexo soja, carnes (bovina, suína e de frango), açúcar e etanol, papel e celulose e produtos da madeira também tiveram crescimento significativo em valor exportado, que deve ficar entre 20 e 28%.

Mas, ainda que alguns produtos tenham registrado alta no volume exportado — como o milho —, o fator determinante do crescimento da receita de exportações foi o elevado patamar de preços internacionais. A figura abaixo apresenta índices de preços, em dólares e em reais, e o índice de quantum, que indica o volume dos produtos exportados pelo agronegócio — essa decomposição facilita a visualização dos determinantes que constituem a receita de exportações. Verifica-se que os preços internacionais (em US$) de 2022 são superiores ao observado na crise de 2008 e semelhantes ao do período conhecido como “boom de commodities”, verificado de 2010 a 2012. Em reais, a receita é também beneficiada pela taxa de câmbio, com o real permanecendo desvalorizado com relação ao dólar. Por outro lado, é interessante observar que o índice de quantum quase não varia desde 2020.

 

 

Portanto, as turbulências globais elevaram os preços dos produtos do agronegócio e ainda têm contribuído para a manutenção de uma taxa de câmbio elevada, resultando em expressiva receita de exportações.

No entanto, cabe ponderar que a bonança externa em termos de receita para o agronegócio observada neste ano não se reverte totalmente em renda ao produtor rural, uma vez que os custos de produção também se elevaram  em grande medida. Outra questão a se considerar é com relação à sustentabilidade deste quadro de alta de preços, dada a possibilidade de configuração de um cenário de recessão global para os próximos anos (leia mais) — uma possível reversão de preços deve ser bem avaliada na decisão de investimentos de agentes do setor.

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