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Os estudantes do primeiro semestre de Engenharia do Insper tiveram o desafio de escrever os perfis de docentes que ministram aulas na graduação. O objetivo desse exercício da disciplina Grandes Desafios da Engenharia (GDE) foi promover uma análise crítica de como a imagem do engenheiro é construída pela sociedade. 

 

“É comum que estudantes, ao ingressarem em qualquer curso do ensino superior, venham com grandes expectativas sobre a carreira que pretendem seguir, mas também, o que é natural, com diversos estereótipos e imagens preconcebidas sobre o perfil de profissional que desejam se tornar”, explica o professor Sérgio Cardoso, que leciona essa matéria em uma das turmas. “Uma forma eficaz de compreender os aspectos intrínsecos ao desenvolvimento científico e tecnológico é conhecer a história de vida e o papel social de cientistas e profissionais da engenharia. Isso envolve entender como se deu sua inserção no campo — desde antes da graduação até seus projetos mais recentes. Também fazem parte dessa análise os dilemas vividos na atuação profissional e suas perspectivas sobre os aspectos sociais, econômicos e políticos que permeiam sua ocupação”, acrescenta.

 

Segundo Cardoso, por meio dessa reflexão, tais estudantes recebem ferramental conceitual proveniente das ciências humanas e sociais para que possam entender a construção social por trás da Ciência e Tecnologia. Isso inclui a compreensão de que as teorias científicas e as soluções tecnológicas não são neutras, pois incorporam características das sociedades que as produzem e das pessoas que as operam. “Buscamos com esse exercício expandir a visão sistêmica desses ingressantes para que percebam como os interesses e as perspectivas das sociedades, assim como as relações de poder nelas contidas, moldam desde o financiamento de projetos, os temas e objetos de estudo mais buscados até a própria legitimação social dessas áreas”, afirma.

 

 

Olhar analítico para a trajetória de quem ensina engenharia

 

Estudantes da turma B entrevistaram sete profissionais das engenharias que hoje também se dedicam a lecionar no Insper. Essas respostas permitiram analisar a trajetória desde sua formação, suas visões sobre a área e suas experiências ao longo da carreira, incluindo até mesmo recomendações para a jornada acadêmica dessa turma de estudantes. Também se tornaram objetos de análise das avaliações intermediárias da turma, por meio da aplicação dos conceitos da disciplina, como o desenvolvimento da tecnociência na história; dinâmicas próprias do campo científico; capitais culturais, simbólicos e científicos; e percepções populares sobre Ciência e Tecnologia no Brasil.

 

Em um contexto no qual muitos alunos e alunas acabam migrando para a área financeira, a disciplina de GDE tem como uma das propostas incentivar que, após se formarem, sigam em atividades próprias da engenharia. “Temos notado, especialmente nos últimos anos, que quem se gradua em Engenharia no Insper comumente opta por atuar no mercado financeiro. Não há nada de errado nisso, mas queremos, por meio de atividades como essa, motivar tais jovens a continuar na engenharia depois da graduação”, diz Cardoso. “A ideia é que as histórias de seus professores e professoras, juntamente com a compreensão do papel social que desempenham na produção de conhecimento e suas aplicações, possam inspirar estudantes a enxergar nas engenharias uma forma de enfrentar os grandes desafios que se colocam para este século, tanto em nível local quanto global”, finaliza.  

 

Leia a seguir os sete perfis produzidos pelos seguintes estudantes: Marcos Rosado, Davi Pismel e Caue Chen, que escreveram sobre o professor Fabio Bobrow; Enrico Karsten, João Pedro Zaltron e Lorenzo Stabile, que escreveram sobre o professor Carlos Nehemy Marmo; André Contri Censoni, Maira Jéssica Gentil de Souza e Vittoria Carnauba Carpeggiani, que escreveram sobre a professora Eliana Martins; Henrique Colin Ramalho, Luiz Felipe Hollander Assaf e Roberto Machado Bezerra, que escreveram sobre o professor Gabriel Couto Mantese; Theodoro Nolasco, João Pedro Noman e Felipe Braun, que escreveram sobre o professor Rafael Marzolla; Lucas Agnoletto, Matheus Chieppe e Maria Eduarda Ramos, que escreveram sobre a professora Bruna Arruda; e Rodrigo Erthal, João Reszecki e João Vitor Alves, que escreveram sobre o professor Paulo Roberto Bufacchi Mendes.

 

 

Fabio Bobrow

 

 

Integrantes da equipe: Marcos Rosado, Davi Pismel e Caue Chen 

 

 

Identificação do entrevistado 

Fabio Bobrow, 34 anos, formado em Engenharia de Controle e Automação na universidade de Mauá. Atuação atual: Professor acadêmico do Insper.

 

Formação 

Fabio se formou em Engenharia de Controle e Automação, seguindo seus ideais e interesses na área de exatas. Era um aluno focado, tendo se formado como um dos melhores da sua sala. Ele considera que era uma pessoa estudiosa, priorizando o real entendimento dos assuntos, enquanto há pessoas que somente pensam em se formar. Tem como visão a relevância de se sentir realizado com a formação, e, por mais que os caminhos sejam tortuosos, cada aprendizado na sua vida formou quem ele é hoje. 

