O Prêmio Nobel de Economia abordará em palestra a evolução da ciência financeira e a importância da criatividade na resolução de grandes desafios globais
O americano Robert Merton, Prêmio Nobel de Economia em 1997, estará no Insper no dia 4 de junho para participar do evento em comemoração aos 20 anos do Mestrado Profissional em Economia (MPE), o primeiro programa de pós-graduação stricto sensu da escola. Às 18h30, Merton falará sobre inovação financeira a fim de inspirar estudantes e pesquisadores sobre o uso da inovação e da criatividade na resolução de grandes problemas globais.
Antes, às 12h, Merton dará palestra sobre a Evolução da Ciência Financeira e da Inovação Financeira. Sua apresentação será seguida por um painel com a participação de Artur Wichmann, CIO da XP, Rogério Oliveira, CIO da Constância Investimentos, e Vinicius Carrasco, economista-chefe e diretor de Assuntos Regulatórios da Stone. O evento é organizado pelo Núcleo de Finanças e Macroeconomia (NeFiM) do Insper, em parceria com a CFA Society.
Merton é considerado um dos economistas mais influentes da segunda metade do século. Ele é atualmente professor distinto de Finanças da Escola de Administração Sloan do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e professor emérito na Universidade Harvard. Merton recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1997, dividindo a láurea com Myron Scholes, com quem colaborou na formulação de um dos pilares da teoria de precificação de opções, conhecida como modelo Black-Scholes-Merton.
Ao conceder o prêmio naquele ano, a Academia Real de Ciências da Suécia destacou que Merton e Scholes, em colaboração com o economista Fischer Black, já então falecido, desenvolveram um novo método para determinar o valor de derivativos, o que permitiu avanços significativos na valoração econômica e criação de novos instrumentos financeiros, além de facilitar uma gestão de risco mais eficiente.
O método desenvolvido por Merton, Scholes e Black foi destacado como uma das principais contribuições às ciências econômicas nos 25 anos anteriores ao anúncio do Nobel de 1997. De acordo com a Academia Real de Ciências da Suécia, mercados de opções e outros derivativos são importantes, pois permitem que agentes que antecipam receitas ou pagamentos futuros possam garantir um lucro acima de certo nível ou se proteger contra perdas. Para uma gestão eficiente de risco, é necessário que esses instrumentos sejam corretamente avaliados.
As contribuições de Merton vão além desse modelo e se estendem a várias áreas das finanças e da economia, abrangendo tanto a teoria quanto a prática. Merton também desenvolveu estudos sobre o comportamento dos investidores. Ele apontou que os investidores nem sempre agem de forma racional, sendo influenciados por emoções e preconceitos. Merton explorou como essas falhas de comportamento podem levar a bolhas de mercado, pânicos e outras anomalias financeiras. Essa visão heterodoxa do mercado financeiro desafiou os modelos tradicionais de racionalidade perfeita e contribuiu para o desenvolvimento da economia comportamental.
As ideias de Merton tiveram um impacto profundo na economia, finanças e gestão de investimentos. Seus modelos e teorias são amplamente utilizados por bancos, fundos de hedge, empresas e governos para avaliar riscos, tomar decisões de investimento e formular políticas públicas.
Nascido em 1944 em Nova York, Merton se expôs ao ambiente acadêmico desde cedo. Ele é filho de Robert K. Merton (1910-2003), um dos sociólogos mais influentes do século 20 — responsável pela formulação de conceitos-chave como a “profecia autorrealizável”, segundo a qual uma previsão ou crença influencia ações que acabam tornando-a realidade.
Merton, o filho, se graduou em Engenharia Matemática na Universidade Columbia e, na sequência, cursou o mestrado em Matemática Aplicada no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Em 1970, obteve seu doutorado em Economia no MIT, onde floresceu seu talento para aplicar a matemática à economia. Sua dissertação, orientada por Paul Samuelson, um dos mais influentes economistas do século 20, já indicava a direção inovadora que sua carreira tomaria.