Tomás Rodrigues Alessi criou um aplicativo que ajuda na dieta e ficou entre os selecionados da Swift Student Challenge
Tiago Cordeiro
Desenvolver um aplicativo que utilize uma tecnologia sofisticada, com criatividade, para gerar impacto social e inclusão. Essa é a proposta da Apple, uma vez por ano, desde 2020, com o desafio global Swift Student Challenge. O nome faz referência à linguagem de programação Swift, desenvolvida pela empresa para viabilizar a criação de apps para iOS, Mac, Apple TV e Apple Watch.
As inscrições para a edição de 2024 tiveram início em 5 de fevereiro e duraram três semanas. Tomás Rodrigues Alessi, de 20 anos, aluno do quinto semestre de Ciência da Computação, soube da competição ainda durante as férias escolares por meio do grupo de alunos do curso. Tinha uma viagem marcada para o Carnaval, o que reduziu o tempo útil para produzir em tempo hábil um aplicativo que respeitasse todas as exigências do concurso. Para dificultar ainda mais a tarefa, Tomás não conhecia a linguagem Swift. Ainda assim, decidiu tentar.
“Pensei em participar porque sempre me interessei por competições. Era também uma oportunidade para ter contato com a linguagem Swift. Mas eu não imaginava que seria selecionado”, ele conta. Na véspera do feriado de Páscoa, foi publicado o nome dos 350 vencedores, entre aplicativos apresentados de todas as regiões do mundo. E o de Tomás estava entre eles.
“Estava no aeroporto de Congonhas, a caminho de Curitiba”, conta, fazendo referência à cidade onde ele nasceu e sua família mora. “Foi quando entrei no site e encontrei uma mensagem de ‘Congratulations’. Imaginei que era um simples ‘parabéns pela participação’”. Não era: ele ganhou um certificado, uma assinatura de um ano no Apple Developer Program e um AirPods Max.
Tomás inicialmente pensou em cursar Medicina, mas acabou decidindo por Ciência da Computação. Em busca de uma faculdade de ponta e de um mercado de trabalho competitivo, optou por se transferir para São Paulo e estudar no Insper. “Existem faculdades baseadas em projetos, mas eu queria uma combinação entre a prática e a teoria. No Insper, com poucas semanas, já temos aulas de programação. E aprendemos a aprender, o que se mostrou muito difícil no começo da graduação, mas me levou a desenvolver uma grande autonomia acadêmica.”
Foi o aprender a aprender que o ajudou a aprender a linguagem Swift rapidamente. O passo seguinte foi pensar em um aplicativo que cumprisse as demandas do concurso. “Assisti no YouTube a uma playlist de projetos de edições anteriores. O vídeo apontava aqueles que venceram e os que não foram bem sucedidos. Tive uma primeira ideia: criar um aplicativo com informações rápidas para emergências naturais, de enchentes a terremotos. Mas o desafio tecnológico não seria relevante”, conta ele.
A namorada do aluno, uma estudante de medicina, sugeriu uma alternativa: desenvolver um aplicativo que ajudasse pessoas leigas e identificar, nos rótulos de alimentos, qual a composição deles, e se são saudáveis. “Comecei então a desenvolver, compartilhando os resultados iniciais com ela e com minha família. Os feedbacks deles foram valiosos.”
O aplicativo não podia utilizar conexão com internet, o que levou à solução de utilizar escaneamento do usuário via Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR) para extrair textos das tabelas nutricionais dos rótulos. “Busquei apoio nas ferramentas disponíveis da própria Apple, analisei os padrões de fotos mais utilizados nos Estados Unidos e fiz um levantamento dos padrões de avaliação de alimentos da FDA, a agência regulatória do departamento de saúde americano”, descreve.
Por fim, ele desenvolveu um sistema de pontuação. O resultado é o aplicativo Know Your Food, que entrega uma avaliação nutricional de cada produto, indicando se ele é bom, neutro ou ruim. A Apple reconheceu o valor da solução e o estudante se viu entre os 350 selecionados.
Por outro lado, seu aplicativo não ficou entre os 50 melhores projetos que foram incluídos na categoria Distinguished Winners, que terá direito a participar da conferência anual de desenvolvedores da Apple, a WWDC 2024, em junho, na Califórnia. Ainda assim, Tomás se diz satisfeito por figurar na lista dos 350 selecionados. “Fiquei surpreso com a conquista”, diz o aluno. “E agora quero participar da edição 2025 e figurar entre os Distinguished Winners”.