 

Para Fabio, engenheiros são o meio prático de mostrar a ciência em sua essência. Para ele, os cientistas estão na vanguarda do conhecimento, buscando o novo em suas pesquisas. Já o engenheiro é o propagador desse conhecimento, fazendo as descobertas por meio da prática. Isso demonstra que, por mais que a vida acadêmica seja diferente da vida profissional, percebemos que as vivências árduas da engenharia influenciaram na vida que tem hoje, como professor acadêmico. Foi no magistério que conseguiu interligar sua formação em engenharia, sua paixão por física e a flexibilidade de ensinar, encontrando assim sua realização de vida.

 

Atuação 

Começou sua carreira atuando como engenheiro em algumas áreas de automação. Possui leve interesse nas áreas de humanas e gostaria de contar com esses conhecimentos. Afirmou que gostaria muito de ter cursado física, uma área do seu interesse, mas acabou ingressando na engenharia. Mesmo pensando ter se encontrado na engenharia, já percebeu no início da sua atuação que não era aquilo que gostaria de viver pelo resto da vida. 

 

Foi aí que encontrou a área acadêmica, tendo percebido com o tempo que lecionar era o que de fato o agradava. Ele se encontrou no que vive hoje e diz que não teria mudado seu percurso, mesmo atuando pouco na área de engenharia. No momento, ele trabalha no Insper, onde já ministrou aulas de modelagem e simulação e física do movimento. A paixão por ensinar é a área em que se encontrou, citando elementos que contribuíram para alcançar a felicidade, como horários mais flexíveis; tempo para hobbies e para a família; e possibilidade de se aperfeiçoar em outros conhecimentos. 

 

Visão 

Acredita que a engenharia é uma área que aplica as descobertas produzidas pelos cientistas para o cotidiano. O papel fundamental do engenheiro é aplicar a ciência para tecnologia prática. Para ele, o bom engenheiro é o que consegue trazer essa aplicabilidade. Sobre o estereótipo da profissão, considera que não seja bem definido, visto que a engenharia tem vasta gama de áreas. 

 

Quando o assunto foi sobre exercer a profissão, ele mencionou parte da sua trajetória, como descrito anteriormente, e contou como a formação de engenheiro traz a possibilidade de trabalhar com diversas coisas como a área acadêmica que decidiu seguir. No entanto, não era isso que idealizava enquanto estudante de engenharia, já que acreditava que atuaria como profissional da área. Nesse sentido, para ele, para ser um engenheiro destacado, é preciso se sentir realizado e amar o que faz, com o resto vindo naturalmente.

 

Recomendações 

Ele deixa claro que, para quem for seguir na área, sua recomendação é fazer aquilo que o profissional se sente realizado. O entrevistado acredita que fazer o que gosta, sendo esforçado e acreditando no próprio trabalho, é a receita do sucesso em qualquer área. Por fim, outra recomendação é aproveitar a jornada de formação, não pensando em apenas se formar e ganhar um diploma, com a consciência de que os desafios da vida fazem o indivíduo evoluir.

 

 

Carlos Nehemy Marmo

 

Integrantes da equipe: Enrico Karsten, João Pedro Zaltron, Lorenzo Stabile 

 

Identificação do entrevistado

Nós entrevistamos Carlos Nehemy Marmo, que se formou em Engenharia Civil pela Universidade Politécnica de São Paulo e trabalha atualmente como professor do Insper e do curso pré-vestibular Anglo.

 

Formação 

Carlos, mais conhecido como Carlinhos, iniciou seu relato falando sobre sua formação. Ele contou que, inicialmente, queria ser ambientalista, mas, por vir de uma família de professores, tinha receio de fugir da tradição familiar. No entanto, relatou que não tinha perfil para a docência, pois era muito tímido e tinha medo de falar em público. Além disso, mencionou que gostava muito de desenhar e cogitou fazer arquitetura. Fez o pré-vestibular, onde se identificou mais com as matérias de exatas e considerou cursar engenharia. Por fim, decidiu ingressar em Engenharia Civil na Universidade Politécnica de São Paulo. 

 

Entre os fatores que o motivaram a escolher engenharia, o primeiro foi a doença de seu pai, que não conseguia mais cuidar das atividades na fazenda da família, no Mato Grosso do Sul. Com a graduação em engenharia, Carlinhos poderia eventualmente assumir a responsabilidade pela fazenda. Além disso, a influência de seu pai e avô, ambos engenheiros, também pesou em sua decisão. Carlinhos contou que iniciou a graduação na Poli em 1993, mas sempre se sentiu desmotivado, pois não sabia se realmente gostava do curso. 

 

Após a formatura, trabalhou por três anos na VETEC Engenharia (empresa que participou do projeto do Rodoanel) e não gostou. Sentia que não se encaixava no perfil e não apreciava o ambiente de trabalho. Com o tempo, percebeu que não gostaria de seguir outros empregos na engenharia civil, tanto em projetos quanto em obras, e muito menos em um banco. Essa situação o levou a uma crise, especialmente ao ver seus amigos trabalhando com engenharia e se realizando, enquanto ele não encontrava seu caminho.

