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Metaverso, escola, trabalho e novos formatos de interação

Se usarmos as tecnologias disponíveis para trabalhar nossas emoções de forma positiva, podemos mudar o modelo atual de aprendizagem, criando espaços de discussão inteligentes

Se usarmos as tecnologias disponíveis para trabalhar nossas emoções de forma positiva, podemos mudar o modelo atual de aprendizagem, criando espaços de discussão inteligentes

 

Renata Frischer Vilenky*

 

O metaverso ganha cada vez mais espaço em nossas vidas, à medida que vencemos as barreiras da tecnologia, evoluindo no uso da realidade aumentada, da realidade virtual, dos vestíveis e da blockchain e, principalmente, no aumento da capilaridade do acesso à internet.

Diante deste cenário favorável, e de diversas projeções de que, até 2050, não diferenciaremos mais o ambiente físico e o ambiente virtual, convivendo com ambos, por que não começar a aproveitar essas mudanças de comportamento desde já?

Durante a pandemia, ouvimos vários relatos sobre a queda na aprendizagem em função da falta das conexões fomentadas em sala de aula, ou então pessoas dizendo que se sentiram tão solitárias que tiveram declínio em sua produtividade no trabalho ou na motivação para aprender coisas novas.

Mas esses cenários podem mudar.

Hoje já existem vários estudos demonstrando que experiências imersivas auxiliam a aprendizagem, engajam os alunos por lhes proporcionar contato visual com seus objetos ou personagens de estudo e estimulam sua motivação de se aprofundar pela linha sensorial oferecida por meio de seus sentidos auditivos, táteis, visuais e orais.

Não é necessário ter a condição ideal de temperatura e pressão com vestíveis para despertar uma experiência imersiva em alguém. Se há disposição para experimentação, é possível trazer a história para ser ensinada no metaverso, inserir alunos em uma pesquisa pela Amazonia, onde se aprende sobre a flora, a fauna e o relevo brasileiros, além de toda a biodiversidade que temos e que precisa de preservação e exploração conscientes. Tudo isso, feito por meio de estímulos corretos das emoções, pode provocar transformações muito positivas no aprendizado.

Há comprovações cientificas de que a relação emocional de um aluno com o conteúdo ou com seu professor é crucial para a aprendizagem, podendo-se tornar grande fonte de motivação ou de bloqueio contra determinado aprendizado.

Estímulos sensoriais ou pensamentos que causam dor instigam os centros límbicos de punição, enquanto estímulos que causam prazer ou felicidade instigam os centros límbicos de recompensa. Todos eles fornecem as motivações para uma pessoa lembrar aquelas experiências e pensamentos que lhe são agradáveis ou desagradáveis. Os hipocampos e outras estruturas límbicas mostram-se importantes para tomar a decisão de quais dos nossos pensamentos são importantes numa base de recompensa ou punição para serem armazenados em nossa memória.

Portanto, se usarmos as tecnologias disponíveis atualmente no metaverso, para trabalhar nossas emoções de forma positiva, para interagir com pessoas, personagens históricos, animais e plantas, em experiências inteligentes e interessantes que despertem nossas emoções de recompensa, estimulando nossa vontade de aprender, de nos aprofundar nesse universo, de conhecer conteúdos diferentes e de conversar a respeito com amigos, professores, colegas de trabalho e familiares, entre outros, podemos mudar o rumo e o modelo atual de aprendizagem, criando espaços de discussão inteligentes e excitantes, onde compartilhamos conhecimento, aprendizado, visões diferentes sobre temas diversos e, principalmente, nos conectamos em um ambiente que aproxima as pessoas independentemente de sua distância física, com toda segurança e comodidade, criando memórias e armazenando conhecimento útil.

É claro que, se isso é possível na educação, também é completamente possível no ambiente de trabalho, inclusive replicando formas de comunicação já existentes em outros ambientes mais comuns entre gamers.

No mundo dos games, uma das ferramentas bastante utilizada é o Discord, que, além de tirar muito do ruido do ambiente físico em comunicações remotas, permite que duas ou mais pessoas criem canais específicos dentro da ferramenta para conversas privadas. Esse recurso também já existe em alguns metaversos, que permitem que, durante uma reunião, duas pessoas conversem em um canal privado enquanto acompanham a reunião em paralelo, ou ainda que uma pessoa “cutuque” outra em uma determinada conversa. É claro que existem muitos recursos para se aprimorar, porém, pensando em um mundo híbrido como aquele no qual já vivemos, muitas vezes com casas sem condição alguma para o trabalho remoto, criar uma condição minimamente imersiva que possa trazer foco, concentração e interação com os colegas durante o período de trabalho pode ser muito mais barato e prazeroso do que investir em um escritório físico e retomar 100% do trabalho presencial.

Falamos atualmente de muitas doenças mentais e doenças do trabalho. Talvez — e apenas talvez ­— uma das causas seja o fato de termos perdido o senso de que não temos apenas o trabalho em nossas vidas e, portanto, existem várias situações na vida de cada indivíduo que demandam tempo e atenção, e nós podemos impactar o outro com nossas ações, se não respeitarmos seus tempos. Assim, se conseguirmos criar ambientes que restabeleçam essas conexões e nos tragam a empatia de volta na troca das situações cotidianas, mesmo que seja de forma remota, podemos restaurar o prazer e parte da saúde que andamos comprometendo em nossas vidas profissionais.

Vale a pena experimentar novas formas de trabalhar que podem nos auxiliar a resgatar o nosso bem-estar, nossa produtividade e incrementar as receitas empresariais!


* Renata Frischer Vilenky é alumna Insper do MBA de Administração da turma de 2008, coordenadora do Grupo Alumni de Tecnologia e membro da Academia Europeia da Alta Gestão. É conselheira de estratégia e inovação e mentora de projetos de inclusão social no Instituto Reciclar e na ONG Gerando Falcões. É autora dos e-books Artificial: Uma Oportunidade para Você Aprender e Startup: Transforme Problemas em Oportunidades de Negócio, ambos publicados pela Expressa Editora.

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