A inteligência artificial está entre as prioridades de negócio dos mais variados setores da economia. O objetivo das empresas é garantir que seus colaboradores estejam preparados para utilizá-la da melhor forma possível no dia a dia. Essa preocupação ligada à capacitação da força de trabalho começa antes mesmo da chegada dos profissionais ao mercado de trabalho. É na universidade que esse assunto já precisa ser explorado. Maia Fleider e Cleilton Serra, alunos do oitavo semestre do curso de Engenharia Mecatrônica do Insper, estão vivendo, desde o dia 24 de janeiro, uma experiência de intercâmbio na Europa que permite o contato com as últimas tendências de mercado, incluindo IA e outras tecnologias.
“Na Feira de Hannover [cidade da Alemanha], eu e Cleilton percebemos como os projetos trabalhados no curso de Engenharia do Insper, além dos equipamentos usados pelos alunos, são avançados e baseados em inovações recentes. Ou seja, aquilo que vemos ao longo da graduação traduz os desafios da vida corporativa”, destaca Maia. Como exemplo, a aluna menciona os robôs colaborativos, que podem ser usados em linhas de montagem, realizando tarefas repetitivas que exigem esforço constante. Essa área da engenharia tem como característica desenvolver robôs que possam trabalhar juntos com os humanos. Na medicina, os robôs colaborativos são adotados em cirurgias e na reabilitação de pacientes.
Sobre esse mesmo evento, Cleilton acrescenta que ficou impressionado com o tamanho do evento e as áreas cobertas, especialmente aquelas voltadas para manufatura. “Observamos empresas do mundo inteiro apresentando suas soluções de IA e robótica em um contexto de traçar o futuro da automação”, diz. A expectativa é que a IA caminhe para um sistema inteligente que não apenas executa tarefas e interage com os humanos, mas também toma decisões de forma autônoma. A IA agêntica, como essa tecnologia tem sido chamada, pode aprimorar a experiência do cliente, transformar modelos de negócio e acelerar o crescimento das empresas.
Essa experiência na Feira de Hannover complementa os ensinamentos na sala de aula da School of Business and Economics (SBE), que fica na cidade holandesa de Maastricht, universidade onde os dois alunos estão alocados. Para Maia, esse foco em economia e negócios da instituição de ensino complementa seus conhecimentos, já que, na avaliação dela, dificilmente teria contato na engenharia com essas áreas. Em um mercado que valoriza cada vez mais profissionais generalistas, com conhecimento em diferentes áreas e com capacidade de olhar para o todo, essa oportunidade na SBE está sendo bastante valorizada pela aluna. “Além de expandir meu networking internacional, conhecendo gente de várias culturas, a experiência contribui efetivamente para uma formação mais completa. Estou ampliando meus conhecimentos em inglês, já que não tinha, antes da viagem, experiência com inglês acadêmico”.
Outra experiência fora da sala de aula foi a visita realizada à empresa ASML, um dos principais fabricantes de semicondutores do mundo. Esses chips são de extrema relevância para o mundo moderno, já que, sem eles, equipamentos indispensáveis — dos smartphones aos automóveis — simplesmente não funcionam. Há uma corrida global para a produção dos semicondutores, com Estados Unidos, União Europeia e China investindo em suas indústrias para ampliar a fabricação e exportação desses chips. “Na ASML, que está sediada na cidade holandesa de Eindhoven, passamos por cada etapa da produção, além de conhecer os diferentes departamentos da empresa, entendendo como eles se integram para viabilizar a produção dos semicondutores. Também compreendemos as habilidades essenciais exigidas dos estagiários da empresa nesse cenário altamente tecnológico”, conta Clailton.
O aluno também visitou a universidade de tecnologia de Eindhoven, prestando atenção especialmente nos projetos de tecnologia apresentados, com destaque para um carro capaz de enfrentar condições adversas como as polares do Ártico. “Há ainda a questão da viagem em si, o que está permitindo conhecer diversos lugares que sempre sonhei. Em Viena, na Áustria, por exemplo, visitei museus muito interessantes, como o da música”, diz Clailton. O intercâmbio dos dois estudantes tem duração de seis meses.