 

Em 2000, começou a dar plantão de dúvidas de física no Anglo. Com o tempo, passou a gostar dessa atividade. Um dia, um dos professores titulares adoeceu, e Carlinhos precisou substituí-lo em várias aulas. Ele contou que se saiu muito bem e foi muito elogiado. O coordenador de física do cursinho, José Roberto Castilho Piqueira (também professor titular e ex-diretor da Poli), passou a indicá-lo para assumir diversas turmas. Posteriormente, o professor Piqueira o convidou para fazer mestrado em engenharia elétrica na Poli-USP. 

 

Carlinhos prestou, foi aceito, e gostou muito do curso. Um momento que o Carlinhos nos contou que foi marcante em sua trajetória foi quando uma aluna pediu ajuda com uma questão do vestibular do ITA. Ele conseguiu resolver a dúvida dela, o que o fez se sentir valorizado e reconhecido. Depois do mestrado, Carlinhos fez o doutorado em engenharia elétrica, também na Poli, com o mesmo orientador. Paralelamente, o cursinho começou a solicitar que ele escrevesse materiais didáticos para o ensino fundamental, médio e pré-vestibular, algo que ele faz até hoje e aprecia muito. Em 2018, o professor Fabio Orfali, do Insper, que também dava aulas no Anglo, o convidou para lecionar no Insper nas disciplinas de matemática e física.

 

Sobre o que mais contribuiu para sua formação profissional, Carlos destacou o entusiasmo, a vontade de fazer bem-feito e o idealismo de agir em prol de um bem maior. Ele também ressaltou que, no magistério, é essencial gostar dos alunos e se preocupar genuinamente com o bem-estar e o aprendizado deles. Um exemplo de sua força de vontade ocorreu durante sua graduação, quando enfrentou dificuldades em Física II, uma disciplina que cursava pela terceira vez. Na primeira prova, ficou paralisado por uma hora sem conseguir resolver nada e sentiu que não era inteligente o suficiente para estar ali. No entanto, reagiu, parou de se culpar e fez a prova, conseguindo tirar 9,4. A partir desse momento, percebeu que era competente e que seu desempenho acadêmico estava sendo afetado por seu estado emocional. Desde então, passou a obter notas excelentes e não teve mais problemas com disciplinas na faculdade. 

 

Atuação

Carlinhos é professor do curso Anglo Pré-Vestibulares e autor de materiais sobre física e matemática que vão desde o 6º ano do Ensino Fundamental II até o Pré-Vestibular (a reformulação desses materiais é contínua). Também é professor do Insper. E juntamente com o professor Fábio Hage e Rodrigo Carareto, está terminando um livro de Física pela editora Edgard Blucher. Carlinhos não orienta alunos em pesquisas científicas e não é consultor. Depois de trabalhar na empresa VETEC Engenharia, ele se tornou professor, tendo lecionado desde 2000 no Anglo Vestibulares SP e nos convênios Anglo de Sorocaba e Campinas. Além disso, no Insper, atua desde 2018. Como autor de materiais, trabalha para a SOMOS Educação, que é dona do Anglo.

 

 

Visão 

Carlinhos acredita que o mercado de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) brasileiro, no geral, está cada vez mais defasado e desvalorizado. A procura pelos cursos de matemática, química, física e engenharia (com algumas exceções, tais como computação) é muito baixa, principalmente quando comparada às demais grandes carreiras, como medicina e direito. Infelizmente, os poucos que procuram essas carreiras acabam indo parar nas mãos dos bancos e empresas de investimentos. Para o bem do país, ele espera, muito sinceramente, que isso mude tão rápido quanto possível. Ele afirma que a engenharia brasileira é tida como de boa a excelente qualidade (dependendo da área) no mundo todo. 

 

Ele aponta que há excelentes faculdades no Brasil que formam profissionais com diferentes perfis, sendo que algumas delas são públicas (ITA, IME, ESCOLA NAVAL, USP, UNESP, UNICAMP, UFABC, UFRJ, FATEC, USFC, UFRGS…) e outras privadas (FEI, MAUÁ, MACKENZIE… e o INSPER). Ele tem convicção de que o Insper é uma excelente faculdade de engenharia e que está preparando seus alunos para as exigências de mercado. Além disso, ele acredita que o profissional da área de exatas é pouco valorizado aqui no Brasil (já há muitos anos). Sua remuneração média é bem inferior à dos médicos ou dos advogados. A baixa procura pela profissão de engenheiro afeta diretamente a disponibilidade e a remuneração de empregos como professor de exatas (ou demais cargos relacionados). Também afeta a profissão de pesquisador, que já é desvalorizada de forma geral pelos mesmos motivos.

 

 

Recomendações 

Carlinhos no final da entrevista deu algumas sugestões. Ele contou que o sucesso profissional depende não somente de uma sólida formação acadêmica, mas também de habilidades socioemocionais. A manutenção de um ambiente de trabalho saudável, em que todos cooperem para o bem comum, é complexa e depende de diversos fatores, muitos dos quais não estão sob nossa influência direta. É preciso ficar atento quanto a isso. Ele finalizou nos contando que disciplinas como matemática e língua portuguesa são sempre mais relevantes do que os ramos do conhecimento aplicado. Carlinhos acredita que é preciso escrever bem, ler e interpretar corretamente, além de possuir bom raciocínio matemático abstrato.

