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A importância e o potencial dos bioinsumos para a agropecuária no Brasil

Com o uso desses insumos associados aos fertilizantes químicos, os produtores tendem a ganhar produtividade, reduzir os custos e aumentar a lucratividade nas lavouras

Com o uso desses insumos associados aos fertilizantes químicos, os produtores tendem a ganhar produtividade, reduzir os custos e aumentar a lucratividade nas lavouras

 

João Pedro Monteiro Biagi, ex-assistente de pesquisa do Insper Agro Global

Danilo Keitaro Suda Mazakina, assistente de pesquisa do Insper Agro Global

 

A alta dos custos de produção e o aumento das pressões ambientais vêm promovendo fortes mudanças na agricultura brasileira, levando os produtores a cada vez mais buscar novas tecnologias e modelos produtivos e até mesmo abandonar “práticas convencionais”.

No caso dos insumos, os incentivos econômicos para a substituição de produtos e práticas vêm ganhando peso, devido à forte dependência do agronegócio brasileiro em relação a fertilizantes importados — cerca de 80% do total consumido, o que deixa os produtores vulneráveis a oscilações de preço global e variações cambiais.

Tais circunstâncias vêm sendo trabalhadas no âmbito das políticas públicas. O Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em 2020, busca organizar políticas de incentivo ao setor. No tema ambiental, o Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (ABC+), do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), estabeleceu como meta, até 2030, a adoção de produtos biológicos em 13 milhões de hectares.

Bioinsumos são definidos como produtos de origem animal, microbiana ou vegetal voltados para a melhora do sistema produtivo agropecuário. Ao associar insumos químicos com biológicos, o produtor tende a ganhar em produtividade nas suas lavouras, em virtude do impacto positivo nos processos físico-químicos e biológicos das plantas e do solo.

Entre os produtos existentes, os inoculantes, que são de base microbiológica, já estão há algum tempo inseridos no mercado e possuem adoção abrangente. Trata-se de bactérias diazotróficas, que realizam o processo de fixação biológica do nitrogênio e, assim, diminuem ou até mesmo eliminam a necessidade de fertilizantes químicos nitrogenados em culturas leguminosas. Outros microrganismos podem realizar a solubilização de nutrientes pouco móveis no solo e fornecê-los para as raízes em forma assimilável.

Os bioestimulantes potencializam os processos fisiológicos das plantas. Podem estimular o enraizamento, equilibram os hormônios vegetais, promovem o crescimento e desenvolvimento, entre outros processos.

Os defensivos biológicos auxiliam no controle de pragas e doenças, atuando principalmente por meio de três formas de antagonismo: direto (parasitismo e predação), de caminho misto (produção de antibióticos) e indireto (competição e indução de resistência). Nessa categoria, é crescente a produção na própria fazenda, chamada de on-farm, que atualmente representa cerca de 22% desse grupo. Um problema ocorre quando essas fábricas caseiras não seguem normas estabelecidas por lei, gerando produtos ineficientes, tóxicos para o meio ambiente e até mesmo nocivos à saúde humana. Nestes casos, é necessário adquirir certificações sanitárias — que são fornecidas pelo MAPA, assegurando os requisitos sanitários, técnicos e legais dos produtos — e investir em organismos que possam ser produzidos em menor escala.

A elevação dos preços dos fertilizantes químicos, em 2022, principalmente pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia, fez com que os produtores brasileiros acelerassem a adoção de bioinsumos. Como grande parte deles é de produção nacional, há redução dos custos de transporte, independência em relação às variações cambiais e maior segurança no que diz respeito às crises macroeconômicas e geopolíticas globais. Por isso, seus preços são consideravelmente menores e seu uso como complemento aos insumos tradicionais pode gerar maior rentabilidade das lavouras.

 

Ureia x Inoculante (Graf 1)

O uso de bioinsumos promove cultivos mais ambientalmente corretos, uma vez que gera menos impactos negativos em comparação aos produtos químicos tradicionais, associados à poluição de rios, mananciais e lençóis freáticos, ou desequilíbrios ambientais na fauna e na flora. Abre-se a oportunidade de agregar valor à produção, por meio do enquadramento do cultivo em certificações de produtos sustentáveis, ou mesmo orgânicos.

Os benefícios no uso dos bioinsumos fazem com que este mercado avance de forma acelerada. São cada vez maiores os números de biofábricas, de produtos registrados no Brasil e, principalmente, sua adoção por produtores. A receita gerada por este mercado cresce a taxas maiores que a dos produtos considerados tradicionais, conforme dados produzidos por consultoria especializada.

 

Gráfico agro: Uso de defensivos no Brasil

De acordo com dados de 2022 da Fortune Business Insights, o mercado global de biodefensivos está avaliado em US$ 6,51 bilhões e com estimativa de crescimento anual de 15,8% até 2029. O mercado de bioestimulantes, por sua vez, está estimado em US$ 3,14 bilhões, com crescimento anual projetado de 11,4% até 2029.

Caso ampliem os investimentos em pesquisa, o Brasil tem a oportunidade de se destacar nesse cenário otimista, graças à sua enorme biodiversidade, que é a fonte de recursos para esses produtos. Nos próximos anos, espera-se que esse segmento se consolide e possa fornecer ao agricultor uma gama maior de produtos. Assim, tem tudo para contribuir para uma nova onda tecnológica na agricultura, comprometida em torná-la mais rentável, sustentável e competitiva.


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