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Camila Boscov: sobre acne, rugas, crônicas e docência

Autora de dois livros e mãe de Francisco, de 1 ano, a professora de Contabilidade do Insper planeja um terceiro livro sobre seu momento atual — mas sem pressa de concluir

Autora de dois livros e mãe de Francisco, de 1 ano, a professora de Contabilidade do Insper planeja um terceiro livro sobre seu momento atual mas sem pressa de concluir

 

 

Mestre e doutora em Contabilidade pela Universidade de São Paulo, a professora Camila Boscov está desde 2012 no Insper, onde leciona Contabilidade Financeira nos cursos de graduação e Contabilidade para Análise do Negócio nas turmas do MBA Executivo. Ela concilia a atividade acadêmica com vida atarefada de mãe de um bebê — seu filho Francisco tem 1 ano. Em meio ao corre-corre da dupla jornada, ela ainda encontra tempo para, sempre que possível, cultivar outra de suas paixões: a literatura.

A professora Camila já publicou dois livros de crônicas, Sobre Acne, Rugas e Crônicas — o título remete à passagem de tempo da própria autora, que começou a escrever os textos reunidos nas obras no início dos anos 2000. “Na época, eu trabalhava na Rhodia, uma empresa francesa. Eu gostava de pegar uma situação real e narrar de forma bem-humorada”, lembra. “Eu compartilhava esses textos por e-mail com meus colegas de trabalho e as pessoas elogiavam. Comecei a gostar de fazer isso.”

O ato de escrever crônicas, segundo Camila, ajudou a trazer leveza para sua vida, permitindo que ela encarasse situações tristes ou embaraçosas de forma divertida. Camila acredita que o humor tem um poder curativo, algo que muitas vezes falta no dia a dia.

Em 2017, por conta própria, ela decidiu reunir algumas de suas melhores crônicas para lançar o primeiro livro. Mesmo com pouca divulgação, Sobre Acne, Rugas e Crônicas teve boa receptividade — Camila fez a noite de autógrafos num barzinho perto do Insper e vendeu cerca de 200 cópias para amigos e conhecidos. Em 2020, publicou seu segundo livro de crônicas, Sobre Acne, Rugas e Crônicas 2. Por causa da pandemia, não pôde fazer um evento de lançamento. Ainda assim, vendeu cerca de 150 exemplares, distribuídos pelo correio. Ambos os livros estão disponíveis em versão Kindle no site da Amazon.

Camila não segue uma rotina para escrever as crônicas — ela se dedica à escrita quando sente vontade. “Às vezes acontece alguma coisa e sinto a necessidade de organizar as minhas ideias e colocar para fora o que estou sentindo. E, quando tenho tempo, eu paro para escrever.”

Com o nascimento de seu filho, Camila tem se dedicado mais à maternidade e tem menos tempo para escrever. No entanto, sempre que possível, ela procura refletir e registrar suas experiências sobre este novo capítulo de sua vida. “Depois da pandemia, minha vida teve uma reviravolta. Eu engravidei e isso trouxe uma nova perspectiva para mim”, diz Camila, hoje aos 41 anos. “Escrevi alguns textos sobre gravidez e maternidade. Quem sabe, um dia, eu consiga reunir material suficiente para um terceiro livro e completar uma trilogia.”

Camila não estabelece um prazo para publicar seu próximo livro. O certo é que as crônicas vão refletir o que ela é hoje — diferente do que foi no passado. “Ao longo do tempo, tenho notado mudanças em meus pensamentos e minhas atitudes. Antigamente, eu era mais vaidosa e insegura, mas agora vejo como me transformei em alguém diferente”, diz. “Por vezes, quando leio meus textos da época em que era mais jovem, encontro partes com as quais já não me identifico, ou até mesmo com algum conteúdo preconceituoso. No entanto, acredito que também tenho aprimorado minha forma de pensar e enxergar o mundo.”

Apesar de às vezes não se reconhecer mais em suas crônicas mais antigas, Camila decidiu publicá-las sem alterações. “Não gosto de fazer mudanças em meu trabalho. Optei por deixar meus textos exatamente como os escrevi originalmente”, conta. “As ideias que desenvolvi em minhas crônicas eram reflexo da época em que foram escritas. Elas representam como eu era e pensava naquele momento. Hoje, tenho uma mentalidade diferente, mais madura, e não escreveria as mesmas coisas ou encararia certas situações da mesma forma. No entanto, acho interessante perceber como nos transformamos e melhoramos ao longo da vida. Faz parte do processo de evolução e crescimento pessoal.”