 

 

Eliana R. Martins

 

Integrantes da equipe: André Contri Censoni, Maira Jéssica Gentil de Souza e Vittoria Carnauba Carpeggiani 

 

Identificação da entrevistada

Eliana, que prefere ser chamada de Eli, é formada em engenharia elétrica com ênfase em eletrotécnica na Universidade São Judas Tadeu, como bolsista pelo ProUni. Atualmente, ela trabalha como técnica do FabLab (Fabrication Laboratory) no Insper.

 

 

Formação

Ao ser perguntada sobre os motivos de sua escolha profissional e como foi o seu período de formação, Eli nos disse que, entre seus 16 e 17 anos, fez um curso de eletricidade de manutenção por gostar muito desse tópico na adolescência. Depois disso, ela fez um curso técnico de mecatrônica, porque queria saber como era o processo de montagem de um robô, mas detestou mecânica e programação. Posteriormente, percebeu que também não gostava de eletrônica, então decidiu voltar para a área de elétrica e fazer a graduação de engenharia elétrica com ênfase em eletrotécnica, que foca em instalações elétricas. 

 

Ao falarmos sobre sua jornada na graduação, Eli nos contou que, no quarto ano de graduação, ela pensou em desistir da faculdade por causa do nível de dificuldade das matérias, mas abandonou a ideia porque, apesar dos obstáculos, as matérias específicas começaram no quarto ano, e ela achava a parte de geração, transmissão e distribuição elétrica interessante, e isso a motivou a continuar. 

 

Além disso, ela disse que arrumar estágio na área de engenharia sendo mulher foi um de seus principais problemas. “Não querendo ser feminista, mas na área de exatas é mais difícil para arrumar trabalho que não seja, por exemplo, atrás de um computador ou coisas administrativas”, contou a engenheira. Ela também relatou que só conseguia ser vista e respeitada pelos colegas de trabalho após ser contratada e mostrar “seu valor” como mulher engenheira.

 

Atuação

Ao falarmos sobre o início de sua carreira, a entrevistada disse que no momento posterior à sua formatura, quando tentava encontrar emprego, essa questão de gênero também a atrapalhou muito, porque ela via seus colegas homens conseguirem facilmente cargos que lidavam com a parte técnica dos projetos, enquanto ela tinha que lidar com o preconceito das empresas e de seus colegas engenheiros. “É bem difícil o pessoal escolher mulher assim, a não ser que seja alguma política da empresa. Aí, se você é selecionada, você passa ainda por um processo meio que de preconceito, até mesmo da pessoa que é seu supervisor, seus colegas, porque nessa área você vai encontrar mais homens, né? E realmente, querendo ou não, a mulher tem que acabar demonstrando mais esforço do que os homens nessa área”.

 

Ao falar sobre um projeto marcante que participou, ela destacou sua participação como competidora da Olimpíada do Conhecimento do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em que ela competiu em trio e era responsável pela parte de manufatura integrada. Seu grupo ganhou medalha de ouro nas competições estadual e nacional, mas ela teve que abandonar a equipe na competição internacional por problemas familiares. “Não consegui ir porque meu pai ficou desempregado, então eu precisava trabalhar. Então eu saí da competição. Aí teve problema com o pessoal da equipe e tudo mais. Mas acabou sendo impactante pelas coisas que aconteceram no processo.” 

 

Visão

Ao ser questionada sobre sua visão referente ao entendimento da população brasileira sobre a ciência, a entrevistada acredita que os mais velhos veem as graduações mais tradicionais com bons olhos. Além disso, acredita que a área da ciência continua em alta, com investimentos contínuos. Já na área de inovação, no Brasil, enxerga uma complexidade maior na realização do processo, já que a maior parte das pesquisas são feitas em universidades federais ou fora do país. Em relação às habilidades que engenheiros precisam desenvolver além do campo técnico, Eliana entende que a comunicação é essencial e faz uma comparação com si própria, antes da graduação, relatando que escolheu a área por não querer lidar com pessoas, porém é o que mais faz atualmente.

 

Por fim, na visão da entrevistada, os problemas que a engenharia elétrica tem potencial de ajudar a resolver no futuro estão relacionados ao fornecimento de energia elétrica para estados do Brasil que necessitam de importação de outros países. Ou seja, acredita na evolução da engenharia voltada para solucionar os problemas de fornecimento de energia para esses estados. Além disso, referindo-se à engenharia como um todo, aposta na construção de moradias mais baratas e duradouras e no avanço da engenharia na área da saúde. 

 

Recomendações

Como conselhos para novos engenheiros, a entrevistada sugeriu que os estudantes escolham a engenharia que tem mais afinidade e tenham persistência durante toda a graduação, por não se tratar de um processo simples. Ademais, em relação às habilidades técnicas essenciais para engenheiros, Eliana relatou ser essencial o fundamento de todas as engenharias, como, por exemplo, na área elétrica, com o conhecimento sobre correntes contínuas e alternadas. Por fim, se a engenheira pudesse voltar ao início de sua carreira profissional e fazer algo diferente, ela não faria nada de diferente, pois está contente com a rota que tomou.

 

 

Gabriel Couto Mantese

 

Integrantes da equipe: Henrique Colin Ramalho, Luiz Felipe Hollander Assaf, Roberto Machado Bezerra 

 

Identificação do entrevistado

O professor Gabriel Couto Mantese tem graduação em Engenharia de Produção Mecânica na USP e doutorado em Engenharia de Produção na USP. Já trabalhou como estagiário, analista de negócios e professor. 

