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Alunos da Engenharia desenvolvem funcionalidades para e-bikes

Mudanças no módulo de comando das bicicletas vão ajudar a empresa E-Moving a gerenciar a relação com os consumidores

Mudanças no módulo de comando das bicicletas vão ajudar a empresa E-Moving a gerenciar a relação com os consumidores

Professor Alex Bottene (tirando a selfie), professor Fábio Ferraz, aluno Matheus Venturi, professor Leonardo Tavares e alunos André Costa e Antonio Fonseca, com a bicicleta elétrica

 

Leandro Steiw

 

No Projeto Final de Engenharia (PFE) do Insper, estudantes estão colaborando na melhoria do serviço de aluguel de bicicletas elétricas da empresa E-Moving, em São Paulo, em parceria com alunos e professores da Universidade Texas A&M, dos Estados Unidos. A primeira fase foi concluída no segundo semestre de 2023 pelos alunos André Mestriner Costa e Matheus Marques Venturi, da Engenharia Mecatrônica, e Antonio Awad Roxo da Fonseca, da Engenharia de Computação. O desafio veio do alumnus Gabriel Arcon, fundador e CEO da E-Moving, formado em Administração no Insper.

As equipes identificaram a possibilidade de acrescentar funcionalidades que redefinissem a relação entre a empresa e as pessoas que alugam as e-bikes, principal público-alvo e fonte de receita. “Diante de um escopo tão grande, o início do projeto foi entender o que se deveria priorizar de mudanças, para dividir em fases e conseguir mirar naquelas que trariam um resultado mais assertivo para a empresa, em sinergia com o Insper e os alunos”, diz o professor Alex Camilli Bottene, orientador do PFE.

Uma das constatações foi que poucas informações de uso das bicicletas retornam à E-Moving, embora os usuários permaneçam longos períodos com o produto — os planos de locação chegam a 12 meses. O módulo de comando da bicicleta, até então fechado, passará a gerar informações para a empresa por meio de um sistema de coleta de dados wireless. Conhecendo as condições de uso, a E-Moving poderá sugerir estratégias para os clientes relacionadas à autonomia da bateria, por exemplo, ou reconhecer o momento ideal de fazer a manutenção do equipamento. Melhores condições de mobilidade serão uma forma de resguardar o patrimônio da companhia.

O trabalho foi dividido em duas frentes. Na Texas A&M, orientados pelo professor Stavros Kalafatis, dois estudantes de Engenharia Elétrica cuidam do redesign do módulo de comando e das lógicas de sensoriamento. No Insper, está sendo desenvolvida a interface para o aplicativo acessado pelo consumidor e uma possibilidade de bloqueio remoto do sistema eletrônico da bicicleta. Esse bloqueio permitirá à empresa controlar a validade dos contratos e a eventual utilização por inadimplentes, além de aperfeiçoar a gestão e segurança das e-bikes destinadas a entregadores.

Por regulamentação, o motor elétrico das bicicletas deve funcionar em auxílio ao pedal, e não como propulsor. Os alunos Costa, Fonseca e Venturi sugeriram que, diante da conectividade do novo módulo de controle, a eletrônica da e-bike seja desabilitada remotamente durante o uso indevido. O motor elétrico deixaria de assistir o pedal e passaria a atuar como freio, sem o risco de acidentes causado pelo travamento mecânico — opção adotada em alguns serviços de locações e financiamento de automóveis e avaliada pelos estudantes na pesquisa.

As alternativas de bloqueio foram encontradas na literatura especializada e em benchmarking com empresas de bicicletas eletrônicas. Também contou bastante o aprendizado das disciplinas Acionamentos Elétricos, do segundo semestre, e Eletromagnetismo e Ondulatórias, do quarto. “Um princípio bem simples diz que uma corrente elétrica numa bobina gera um campo eletromagnético que faz o motor girar”, explica Bottene. “A ideia é gerar uma corrente reversa que crie uma força contrária ao giro do motor. O bloqueio mecânico pode causar acidentes se a bicicleta estiver em movimento. Com o bloqueio eletroeletrônico, a bike volta a ser 100% mecânica e com uma resistência elétrica atuando contra o movimento, deixando muito difícil de pedalar.”

 

Experiência única

Matheus Venturi lembra que a definição precisa do escopo facilitou a sinergia entre as duas equipes, uma no Brasil e outra nos Estados Unidos. “Assim como nós três, os alunos da Texas A&M não são americanos e não têm o inglês como língua principal, mas usamos como idioma em comum”, diz Venturi. “E cada um sabia fazer projetos, documentos e projetos de um jeito, então precisamos nos entender e nos ajudar para chegar à mesma entrega. Deu estresse e ansiedade, óbvio, mas acabou tudo certo e tornou-se uma experiência única.”

Para André Costa, a cooperação foi muito feliz. “No início, a grande dificuldade foi entender do que cada um era capaz”, recorda. “Quando trabalhamos com colegas da mesma faculdade, conhecemos o curso e as capacidades de todos. Mas estávamos conversando com pessoas de outra cultura e faculdade, até então desconhecidas.” As reuniões ajudaram na aproximação — Kalafatis visitou o Insper com um dos alunos da Texas A&M no ano passado. O grupo ressalta ainda o propósito de oferecer uma tecnologia funcional e barata que possa entrar em operação num futuro bem próximo.

A segunda fase do projeto, que começa neste semestre com outro grupo de alunos da Engenharia, vai focar no avanço da interface, mais adequada a usuários. Segundo Bottene, uma das particularidades do projeto foi o contato direto semanal com o CEO da E-Moving, acompanhado da mentoria técnica do engenheiro Tiago Sangeon, chefe de operações e costumer experience da companhia. “A empresa enviou todos os materiais necessários, sem burocracias, e manteve uma comunicação muito direta e construtiva com os alunos”, conta Bottene. A parceria com a Texas A&M prosseguirá em 2024.

Formado em Administração em 2005, Arcon mantém o relacionamento com o Insper via Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha, entre outras iniciativas. “Sempre vi muita capacidade técnica no curso de Engenharia, com alunos que querem praticar e pôr a mão na massa”, diz. “Muitas empresas não têm tanta verba para pesquisa, e um match entre as três partes — faculdade, alunos e empresas — pode gerar uma relação ganha-ganha interessante. Na E-Moving, não faltam desafios. Demos um briefing do problema, eles pensaram e apresentaram algumas soluções e fomos desenvolvendo a dez mãos. Foi muito interessante, e fiquei impressionado com a qualidade do trabalho e os soft skills dos três alunos.”

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