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Livro de professor do Insper sobre RNA ganha três prêmios internacionais

Coautor da obra e professor de bioengenharia, Paulo de Paiva Amaral já prepara uma segunda edição da obra e projeta lançar uma tradução para o português

O professor Paulo Amaral

Coautor da obra e professor de bioengenharia, Paulo de Paiva Amaral já prepara uma segunda edição da obra e projeta lançar uma tradução para o português

 

Tiago Cordeiro

 

Publicado no final de setembro de 2022, o livro RNA, the Epicenter of Genetic Information vem colhendo resultados rapidamente. Em pouco mais de seis meses do lançamento, já havia ultrapassado a marca de 115 mil  downloads. A editora solicitou uma segunda edição da obra enquanto monitora a repercussão positiva do trabalho, que inclui a conquista de três prêmios internacionais.

Dois deles foram concedidos pela editora Taylor & Francis, que apontou a obra como “Best Science Open Access Book published during 2022”, numa avaliação dos livros de ciência com acesso livre e online. E também classificou o livro como “Outstanding Book in STEM for 2022” — a mais importante premiação, que aponta a obra como a melhor do ano em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Além disso, o trabalho conquistou o Alan Jarvis Book & Digital Product Awards.

“Temos recebido resenhas elogiosas, vindas de cientistas influentes como Tom Cech, vencedor do Prêmio Nobel de Química em 1989. As principais revistas científicas especializadas em RNA, assim como as publicações do grupo Nature, também dedicaram atenção à obra”, relata Paulo de Paiva Amaral, professor de bioengenharia do Insper e coautor do trabalho. “Os prêmios ajudam a aumentar ainda mais a divulgação do livro, além de facilitar o contato com obra em congressos especializados. Temos notícias de que ele já está sendo usado em cursos em vários países ao redor do mundo.”

A obra está disponível gratuitamente neste link.

 

Moléculas versáteis

Num passado remoto, nosso planeta sustentou seres vivos sem DNA. O RNA é a provável molécula que deu início à vida primordial — e a todas as espécies que surgiram depois. Ainda assim, até muito recentemente, o RNA era considerado um simples intermediário necessário para a informação no DNA levar à produção de proteínas. Mas, nas últimas duas décadas, ficou claro que apenas cerca de 1% do DNA humano contém informação para a produção de proteínas. Mais ainda: formada por trilhões de células, nossa espécie tem aproximadamente 20 mil genes codificadores no DNA, uma quantidade semelhante à encontrada em pequenos vermes formados por cerca de mil células.

O que nos diferencia, então? Acontece que a maioria dos 99% do nosso DNA que não produzem proteína tem a capacidade de gerar centenas de milhares de RNAs — até recentemente desconhecidas. E elas, por sua vez, contêm informação para produzir proteínas, mas desempenham uma ampla gama de funções. A partir do momento em que se confirmou essa descoberta, principalmente a partir do ano 2001, a ciência iniciou uma corrida para detalhar o papel desses RNAs, que se mostraram extremamente diversos, versáteis e importantes, com papéis de moléculas informacionais.

Ligando e desligando genes, eles determinam os tipos celulares que formam os organismos e têm sido citados no tratamento de diversas doenças, desde cânceres até doenças complexas como diabetes, autoimune e psiquiátricas, e, como tal, têm se tornado alvos de novos medicamentos.

E mais: RNAs recentemente descobertos também têm sido utilizados como moléculas terapêuticas e em tecnologias revolucionárias em biotecnologia, como na produção de plantas resistentes a vírus. Permitem, inclusive, realizar a edição de DNA. Ou seja: as potencialidades do RNA vêm alterando a base sobre a qual entendemos a nossa própria biologia, o funcionamento de nosso cérebro e até mesmo como as espécies evoluem. E essa é a trajetória detalhada no livro.

 

Cenário em mutação

Com Ph.D. em Genética Molecular pela Universidade de Queensland, na Austrália, Amaral foi pesquisador da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Atuou na indústria, como cofundador da Pentail Enzymes, atual Jãna Bio, e pesquisador da Storm Therapeutics Limited. Também foi professor visitante em diferentes instituições europeias, como o Campus Bio-Medico University of Rome (Unicampus) e o Humanitas University Medical School, de Milão, na Itália, bem como do Karolinska Institutet e da Uppsala University, ambos na Suécia.

Amaral pesquisa diversos mecanismos envolvidos no controle da atividade do genoma durante o desenvolvimento embrionário, em células-tronco e em doenças, com foco especial em redes regulatórias envolvendo RNAs não codificadores de proteínas (“noncoding RNAs”) e suas modificações covalentes (“RNA modifications”).

O livro foi escrito em parceria com John Mattick, professor de biologia de RNA na University of New South Wales, em Sidney, na Austrália. “Mattick é um dos avôs desta nova era das pesquisas. Foi meu orientador de doutorado”, diz Amaral.

Para a segunda edição, o maior desafio é atualizar os capítulos finais, que fazem um apanhado de novas pesquisas e descobertas envolvendo o RNA. “Este cenário está mudando muito rápido, não param de acontecer descobertas. O RNA tem se tornado agente e alvo de novas terapias, o que tem gerado interesse de investidores e grandes empresas farmacêuticas.”

Outro plano é produzir uma versão traduzida para o português. “A obra é bastante técnica, tem cerca de 6 mil referências. Gostaria de simplificar a linguagem para o público geral, além de produzir a tradução para os leitores que não têm familiaridade com termos técnicos da área em inglês”, diz Amaral.

 

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