 

Formação

Gabriel foi motivado a escolher Engenharia de Produção Mecânica na USP por uma combinação de afinidade com matemática e física e pela percepção de que essa carreira oferece um leque de oportunidades. Ele também considerou outras opções, como fisioterapia e engenharia química, mas optou pela produção mecânica por acreditar que era uma área promissora. 

 

A experiência no ensino médio, onde se destacava em disciplinas exatas, contribuiu para sua confiança ao seguir essa carreira. O professor esperava que o curso fosse extremamente difícil e começou a graduação com muito esforço, dedicando-se intensamente aos estudos. Com o tempo, percebeu que o curso exigia uma dedicação equilibrada, e ele aprendeu a organizar melhor seu tempo e a entender suas próprias estratégias de aprendizado. Um dos desafios foi lidar com a pressão e as disciplinas de cálculo e geometria analítica, mas ele superou essas dificuldades ao desenvolver métodos eficazes de estudo.

 

A motivação para o doutorado veio da experiência positiva com iniciação científica e o desejo de aprofundar-se na pesquisa acadêmica. Durante a graduação e o mestrado, Gabriel publicou artigos e se envolveu com projetos relevantes, o que o incentivou a seguir para o doutorado. Os principais desafios foram equilibrar a carga de trabalho acadêmica com a vida pessoal, mas ele encontrou suporte em seu orientador e no planejamento disciplinado de suas atividades. 

 

Atuação

A primeira experiência de estágio de Gabriel foi na Ambev, e, embora tenha enfrentado frustrações, como a falta de supervisão adequada, ele desenvolveu habilidades importantes relacionadas à gestão de manutenção e resolução de problemas. Essa experiência também o ajudou a vincular seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) à prática, aplicando o conhecimento acadêmico em situações reais. A formação em Engenharia de Produção Mecânica deu a ele uma base sólida em análise de processos, logística e gestão, que foi fundamental para sua atuação como analista de negócios. No entanto, para essa função, ele precisou desenvolver habilidades adicionais, como a gestão de pessoas, comunicação eficaz em ambiente corporativo e a capacidade de lidar com diferentes demandas de clientes. 

 

O professor Gabriel escolheu a carreira acadêmica por sentir que a atuação no mercado não oferecia a ele desafios intelectuais suficientes e por sua crescente paixão pela pesquisa e ensino. Seus colegas de engenharia inicialmente estranharam sua escolha, pois muitos engenheiros optam por seguir para o mercado privado ou gestão. No entanto, ele encontrou satisfação em contribuir para a formação de novos engenheiros e em expandir o conhecimento científico.

 

Visões

Gabriel acredita que, além das habilidades técnicas, um engenheiro deve desenvolver competências em gestão de projetos, comunicação e uma visão sistêmica. Ele também ressalta a importância de habilidades adaptativas, como a capacidade de lidar com mudanças rápidas e de aprender continuamente, como destacam Harari e outros futuristas. 

 

Na visão dele, os maiores desafios da engenharia serão relacionados às mudanças climáticas, à desigualdade e à ética na aplicação de novas tecnologias, como a inteligência artificial. Ele vê a engenharia de produção desempenhando um papel crucial na otimização de processos produtivos e na transição para energias renováveis, além de ajudar a minimizar o impacto ambiental e promover uma maior igualdade de acesso à tecnologia. 

 

O professor Gabriel acredita que a relação entre ciência, tecnologia e sociedade é fundamental para que o engenheiro compreenda o impacto social de suas criações. Essa visão sociotécnica, como descrita por sociólogos como Bourdieu, é essencial para evitar a criação de inovações tecnológicas que perpetuem desigualdades ou prejudiquem o meio ambiente. Para ele, um engenheiro deve ter uma visão holística e ética do papel da tecnologia na sociedade.

 

Recomendações

Para Gabriel, o diferencial de um engenheiro no mercado de trabalho está em sua capacidade de inovar, ter visão de gestão e trabalhar em equipe. Ele também enfatiza a importância de um portfólio prático, com projetos reais, e o desenvolvimento de uma rede de contatos, que pode ser essencial para abrir portas no mercado de trabalho. Ele vê áreas relacionadas à sustentabilidade, à inovação tecnológica e à logística como promissoras para engenheiros recém-formados. Ele acredita que os desafios climáticos e as transformações no mercado global aumentarão a demanda por soluções eficientes e sustentáveis, o que trará oportunidades nessas áreas. Ele sugere que a melhor forma de um estudante de engenharia se conectar com o mercado é por meio de projetos extracurriculares, como iniciação científica, e a participação em competições e projetos práticos. Ele também enfatiza a importância de estágios e de buscar o contato com professores e colegas mais experientes, criando uma rede de relacionamentos que pode ser decisiva para a carreira.

 

 

Rafael Marzolla

 

Integrantes da equipe: Theodoro Nolasco, João Pedro Noman e Felipe Braun 

 

Identificação do entrevistado

A entrevista foi feita com Rafael Marzolla, um jovem engenheiro de 28 anos, da cidade de São Paulo, onde atualmente trabalha e reside. 

