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Comitiva do Insper em visita ao Instituto Tecnológico de MonterreyComitiva do Insper em visita ao Instituto Tecnológico de Monterrey

 

Historicamente, muitas instituições de ensino adotaram uma postura de isolamento em relação ao contexto urbano. Confrontadas com desafios como insegurança, desigualdade e degradação urbana, a solução convencional foi erguer muros e criar um ambiente supostamente mais protegido — seguindo a lógica dos condomínios fechados. Essa abordagem, contudo, não produziu resultados sustentáveis. O afastamento físico e simbólico enfraqueceu as conexões com a comunidade e contribuiu pouco para aprimorar a qualidade da vida urbana.

 

Para o Insper, esse modelo precisa se repensado. A escola propõe uma abordagem proativa na transformação da Vila Olímpia, bairro onde está estabelecida, com o objetivo de criar um ambiente mais acolhedor, seguro e dinâmico — beneficiando não apenas sua comunidade interna, mas também moradores e trabalhadores da região. Com isso, mais do que formar profissionais, o Insper busca assumir protagonismo no bairro, contribuindo ativamente para o bem-estar e o desenvolvimento urbano e social do entorno.

 

 

Inspiração internacional

 

Essa visão foi reforçada em abril, durante uma missão institucional ao México. Uma delegação do Insper foi conhecer de perto o trabalho do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey — uma das principais universidades privadas da América Latina, fundada em 1943, com sede em Monterrey e presença em mais de 25 cidades mexicanas.

 

“A visita ao México foi extremamente produtiva. Tivemos a oportunidade de conhecer uma universidade que compreendeu que não pode se isolar — e que é necessário olhar não só para quem está dentro do campus, mas também para o entorno”, afirma Guilherme Martins, presidente do Insper. 

 

O caso de Monterrey é paradigmático: em 2011, dois alunos da instituição foram assassinados nas proximidades do campus de Monterrey, em um episódio que gerou comoção nacional e levou a universidade a repensar seu papel diante dos problemas no entorno. Em vez de se isolar, a universidade escolheu enfrentar os desafios, tornando-se articulador de um projeto amplo de revitalização urbana, em parceria com o poder público, empresas e lideranças comunitárias.

 

Hoje, a instituição mexicana tornou-se o núcleo de um vibrante ecossistema de inovação. Em torno de seu campus, surgiram estúdios de inovação, centros de P&D, incubadoras e aceleradoras de startups — iniciativas que posicionam a cidade como um dos polos de inovação mais relevantes do México. Esse ambiente atrai empresas, empreendedores e talentos, com forte sinergia entre universidade, setor privado e administração pública.

 

Para Tomas Alvim, coordenador do Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper, o exemplo de Monterrey reforça o papel das universidades como agentes de transformação. “A instituição passou a atuar com foco em segurança, mobilidade, requalificação e, sobretudo, convivência”, explica. Ele acrescenta: “A escola precisa ser um espaço de conhecimento e inovação — um lugar que estuda, propõe e articula novos modelos de atuação no território, para que possamos, de fato, construir uma cidade pensada para as pessoas”.

 

Projeto de urbanismo social na Cidade do MéxicoGrupo conheceu o projeto de urbanismo social Utopias, na Cidade do México

 

O projeto Uberabinha

 

Inspirado nesse modelo de universidade conectada à cidade, o Insper lançou um projeto concreto: a requalificação da Rua Uberabinha, via de 95 metros que conecta a Rua Quatá à Avenida Hélio Pellegrino. A ideia é transformar a rua em uma via compartilhada, priorizando pedestres e estimulando a convivência.

 

A proposta, submetida à Prefeitura de São Paulo, baseia-se em princípios de placemaking — a criação de espaços públicos voltados à melhoria do convívio social — e de urbanismo social. Prevê o alargamento de calçadas, a implantação de áreas verdes, mobiliário urbano, iluminação em nível de pedestre, travessias elevadas e microdrenagem. Se aprovada, a intervenção será realizada por meio de um acordo de cooperação com a Prefeitura, que também prevê a manutenção do espaço pelo Insper por dez anos.

 

 

Governança participativa

 

Para Alvim, o principal desafio para tirar o projeto do papel é estabelecer um processo colaborativo sólido, com o alinhamento da visão entre todos os atores envolvidos. “Transformações territoriais só funcionam com engajamento coletivo. O Insper pode liderar esse movimento, mas ele precisa ser plural, colaborativo e amplo, como foi em Monterrey”, afirma.

 

A iniciativa na Rua Uberabinha prevê a criação de uma comissão com representantes da comunidade local — moradores, comerciantes, empresários e poder público — para acompanhar o desenvolvimento do projeto e propor melhorias. Estão também programadas atividades culturais e educativas abertas ao público, reforçando o papel do Insper como espaço de convivência e conhecimento.

 

 

Educação conectada ao território

 

Segundo Martins, essa transformação urbana está intrinsecamente conectada à missão acadêmica da escola. Ao integrar o campus ao bairro, o espaço público passa a ser incorporado como parte essencial da formação dos estudantes. “O futuro da educação passa pela cooperação entre universidade e sociedade, e também pela conexão forte com empresas para um amplo espaço de experiências de aprendizagem, para além da sala de aula”, diz Martins.

 

Mais que uma intervenção pontual, o projeto da Uberabinha reafirma a postura institucional do Insper de ser uma presença significativa e positiva na vida do bairro, contribuindo para a melhoria da qualidade urbana e das relações sociais. “Trata-se de um projeto de longo prazo, que começa agora, com diálogo e escuta ativa da comunidade”, afirma o presidente do Insper.



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