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Aluno do Insper cria órtese a preço acessível para auxiliar pacientes na recuperação de movimentos

O protótipo, desenvolvido no curso de Engenharia Mecânica, possibilita que o membro afetado recupere sua função, mesmo que parcialmente

O protótipo, desenvolvido no curso de Engenharia Mecânica, possibilita que o membro afetado recupere sua função, mesmo que parcialmente

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Eduardo Candeias e a mãe de uma amiga, Luciana Gambarato Rigue, que teve um AVC e passa por um processo de reabilitação

 

Bruno Toranzo

 

A criação de uma órtese — dispositivo médico projetado para fornecer suporte, correção, alívio de dor ou melhoria funcional a uma parte do corpo — para pessoas com paralisia retomarem seus movimentos, com preço muito mais acessível do que a média do mercado, fez com que o aluno Eduardo Candeias, do segundo semestre de Engenharia Mecânica do Insper, fosse finalista da edição 2023 do Prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes. A principal motivação para o desenvolvimento do dispositivo foi ajudar a mãe de uma amiga acometida por AVC (acidente vascular cerebral), tendo ficado paralisada parcialmente em um lado do corpo. Diferentemente da prótese, que substitui um membro amputado como braço ou perna, a órtese age sobre o membro, com o objetivo de torná-lo novamente funcional, sendo utilizada, por exemplo, por vítimas de acidentes que causam danos às terminações nervosas.

“A órtese identifica esse estímulo nervoso, que pode estar em um nível mínimo, para possibilitar que o membro reganhe sua função, mesmo que parcialmente. É justamente esse estímulo, ainda que mínimo, que possibilita a comunicação adequada do membro afetado com o cérebro”, diz Candeias. “Quando colocamos o protótipo no braço da mãe da minha amiga, foi automaticamente detectado pelo computador o estímulo nervoso por meio dos eletrodos grudados na musculatura, possibilitando, por meio do motor disponível na órtese, a resposta de abrir e fechar o antebraço.”

A recomendação é que sessões de fisioterapia sejam feitas paralelamente ao uso da órtese, a fim de estimular o cérebro a reconhecer novamente o membro afetado, o que pode levar no futuro à desnecessidade da órtese. “A neuroplasticidade é a habilidade que nossas células nervosas têm de se reorganizar e se reconstituir depois de dano físico ou químico sofrido por elas. Quanto mais se estimula o membro afetado por meio da fisioterapia com a utilização da órtese, maior a chance de garantir a neuroplasticidade efetiva”, diz o aluno.

 

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A órtese em detalhes

Falta de condições financeiras

O problema é que muitos pacientes não fazem esse tratamento porque as órteses disponíveis no mercado são muito caras — entre três e cinco mil euros em média. O fator econômico, aplicável à maioria dos pacientes, especialmente para quem depende do SUS (Sistema Único de Saúde), faz com que essas pessoas desistam de procurar uma solução efetiva para recuperar os movimentos, precisando aprender a conviver com o problema — em vez de solucioná-lo.

A órtese possibilita, ainda, que os pacientes tenham mais liberdade para se exercitar sozinhos, podendo assim fazer os movimentos fora da fisioterapia. “Por esses motivos, desde o início, minha prioridade foi reduzir os custos ao mínimo possível, promovendo o acesso a esse dispositivo. Utilizei insumos baratos para fazer com que o protótipo final desenvolvido custasse menos do que 500 reais”, afirma Candeias. O protótipo específico para braço, que começou a ser pensado por Candeias no segundo ano do ensino médio e foi construído no Insper, como parte da disciplina Natureza do Design, utiliza um sensor ECG (eletrocardiograma), dois servos motores, além de placas de acrílico, para modelar a estrutura rígida da órtese, e plástico EVA.

Para a inscrição no Prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes, o projeto contou com o suporte do Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha, do Insper, que trouxe aspectos de mercado e próprios da criação de produtos, tornando a solução ainda mais pronta para concorrer a uma premiação como essa. “Criei alguns contatos por meio do Prêmio que já se mostraram dispostos a apoiar o lançamento do dispositivo no mercado. O objetivo agora é trabalhar para viabilizar esse modelo de órtese comercialmente por meio da minha futura startup, Friendly Push”, observa.

Segundo Candeias, sua empresa vai atuar em um mercado novo e ainda inexplorado, especialmente no Brasil, oferecendo uma solução acessível, de baixo custo, para as pessoas, mas que antes precisará passar por testes clínicos em pacientes com paralisia decorrente de AVC.

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