 

Formação 

Em 2014, Rafael concluiu o ensino médio no colégio Rio Branco e ingressou no curso de graduação de engenharia mecânica no Insper, recém-criado. Quando questionado sobre sua escolha de faculdade, o entrevistado contou que durante a escola, diferentemente da maioria dos engenheiros, não possuía muito interesse pelas ciências exatas, destacando-se muito mais em humanas, no entanto, possui grande curiosidade sobre o funcionamento do mundo ao seu redor, em específico a montagem e desmontagem prática de componentes. Parte disso se dá pela proximidade com a área quando criança, visto que seu pai tinha uma loja de aeromodelismo. Outro fator importante para a sua tomada de decisão foi o contexto socioeconômico do país na época, baseando-se nos projetos de investimento em tecnologia e infraestrutura da época em que acabou a escola.

 

No seu quinto semestre da graduação, conheceu um CEO de startup em uma feira sobre indústria 4.0 e, mantendo contato, recebeu uma proposta de estágio perto de se formar. Ao concluir sua formação em 2020, ele foi efetivado nessa startup, onde trabalhou com controle de qualidade para peças usinadas e modelagem digital. Posteriormente, mudou seu ramo de atuação. É importante relatar que em sua formação, sua afinidade a área prática continuou, destacando-se em matérias que tinham mais trabalhos físicos do que teóricos. 

 

Atuação 

O entrevistado destacou seu Projeto Final de Engenharia (PFE), que foi realizado na faculdade em que cursou na Bélgica, onde conquistou um prêmio Falcone. No entanto, ele diz que a premiação em si não ajudou muito em seu currículo, atribuindo mais crédito à tese e pesquisa do projeto como fatores principais para ser contratado como professor auxiliar de Natureza do Design no próprio Insper, onde permanece atualmente. 

 

Marzolla procura em seu atual emprego ser inspirador para seus alunos, além de poder devolver o que aprendeu durante sua jornada para a comunidade que o fez academicamente, como maneira de “agradecimento”, segundo o entrevistado. Em relação aos avanços tecnológicos da área, em específico em relação à Inteligência Artificial, o entrevistado acredita que ela seguirá o caminho já percorrido por outras inovações, que é basicamente termos, no começo, incertezas/preocupações/conflitos ao utilizá-la, mas que, com o tempo, passaremos a entendê-la e usá-la de forma mais efetiva. 

 

Ao analisar as inovações em geral, Rafael diz que elas são muito monopolizadas pelo mercado e que embora existam e muitos tenham acesso, não há grande variação de seus produtores, defendendo a existência de um colonialismo de dados. Rafael também se demonstrou decepcionado com a posição do Brasil nos rankings da ciência, alegando que a razão do país não estar na corrida industrial e tornando-se pouco ativo no cenário global é devido ao baixo investimento na ciência no Brasil. O entrevistado acredita que o país poderia alcançar novos patamares e se tornar uma potência global na área se reconhecermos nossa capacidade.

 

Visão

Quando solicitado a compartilhar sua opinião do que todos os engenheiros do futuro próximo deveriam desenvolver, ele afirma que um cientista/engenheiro deveria focar no aprendizado do campo. Em específico, o profissional deve saber se moldar às condições do cenário atual, porém ainda mantendo-se aberto às mudanças constantes da área. Sendo assim, é preciso ser uma pessoa versátil, podendo adaptar-se à sua realidade, entender as dores e dificuldades da população, e assim encontrando uma solução específica para o contexto apresentado. 

 

Também trouxe importância ao impacto da engenharia na sociedade, pois acredita que ao entender o meio, poderá decifrar a sociedade e seus problemas. O ambiente de trabalho é algo extremamente importante, que deve ser bem cuidado e motivado para que possa florescer. O entrevistado acredita que a criatividade e o trabalho em equipe são as qualidades mais importantes que devem ser incentivadas para que o ambiente e a gestão prosperem. 

 

Sobre os grandes problemas que a engenharia tem influência, um exemplo trazido por Rafael são as emissões de gases de efeito estufa, podem ter soluções simples como o carro elétrico, mas o mesmo leva a outros problemas ambientais. Devido a isso, o entrevistado volta em seu ponto anterior de conhecer o meio, pois cada local tem sua particularidade além de seus próprios contextos, e saber utilizá-lo de maneira efetiva leva a melhores soluções. Um exemplo trazido é que a agricultura pode mudar o ambiente, com a engenharia dando as ferramentas para melhorar o mundo. Para isso, o engenheiro deve entender seu contexto e sua realidade, a fim de saber interpretar problemas particulares e buscar soluções.

 

Recomendações

Sua resposta para quando solicitado sobre alguma recomendação sobre os anos de engenharia foi primeiramente pontual, com a marcante frase “Mantenham-se inquietos e indignados”. Manter-se inquieto se refere a ir atrás do que a instituição tem a oferecer, buscando se envolver com entidades, eventos, exposições e experiências em geral que possam proporcionar o máximo de conhecimento. Já ao se referir à indignação, Rafael disse que, como engenheiros, um de nossos objetivos é buscar entender os problemas da sociedade, não se contentando com o conforto ao nosso redor. Assim, procurando ter um maior conhecimento do mundo ao seu redor e, com os aprendizados obtidos e as experiências vividas, buscar soluções.

