O aluno bolsista Victor Manoel Alves atuou na implementação de uma pesquisa vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), cujas inscrições estão abertas

 

Tiago Cordeiro

 

Nascido há 21 anos em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, atualmente morando na cidade vizinha de Poá com a avó e a mãe, Victor Manoel Alves sempre valorizou a educação como uma maneira de buscar uma vida melhor. “Em casa, fui incentivado a estudar. Tive professores que insistiam para que eu fizesse curso superior. Apesar de nossa escola não ser de ponta, no terceiro ano minha turma em geral alcançou ótimas notas no Enem e teve acesso a cursos muito bons”, diz ele.

O objetivo de Alves era estudar no Insper, e ele conseguiu bolsa integral na graduação de Economia. O desejo era trabalhar com políticas públicas. “Eu vim de uma família humilde, mas ainda assim tinha computador em casa. E sempre questionei por que meus colegas não tinham essa oportunidade. Pesquisando a respeito de diferentes caminhos profissionais e acadêmicos, percebi que o Insper era voltado a todas as áreas mais amplas da economia, além de ter um Programa de Bolsas muito consistente”.

Ao longo de seu percurso na graduação, ele já tem desenvolvido pesquisas nessa área, com o apoio da professora Cristine Pinto, cujas áreas de pesquisa têm como foco econometria e economia da educação. Ela está orientando o trabalho de conclusão de curso de Victor, que está no oitavo semestre. E acompanhou o aluno no desenvolvimento de um trabalho de iniciação científica que se mostrou crucial para o início do desenvolvimento de uma pesquisa de longo alcance, ainda não concluída.

O objetivo é avaliar o programa Crescer Aprendendo, criado e desenvolvido pela ONG United Way. Trata-se de uma intervenção na primeira infância que ensina aos pais e professores ferramentas importantes para fomentar as habilidades cognitivas e socioemocionais das crianças. O estudo-piloto randomizado, implementado em 20 pré-escolas de Sobral (CE), investiga se o programa é capaz de mudar as crenças de professores e pais sobre a relevância das atividades de desenvolvimento de habilidades na primeira infância.

O programa, com duração de sete meses, adota uma abordagem cuidadosamente planejada. Inicialmente, ocorre a capacitação dos professores e coordenadores pedagógicos por meio de núcleos de formação nas próprias escolas. A pesquisa busca entender se o programa influencia positivamente o investimento de tempo tanto por parte dos professores quanto dos pais, bem como as crenças subjacentes a respeito das capacidades dos jovens. Entre os critérios avaliados para identificar o perfil dos pais foram utilizados escolaridade, renda e trabalho, acesso à internet, ambiente familiar e uso do tempo.

 

Selo de qualidade

A pesquisa foi realizada no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Os alunos recebem bolsas de pesquisa do CNPq e do próprio Insper, sendo orientados por professores do Insper. Pelo PIBIC, a instituição contribui para expandir o conhecimento fora da sala de aula, com aplicação de método científico em temas que são do interesse do aluno. A iniciativa contribui também para a formação novos pesquisadores.

“Engana-se quem pensa que fazer pesquisa é algo apenas para professores reclusos em bibliotecas e laboratórios. A habilidade de avaliar as evidências disponíveis, formular hipóteses de pesquisa, coletar e analisar dados é fundamental para diversas trajetórias profissionais”, explica Bruno Varella Miranda, que coordena a iniciativa dentro da instituição.

“A integração entre pesquisa e graduação é uma prioridade para o Insper. E uma das formas mais efetivas de garantir tal integração é aproximando os alunos da produção acadêmica de alta qualidade produzida pelos professores da casa. No longo prazo, nosso objetivo é o reforçar algo que o Insper já faz muito bem em diversas áreas: multiplicar os casos de sucesso entre nossos alunos interessados em seguir uma carreira acadêmica”, diz Miranda.

Nesse contexto, a participação em programas como o PIBITI, além do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), oferece uma espécie de “selo de qualidade”, Miranda prossegue. “Estamos falando de iniciativas reconhecidas internacionalmente e que contam com a participação de milhares de estudantes de todo o Brasil. No caso específico do Insper, a participação em um programa de iniciação científica dá aos alunos pontos adicionais em processos seletivos dos programas de elite da casa, como o SISRM-Chicago”.

 

Crenças dos pais

No caso específico da pesquisa da qual participou Alves, trata-se de um estudo amplo, financiado pelo escritório para América Latina e Caribe do J-PAL, um centro que tem se tornado referência na luta contra a pobreza por meio da formulação de políticas públicas com base em evidências científicas — e mantém parceria com o Insper desde 2021. “A pesquisa testa os resultados de uma política voltada para informar pais e professores sobre a importância do tempo de qualidade junto às crianças. Focamos em identificar os impactos de mudar a dinâmica das famílias informadas sobre a importância de brincar, de ler”, diz Cristine Pinto.

O objetivo, portanto, é avaliar os pais, e não as crianças. A proposta é que a análise seja escalável, e a cidade de Sobral foi escolhida para uma primeira análise. “O Victor foi meu aluno, sempre demonstrou interesse pela área de avaliação de políticas públicas”, afirma a professora. “Quando se mostrou disposto a participar, eu sabia que era a pessoa certa. E ele de fato foi um dos melhores assistentes de pesquisa que eu já tive. É muito inteligente, curioso e dedicado.”

A atuação do aluno consistiu principalmente em desenvolver e validar questionários específicos coletar dados sobre o uso do tempo dos pais. “Foi preciso buscar trabalhos de pesquisadores que já buscaram entender e identificar as crenças dos pais a respeito da educação dos filhos. A proposta é avançar, entendendo, por exemplo, quantas horas de leitura por dia são ideais”, ele aponta.

O estudante, que trabalhou com economia aplicada e está estagiando numa posição que o coloca em posição de atuar com macroeconomia, sabe aonde quer chegar: “Meu objetivo é fazer mestrado e doutorado, atuando com foco em educação”.

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As inscrições para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) para o ano de 2024/2025 podem ser feitas até o dia 31 de maio de 2024. Saiba mais aqui.