Após o pico de quase 45 bilhões de dólares em 2021, os aportes dos investidores caem pela metade e retornam ao patamar de 2020

 

Bernardo Vianna

 

Impulsionados pela pandemia da covid-19, os investimentos de risco na indústria global de saúde digital atingiram quase 45 bilhões de dólares em 2021, o dobro do ano anterior e a maior quantia desde 2010. Em 2022, no entanto, o montante investido caiu pela metade, para 23,3 bilhões de dólares, embora ainda tenha sido a segunda maior cifra anual no período analisado. A deterioração do quadro macroeconômico, com o aumento dos juros e da inflação, explica a queda do ímpeto dos investidores. Os dados foram reunidos pelo site de inteligência de mercado Statista.

Nesse mercado, a área mais beneficiada com investimentos em 2021 foi a telemedicina, com 4,2 bilhões de dólares.

 

 

 

Outro segmento que se destaca é o chamado mHealth, abreviação de mobile health, ou saúde em dispositivos móveis, em português. No Google Play Store, durante o último período analisado, foram encontrados mais de 54 mil aplicativos de saúde e medicina disponíveis, uma pequena queda em comparação com o trimestre anterior. No entanto, entre o início de 2020 e o final de 2021, o número de aplicativos de saúde móvel disponíveis para usuários do Android aumentou, chegando a mais de 65 mil no último trimestre de 2021.

Já na Apple App Store, havia mais de 41 mil aplicativos mHealth disponíveis no último período observado, uma diminuição de 20% em relação ao trimestre anterior. Em 2020, o número de aplicativos de saúde móvel disponíveis para usuários do iOS continuou a crescer e, no primeiro trimestre de 2021, atingiu o pico de quase 54 mil aplicativos.

 

 

 

Inteligência artificial

O mercado de inteligência artificial na área da saúde atingiu um valor de cerca de 11 bilhões de dólares em 2021. A previsão é que o mercado global de IA na área da saúde chegue a quase 188 bilhões de dólares americanos até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta de 37% de 2022 a 2030.

Em 2021, cerca de um quinto das organizações de saúde pesquisadas em todo o mundo indicou estar em estágio inicial de adoção de modelos de IA, o que significa que seus modelos estavam em produção havia menos de dois anos. Menos de 10% das organizações de saúde utilizavam IA há mais de cinco anos. O tipo mais comum de software de IA na área da saúde estava relacionado à integração de dados e ao processamento de linguagem natural (NLP). Os principais usuários pretendidos da IA entre as organizações em estágio avançado de adoção eram médicos e provedores de serviços, embora 60% também tenham relatado que os pacientes deveriam poder usar as tecnologias de IA implementadas.

Estima-se que, na Europa, cerca de metade do tempo de trabalho de um médico seja dividido igualmente entre o atendimento aos pacientes e tarefas administrativas. No entanto, com a implementação da IA na área da saúde, prevê-se que os médicos possam dedicar quase 20% a mais de seu tempo aos pacientes devido à redução da carga de trabalho nas tarefas administrativas. Além disso, a previsão é que os enfermeiros possam dedicar cerca de 8% a mais de seu tempo aos pacientes em virtude da redução do tempo gasto em atividades administrativas e regulatórias.