 

Bruna Arruda

 

Integrantes da equipe: Lucas Agnoletto, Matheus Chieppe, Maria Eduarda Ramos 

 

Identificação da entrevistada

Bruna é mulher negra e engenheira. Nascida em Maringá, cidade do norte do Paraná, mudou-se para Nova Esperança, onde morou até os 16 anos de idade. Ela nos conta que desde muito jovem gostava de montar e desmontar coisas, calcular e projetar, demonstrando uma inclinação para a área da engenharia. Frequentou colégio particular, onde era a única aluna negra, enfrentando, nesse cenário, desafios adicionais. Descobrindo-se como mulher negra em 2018, Bruna compartilha que, apesar de ter saído de um contexto um pouco mais privilegiado, sempre enfrentou desafios relacionados ao racismo.

 

Formação 

Bruna Arruda é formada em engenharia química pela UFSC, possui mestrado e especialização em gestão ambiental pela UEM, sendo a primeira mulher mestra em engenharia mecânica, além de ser doutoranda na faculdade de engenharia química da UNICAMP. Bruna começou sua jornada na engenharia sem ter engenheiros na família, embora seu pai fosse formado em química e sua mãe em direito. Teve a oportunidade de estudar em colégio privado, sendo a única aluna negra do colégio, e desde criança gostava de brincar com brinquedos considerados “masculinos” pela sociedade, tendo interesse em atividades de construção, conserto, entre outras. Desde o início, ela tinha o desejo de mudar a vida das pessoas e buscou uma profissão que também não precisasse de muita comunicação, já que tinha dificuldade.

 

Atuação

Bruna evidencia que decidiu, ao longo de sua trajetória profissional, dedicar-se ao ramo da educação. Segundo ela, o momento epifânico que determinou essa “virada de chave” foi quando ministrou sua primeira aula e notou que os alunos estavam prestando atenção naquilo que ela estava ensinando. Ela notou então que tinha a capacidade de impactar diversas vidas e ensinar habilidades essenciais que não aprendeu nas instituições em que estudou. 

 

Ela ressalta que os cursos de engenharia de forma geral têm formado engenheiros com muitas competências técnicas, mas com poucas habilidades sociais. Baseando-se nessa discordância com relação aos cursos de engenharia, assumiu o propósito de formar engenheiros completos, tanto em técnicas quanto em habilidades sociais. 

 

Nesse sentido, Bruna destaca que almeja transmitir aos graduandos uma visão da engenharia como uma ferramenta de transformação social. Os engenheiros do futuro, na visão da docente, devem ser líderes, mas não aqueles que simplesmente assumem cargos de liderança, precisando ir além disso, apresentando uma visão holística de mundo, habilidades técnicas e sociais, além da empatia e ambições em relação às transformações sociais. 

 

Além de docente no Insper, a professora Bruna é palestrante de temas vinculados à diversidade, embaixadora de diversidade do Insper, coordenadora do laboratório de química do Insper e líder de um coletivo de mulheres negras na engenharia, que tem como propósito reunir e apoiar mulheres negras inseridas nessa profissão a fim de recolocá-las no mercado de trabalho.

 

Visões

Bruna acredita que um bom engenheiro deve desenvolver competências holísticas, incluindo habilidades de comunicação, resiliência e liderança. Ela defende que os engenheiros precisam ter uma visão humanística e que é essencial que a formação inclua disciplinas sobre diversidade e inclusão, preparando os alunos para enfrentar os desafios globais.

 

Ela também citou áreas em que a engenharia pode ter um papel significativo, como a transição energética, a escassez de água, o saneamento e a infraestrutura resiliente a desastres naturais. Bruna enfatizou a necessidade de democratizar a tecnologia, garantindo que todos tenham acesso a soluções inovadoras. 

 

Recomendações

Bruna acredita que um dos principais erros da graduação de engenharia é permanecer dentro de uma “caixinha”, isto é, restringir-se à grade curricular, provas, projetos e aulas regulares. Para ela, é importante ir além, ou seja, fazer mais do que a graduação regular prescreve.

 

Como experiente docente, Bruna recomenda que os graduandos em engenharia busquem por projetos alternativos à graduação, os quais sejam capazes de aderir novas habilidades que não são lecionadas diretamente nas aulas. Portanto, o graduando em engenharia deve, segundo ela, entrar em contato com alunos de outros cursos, participar de competições científicas, frequentar entidades acadêmicas, trabalhar e pesquisar em equipe, lidar com público, modular apresentações, além de buscar por disciplinas que não estejam previstas na grade curricular. 

 

Sua visão, portanto, é bastante categórica: é um erro desperdiçar as oportunidades externas à sala de aula que uma graduação oferece, contudo, Bruna ressalva que é importante evitar excessos. Ademais, no que concerne às áreas vinculadas à engenharia que merecem a atenção dos graduandos, a professora Bruna destaca as seguintes: Segurança Cibernética, Inteligência Artificial, Transição Energética e Sustentabilidade Ambiental.

