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Uma empreendedora com duas paixões: finanças e sustentabilidade

Formada em Economia no Insper, Paula Mendes Caldeira criou um negócio que recebeu aporte de R$ 200 milhões. Agora ela parte para nova empreitada no setor de soluções baseadas na natureza

Formada em Economia no Insper, Paula Mendes Caldeira criou um negócio que recebeu aporte de R$ 200 milhões. Agora ela parte para nova empreitada no setor de soluções baseadas na natureza

 

Michele Loureiro

 

A Plugify, fintech de aluguel de equipamentos de TI, é uma empresa que apostou em uma ideia disruptiva para desenvolver novos mercados. A companhia, que já levantou mais de R$ 200 milhões em investimentos e agora faz parte do Grupo Porto, nasceu da intersecção entre finanças e sustentabilidade e tem Paula Mendes Caldeira, 32 anos, como uma das fundadoras, ao lado de Alexandre Gotthilf.

Formada em Economia no Insper, Paula conta que a graduação foi essencial para a criação da companhia. “O Insper foi superimportante para eu descobrir o que gostaria de fazer. Fiquei apaixonada por finanças, que é um dos meus assuntos preferidos até hoje. Então, comecei a trabalhar em investment banking e depois migrei para private equity. Foram seis anos nos maiores bancos de investimento do Brasil”, diz.

Paula trabalhou na divisão de Projetos Imobiliários Especiais do Merchant Banking do BTG Pactual e fez parte de uma equipe de três pessoas que administraram um portfólio superior a R$ 10 bilhões. Estruturou complexas transações financeiras e jurídicas, que iam desde uma empresa de software hipotecário até projetos icônicos como o Hotel Emiliano e o estádio Beira-Rio. Depois, ingressou na Moelis & Company e no Bank of America, onde esteve envolvida em transações que totalizaram mais de US$ 3 bilhões nos setores de energias renováveis ​​e madeira.

A lista de feitos é grande, mas, com o passar dos anos, Paula percebeu que sua verdadeira vocação era unir sustentabilidade com lucro. “Aquela retórica de focar em lucratividade antes e meio ambiente depois não estava mais me deixando tão feliz. Foi aí que comecei a pensar em empreender e minha rede do Insper foi importante, pois eu tinha vários amigos em startups bem legais. Havia muita gente também passando por esses mesmos questionamentos e eu tive uma rede de apoio muito boa para fazer a transição de carreira”, diz.

 

Unindo as duas pontas

Aí começa a história da Plugify. Paula começou a pensar em como unir sustentabilidade com finanças e, em suas pesquisas, notou que as pequenas e médias empresas no Brasil tinham muita dificuldade de ter acesso a crédito — esse era o problema financeiro. Ao mesmo tempo, mapeou o problema de lixo eletrônico muito grande, com uma economia focada em linearidade nos processos produtivos, em vez de ter uma circularidade, com reutilização dos recursos — aí estava a questão da sustentabilidade.

“Então, a gente juntou as duas pontas e concluiu que alugar o equipamento é um jeito de dar crédito para as pequenas e médias empresas, dar acesso a hardware de qualidade e reduzir o lixo eletrônico. Fora do Brasil já havia penetração de 80% deste tipo de prática, enquanto por aqui era menos de 10%. Era um mercado a ser desbravado, e não havia ninguém inovando nesse mercado. Por isso, apostamos nessa ideia”, conta.

Na lógica dos fundadores da Plugify, o motivo de empresas que prestavam esse tipo de serviço não crescer era a falta de oferta, já que elas tinham pouco dinheiro para a expansão. “Daí comecei a pensar em formas de levantar recursos em bolsa e liderei a estruturação do primeiro fundo de debêntures e títulos garantidos por ativos (FIDC) com foco em hardware do Brasil, em colaboração com líderes do setor como Milenio, XP Investimentos, Vert, QI Tech e Machado Meyer.”

Com o capital disponível, a Plugify cresceu baseado no modelo de assinaturas acessíveis de computadores e telefones para pequenas e médias empresas e startups. Hoje, a empresa contabiliza mais de 12 voltas ao redor do mundo percorridas com as entregas de seus dispositivos e conta com uma variedade de celulares, PCs e notebooks à disposição.

De 2018 até o final do ano passado, Paula atuou como CFO e membro do conselho da Plugify. Recentemente, ela resolveu começar uma nova fase. “Agora que o bebê cresceu, quero muito empreender de novo com alguma coisa que esteja ainda mais imersa nesse mundo de sustentabilidade. Comecei a fazer um mestrado em Sustentabilidade em Harvard, nos Estados Unidos, e fui aprovada para a Aceleradora de Harvard e MIT de Climate Tech”, conta.

Paula afirma que deseja trabalhar com soluções para dois grandes problemas: crise climática e aumento da biodiversidade. “Quero empreender nessa área e estou pesquisando como atacar o máximo de emissões e como recuperar o máximo de biodiversidade com o menor esforço possível para ser eficiente no tamanho do meu impacto. Cheguei à conclusão que devo atuar no setor de nature-based solutions e estou empreendendo novamente. Criei a Natu com um sócio que também fez mestrado de Finanças no Insper e estamos montando uma plataforma de soluções financeiras para desenvolvedores de projetos de nature-based solutions”, afirma.

Nature-based solutions, ou soluções baseadas na natureza, são uma forma de resolver problemas ambientais de maneira sustentável, beneficiando tanto as pessoas quanto a natureza. Um exemplo é a proteção e restauração de florestas, que ajudam a regular o clima e prevenir enchentes.

Para Paula, empreender é uma espécie de missão. “Também sou profundamente apaixonada por voluntariado em educação e empreendedorismo. Oriento empreendedores com acesso limitado a capital para arrecadar fundos para soluções sustentáveis, como calçados veganos e serviços de aluguel de roupas. Meus outros interesses incluem economia e finanças verdes, cosmologia, tecnologia climática, aplicações de crédito e estratégia de inovação empresarial”, diz.

Ao que tudo indica, empreender é um caminho sem volta para Paula. “É o que mais amo fazer na vida: tentar desvendar problemas complexos com as pessoas que admiro. Não só desvendar problemas complexos e não só trabalhar com pessoas que admiro, mas fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E, para mim, empreender tem sido exatamente isso”, afirma.

 

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