 

Paixão por ensinar

Nascida em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, Camila é graduada em Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo (2004), onde recebeu o prêmio de melhor aluna do curso. Depois, fez o mestrado (2009) e o doutorado (2013) em Ciências Contábeis na mesma universidade.

Ela conta que essa não foi uma carreira que escolheu desde criança. “Eu não tinha a menor ideia do que era contabilidade. Mas eu sabia o que não queria. Por exemplo, não tinha interesse pela área de biológicas, como medicina ou enfermagem, nem me identificava muito com áreas criativas, como marketing ou jornalismo”, diz a professora. “Então, pesquisei sobre diferentes profissões. Durante o período pré-vestibular, assisti a uma palestra sobre contabilidade na USP e gostei do que ouvi. Pareceu interessante, as habilidades combinavam com minha personalidade, então me inscrevi no curso sem ter uma noção clara do que realmente era.”

Camila diz que teve a sorte de ter bons professores no início do curso, que a fizeram aprender e gostar de contabilidade. “Ainda assim, acho que gosto muito mais de ser professora do que de ser contadora. Talvez eu pudesse ser professora de geografia, por exemplo. Dar aulas é minha verdadeira paixão.”

E o que contabilidade tem a ver com literatura? A formação como contadora, de alguma forma, a ajuda na hora de escrever? “Eu acredito que não nos limitamos à nossa profissão. Por exemplo, a equipe de contabilidade do Insper é composta por professores muito diversos. Temos o professor Eric Martins, que toca viola caipira, o professor Eric Barreto, que toca guitarra, e o professor Fabio Henrique, que é vocalista de uma banda de rock. Não somos apenas uma coisa ou outra. Somos plurais e multifacetados.”

Camila conta que a sala de aula já serviu de inspiração para seus textos. “Muitas situações que ocorrem em sala de aula se transformam em crônicas. Há, portanto, uma forte ligação entre a sala de aula e a escrita.” Camila acredita que sua capacidade de enxergar as coisas de forma positiva e com humor a ajuda como docente, tornando a sala de aula um ambiente mais leve para o aprendizado. “Não é que eu vá agradar a todos o tempo todo, mas acredito que consigo criar um ambiente mais agradável de aprendizado. Às vezes, mesmo que um aluno não goste do assunto em si, se ele gosta do professor, já é meio caminho andado”, diz. “Ao compartilhar minhas histórias e vulnerabilidades, crio uma empatia com os alunos. Procuro utilizar essa habilidade de conexão com eles.”

 


Três indicações de leitura

InsperCultura pediu à professora Camila que indicasse três livros de que tenha gostado. Como não poderia deixar de ser, ela optou por três livros de crônicas. Confira:

 

 1. Nu, de Botas, de Antonio Prata

Companhia das Letras, 144 págs.

Capa do livro "Nu, de botas"

“Antonio Prata escreve crônicas relembrando coisas da infância. É muito engraçado porque os textos têm um olhar infantil, mas escritos quando o autor já era adulto. Então, tem aquele humor, aquela sacada de enxergar as situações do cotidiano do ponto de vista da criança. Eu adoro este livro.”

 

2. Trinta e Oito e Meio, de Maria Ribeiro

Língua Geral, 168 págs.

Capa do livro "Trinta e oito e meio"

“Maria Ribeiro escreveu este livro quando tinha 38 anos e meio — 38 e meio é a temperatura de uma pessoa febril. A autora fala muito sobre questões envolvendo a família, a relação com o pai e a mãe, os casamentos, os filhos, o amor. Ela escreve de maneira muito bonita sobre a vida. Foi depois de ler este livro que tive coragem de publicar o meu.”

 

3. Depois a Louca Sou Eu, de Tati Bernardi

Companhia das Letras, 144 págs.

Capa do livro "Depois a louca sou eu"

“Tati Bernardi escreve com um humor mais escrachado. Fala sobre situações do cotidiano, das crises de pânico que tem de vez em quando. Ela ri muito da própria vida, das próprias histórias, e parece que não se leva muito a sério. Tenta transformar as situações difíceis do dia a dia em humor. Eu gosto muito deste livro, acho inspirador.”

 

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