 

 

Paulo Roberto Bufacchi Mendes

 

Integrantes da equipe: Rodrigo Erthal, João Reszecki, João Vitor Alves 

 

Identificação do entrevistado 

Paulo Roberto Bufacci Mendes 

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2055162543027716

LinkedIn: http://linkedin.com/in/paulo-bufacchi-6b4559

 

 

Paulo inicialmente prestou vestibular para várias faculdades e universidades, sendo elas públicas e privadas. Ele acabou escolhendo a PUC-Rio em vez de alguma faculdade federal, isso por conta da estrutura da faculdade. A compreensão das condições das faculdades federais foi uma das razões que levaram Paulo a escolher a PUC. Outros motivos incluíam a boa localização da faculdade, sua estrutura e uma proposta interessante que ela tinha com engenheiros da França. Paulo se graduou em Engenharia Mecânica pela PUC-Rio em 1983. Logo que acabou, decidiu que queria seguir estudando Engenharia Mecânica e fez seu mestrado também na PUC, porém agora como bolsista, terminando-o em 1986. Seu mestrado teve como título “Estudo da Gaseificação Isotérmica de uma Partícula Esférica de Carvão”. Depois disso, ele deu um tempo em seus estudos para seguir no mercado de trabalho. Já em 1996, dez anos após obter seu mestrado, Paulo fez uma pós-graduação em Administração de Empresas pela FGV. 

Em 2009, Paulo foi a São Paulo para começar seu doutorado pela USP sobre “Simulação Numérica de Incêndios de Superfície na Região Amazônica com Modelo de Turbulência de Grandes Estruturas”, que foi concluído em 2013. Paulo fez, ainda, um pós-doutorado em Engenharias pela USP terminado em 2021. Hoje em dia, Paulo segue fazendo pesquisas e crescendo seu conhecimento por meio dos seus alunos de outros meios que interessam a ele.

 

Atuação

Paulo conta que, logo após se formar e fazer o mestrado, percebeu que trabalhar em instituições de ensino e pesquisa não garantiria uma vida financeira estável para sua família. Ele enfrentou dificuldades com o atraso de bolsas e falta de financiamento adequado, o que o levou a optar por seguir carreira na indústria, apesar de gostar de ensino e pesquisa. Na indústria, Paulo teve experiências diversificadas e enriquecedoras, começando na construção naval, onde aprendeu muito sobre engenharia mecânica, e depois atuando em offshore e projetos industriais, como plataformas de petróleo, refinarias e indústrias petroquímicas. Ele trabalhou em projetos no Brasil e no exterior, o que ampliou seu conhecimento em várias áreas. 

 

Paulo ressalta que sempre foi curioso e interessado em aprender, estudando diversas disciplinas como engenharia civil, automação, eletrônica, elétrica e química. Ele nunca deixou de explorar novas áreas e acumulou uma ampla formação. Por fim, ele afirma que gostou de tudo que fez na engenharia, considerando-a uma área muito rica e ilimitada para quem tem interesse e disposição para aprender. 

 

Visões

Paulo tem uma visão abrangente e realista sobre a engenharia. Ele acha que a área é extremamente rica e ilimitada para quem tem interesse e disposição para aprender. Na sua carreira, acumulou conhecimento em diversas áreas, como engenharia mecânica, civil, automação, eletrônica e química, sempre motivado por sua curiosidade e desejo de aprender. Ele vê a engenharia como um campo que oferece oportunidades diversas, desde a construção naval até projetos industriais, e destaca a importância de estar aberto a novas experiências e aprendizados. Além disso, Paulo alerta para os desafios que a carreira em engenharia impõe, especialmente a necessidade de um bom planejamento para equilibrar as demandas profissionais e pessoais. Paulo também fala sobre a importância da ética na engenharia e diz que é uma das partes mais importantes para um engenheiro poder se formar, pois o importante é conseguir encontrar soluções para aqueles que precisam. Um exemplo que ele deu foi do saco de batatas, que, muitas vezes, acaba vindo meio vazio. Ele comenta que um engenheiro tem que ter caráter e integridade e, com isso, vê que a engenharia pode evoluir e atender mais pessoas. 

 

Recomendações

Paulo destaca que o curso de Engenharia é muito exigente, consumindo tempo e energia, e que, hoje em dia, a carga para os estudantes é ainda maior. Ele aconselha que aproveitem essa fase, pois, apesar das dificuldades, iremos sentir saudade no futuro.

 

Para equilibrar estudos e vida pessoal, Paulo fala sobre a importância de um planejamento detalhado, intercalando os estudos com atividades que aliviem o estresse, como exercícios ou momentos com a família. Ele alerta sobre o risco de sobrecarga e problemas de saúde sem um bom planejamento. Paulo também comenta que é essencial realizar atividades que sejam prazerosas e recomenda cuidado com as atividades extracurriculares como entidades e outros projetos, especialmente em semestres desafiadores, como o quarto semestre em Engenharia Mecânica e Mecatrônica. Ele sugere que os alunos evitem se sobrecarregar com muitas responsabilidades porque isso pode afetar o desempenho acadêmico. 

 

Paulo questiona a produtividade de estágios curtos, como os de férias, e comenta sobre alternativas como viagens culturais ou aprender novos idiomas. Ele nos disse que recomenda que os estudantes priorizem o aprendizado e desenvolvimento profissional e só participem de atividades extracurriculares que realmente tragam satisfação. Para terminar a entrevista, Paulo reforça a importância de conhecer seus próprios limites e equilibrar o desejo de fazer muito com a capacidade de realizar bem, encontrando um caminho que traga felicidade e satisfação.

 



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