Pesquisadores do Laboratório participaram em fevereiro do segundo encontro do movimento internacional “Making Green Work for Health”
Tiago Cordeiro
O mês de fevereiro marcou a segunda etapa do trabalho em conjunto desenvolvido pelo movimento “Making Green Work for Health” reunindo o Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper, o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) e a Universidade Técnica de Delft (TU Delft). Depois que um grupo de pesquisadores holandeses visitou a capital paulista, em setembro de 2023, uma delegação brasileira — integrada por Laura Janka, coordenadora do Núcleo Arquitetura e Cidade do Laboratório, Paulina Achurra, coordenadora acadêmica, e Paulo Saldiva, coordenador do Núcleo de Saúde Urbana — atravessou o oceano para dar continuidade à parceria. O objetivo da iniciativa é debater e implementar estratégias capazes de conciliar o fortalecimento de áreas verdes das grandes cidades com o apoio para a economia local e foco na qualidade de vida. O projeto conta ainda com outros participantes, como o Ostschweizer Fachhochschule (OST), da Suíça, a Universidad Politécnica de Madrid e a norte-americana Harvard Graduate School of Design (GSD).
A etapa paulistana consistiu em um seminário e visitas técnicas. O programa na Holanda incluiu debates e trabalhos de campo na cidade de Delft, que fica a 18 quilômetros de Roterdã.
Os trabalhos foram iniciados no dia 5, quando ocorreu um simpósio na Faculdade de Arquitetura da TU Delft. O encontro foi aberto com dois painéis: “Saúde verde – Abordar a ecologização urbana a partir das perspectivas da saúde humana e mais que humana” e “Política de ecologização – Explorando a ecologização urbana na intersecção com a inclusão, a justiça e os meios de subsistência”.
Na sequência, aconteceu uma sessão de trabalho abordando os temas Saúde Urbana, Design Urbano e Economia e Políticas Públicas, que teve como propósito identificar lacunas, definir futuras questões de pesquisa, agregar potenciais parceiros e traçar um roteiro específico para o avanço do projeto, incluindo a exploração de propostas de financiamento específicas.
Após o seminário, a delegação brasileira embarcou em viagens de campo para ver de perto práticas exemplares na Holanda. Entre outras localidades, os pesquisadores conheceram o Maximapark, em Utrecht, onde foram recebidos por Johan Berghaus, gestor de projetos de desenvolvimento espacial do município. Além disso, o grupo explorou Voedseltuin, com o coordenador do jardim, Tom Lorier. Outra visita foi ao parque infantil renaturalizado da Basisschool De Provenier, guiada por Ian Mostert, líder do projeto Kind en Natuur.
“A Holanda é pioneira em interações arquitetônicas baseadas na natureza”, relata Paulina Achurra. “Conhecemos projetos que colocam a comunidade para participar ativamente da gestão de parques e de iniciativas dedicadas ao cultivo de alimentos dentro das cidades, contando com mão-de-obra entre pessoas em reabilitação”.
Tais iniciativas são implementadas em um contexto muito diferente do observado no sul global, diz ela, mas podem projetos no Brasil. “A proposta de transformar pátios de escolas em áreas verdes e de acesso para a comunidade é interessante e pode ser colocada em prática por aqui Brasil”, exemplifica.
Outra consequência do encontro, informa Paulina, é o acordo para que os pesquisadores holandeses participem de um processo de captação de recursos, em parceria com o Insper, em um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a ser publicado ainda este ano. “É uma chamada para a área de políticas públicas, com projeto de quatro anos de duração, e os holandeses vão participar. Eles ficaram encantados com nosso trabalho nos territórios vulnerabilizados, áreas muito adensadas, sem cobertura verde nem espaços para implementar soluções em larga escala, como parques e lagos, e querem colaborar.”
Saldiva levou sua participação durante o evento precisamente na direção das questões de assimetria social que impactam diretamente na qualidade de vida, na saúde e na cobertura verde em comunidades adensadas. “O verde, o clima, a saúde, são envelopados num conceito maior que é a cidadania. Hoje, o Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper é o lugar com a maior possibilidade de expandir em práticas produtivas nessa direção”, afirma Saldiva. “É um ambiente que tem uma transversalidade de disciplinas que torna possível avançar em pesquisas sobre políticas públicas com foco em implementar soluções.”
O próximo evento do “Making Green Work for Health” deve ocorrer novamente no Brasil, em maio.