O programa vai apresentar evidências sobre as mudanças climáticas, seus impactos e suas consequências — e as oportunidades e os desafios para o setor diante deste cenário

 

Tiago Cordeiro

 

De um lado, o Centro de Agronegócio Global do Insper, dedicado a analisar os grandes vetores de transformação e a dinâmica da inserção do Brasil no agronegócio mundial considerando temas relevantes e complementares como comércio internacional, geopolítica, sanidade, segurança alimentar, meio ambiente, bioenergia e logística.

De outro, a Columbia Climate School (CCS), de Nova York, a escola de estudos climáticos transdisciplinar da Columbia University, que aborda dados e análises dos mais relevantes e atualizados a respeito das ciências climáticas e sociais.

Esta parceria resultou na formação de um novo curso do Insper, Agro e Meio Ambiente: Desafio Climático Global e Sistemas Agroalimentares Sustentáveis. “Aliamos a excelência conceitual da Columbia University no tema de clima com a abordagem multidisciplinar do Insper com objetivo de informar, com base em evidências científicas, lideranças do agro brasileiro a respeito das mudanças climáticas”, afirma Camila Dias de Sá, pesquisadora sênior do Centro de Agronegócio Global do Insper e coordenadora do curso.

 

Nexo agroambiental

A proposta central do novo curso é oferecer uma visão objetiva sobre a realidade climática global e os desafios agroambientais brasileiros, em consonância com uma visão estratégica sobre o papel de sistemas agroalimentares competitivos e sustentáveis. E, também, apresentar elementos que contribuam para a construção de um protagonismo global em mitigação e adaptação às mudanças climáticas, sem perder o papel já consolidado do país como importante player na área de florestas, agricultura, pecuária e energias renováveis.

O programa é voltado para pessoas interessadas em compreender os desafios presentes na interface entre produção agropecuária, segurança alimentar e a agenda climática, além de profissionais de sustentabilidade e ESG de empresas e instituições financeiras e gestores públicos preocupados com a formulação de políticas públicas na área agroambiental. Também se volta a profissionais com atuação no terceiro setor, na mídia, em associações setoriais ou em cooperativas agrícolas, e produtores rurais que atuem diretamente com a temática ou tenham interesse em aprofundar seus conhecimentos.

O curso se propõe a preparar os participantes para melhor compreender o nexo agroambiental, reconhecendo os pilares da ciência climática e os fundamentos de mitigação e adaptação. Serão abordados também os compromissos e acordos internacionais que governam a agenda global de mudanças climáticas, a trajetória do agronegócio brasileiro e os desafios e as oportunidades de conciliar a produção agropecuária com o enfrentamento do fenômeno das mudanças climáticas. Ao final, os participantes estarão mais bem preparados para analisar políticas e estratégias de mitigação e adaptação no contexto do seu negócio ou área de atuação.

“Ainda existe uma certa reatividade, no agro, para a questão do aquecimento global, assim como uma certa resistência dos setores ligados às pautas ambientais em reconhecer as potencialidades da produção agropecuária em terras tropicais. Queremos aproximar esses dois setores, sensibilizando ambientalistas e conscientizando o agro com base em evidências científicas”, detalha Camila Dias de Sá.

 

Aulas, debates, trabalhos

O programa, de média duração, será realizado no segundo semestre com aulas distribuídas em dois módulos, sendo o primeiro online e o segundo presencial. O curso prevê a realização de trabalho em grupos, de forma a reforçar a interação e o networking entre os participantes. Haverá também discussões em grupos de participantes e debates dirigidos por especialistas.

Os grandes temas abordados nas aulas serão: princípios da ciência climática, o ambiente global em clima, a agropecuária brasileira e o desafio climático e políticas e estratégias para a sustentabilidade no Brasil.

Somados, eles serão capazes de proporcionar reflexões e propostas de ações para um tema dos mais relevantes. Afinal, cerca de 75% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa são oriundas da produção agropecuária e da mudança no uso da terra e florestas. Ao mesmo tempo, este também é um dos setores econômicos mais impactados pelas mudanças no clima, de forma que a agenda de mitigação das emissões e adaptação ao aquecimento do planeta é estratégica e essencial para garantir a sustentabilidade e a competitividade do setor no longo prazo, para que ele possa cumprir com sucesso sua função central: garantir a segurança alimentar num momento de crise nas cadeias de suprimento.

“O setor tem potencial para conciliar a produção agropecuária com a preservação ambiental, contribuindo significativamente para a redução de emissões, a garantia de segurança alimentar e de fornecimento de energia limpa ”, analisa a pesquisadora do Insper Agro Global e coordenadora do curso.

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