O caso trabalhado pelos alunos, que atuaram como negociadores e mediadores, foi a disputa entre um clube de futebol e seu investidor no contexto da SAF (Sociedade Anônima de Futebol)
Bruno Toranzo
Pelo segundo ano consecutivo, entre os dias 11 e 13 de abril, o Insper recebeu, em sua sede em São Paulo, a competição internacional de negociação e mediação do CPR, considerada uma das principais do mundo. Os alunos provenientes de 18 das principais universidades dos cinco continentes competiram nos papéis de negociadores e mediadores. O objetivo foi estimular as habilidades em mediação, promovendo também a interação profissional intensa com especialistas internacionais e brasileiros reconhecidos no setor, vários dos quais fizeram parte da comissão julgadora.
“Nessa competição, os alunos trabalharam, ao lado dos conhecimentos sobre negociação e mediação, os principais soft skills exigidos no mercado de trabalho hoje em dia, como comunicação, adaptabilidade, resolução de problemas, criatividade, liderança e ética no trabalho”, diz Roberto Kuster, professor de negociação do Insper. “Todas essas habilidades foram estimuladas em cada uma das rodadas, uma sessão de 90 minutos em que as equipes puderam defender seu ponto de vista e avançar nos seus interesses, colaborando com a outra parte para que ela também pudesse atingir seus objetivos, gerando assim valor para ambas as partes.”
O caso trabalhado pelos alunos foi a disputa entre um clube de futebol e seu investidor no contexto da SAF (Sociedade Anônima de Futebol), modelo de empresa criado recentemente no Brasil que incentiva os clubes associativos na transição para o modelo corporativo, prevendo regras sobre direitos e obrigações de governança. Durante a competição, os negociadores receberam novas informações confidenciais sobre seus interesses, como uma mudança de patrocinador, vender o jogador X ou pedir financiamento no banco Y, que trouxeram novas dimensões e dificuldades para o caso. Algumas dessas informações foram transmitidas em caráter confidencial, ou seja, sem que o outro grupo de negociadores soubesse.
“Os negociadores foram avaliados pela capacidade de formular propostas equilibradas e pela forma, mais ou menos eficaz, de apresentar seus interesses e pontos de vista para a outra parte e formular opções de convergência possível”, explica Caio Farah Rodriguez, professor senior fellow do Insper na área de Direito. “Já os mediadores foram avaliados pelas habilidades próprias da mediação, cujo objetivo é facilitar a convergência entre as partes. Sediar e apoiar a organização dessa competição é muito coerente com um dos elementos principais da graduação do Insper em Direito, que é estimular as chamadas formas consensuais de resolução de conflitos, fora do Judiciário e mesmo da arbitragem privada, como a mediação.”
Na mediação, as partes que estão em conflito indicam um mediador por comum acordo cujo papel não é tomar decisão final e vinculativa às partes, diferentemente do Poder Judiciário e da arbitragem, que se utilizam do juiz e do árbitro respectivamente. O papel do mediador é, portanto, estimular e dar realismo às pretensões das partes para criar possibilidades de convergência, podendo nesse processo dar opiniões que facilitem esse entendimento. “Trata-se de uma forma usada para resolver conflitos empresariais, como questões societárias, comerciais ou de construção”, afirma Rodriguez.
Pela primeira vez, o Insper teve um time de alunos participando dessa competição, já que sua graduação em Direito é nova. A expectativa é de formação de ainda mais equipes representando a instituição de ensino nas próximas edições do evento. As habilidades de negociação e mediação tornaram-se indispensáveis no dia a dia das organizações, motivo pelo qual esse conhecimento tem se mostrado cada vez mais relevante para os advogados. Outro aspecto muito positivo da competição foi o contato com outras culturas. “Essa integração com outras nacionalidades chamou a atenção dos alunos, assim como a expertise dos juízes envolvidos na comissão julgadora, que puderam compartilhar seus conhecimentos”, observa Kuster.
A final, transmitida ao vivo no YouTube, premiou as universidades e os alunos abaixo.
Melhor time de negociação:
1º lugar: University of Glasgow
2º lugar: University of Sydney
3º lugar: Fordham Law School
Melhor mediador:
1º lugar: Adrícia Rocha Ferreira (Universidade Federal do Espírito Santo)
2º lugar: Daria Ionas (Universidade de Viena)
3º lugar: Gabriela Alves dos Santos (Universidade de São Paulo)