Evento realizado pelo Insper abordou o novo marco legal do saneamento e uma solução criada pela startup Waterlog para redução de perdas de água
Não é segredo que o setor de infraestrutura vive uma série de desafios. No saneamento básico, especialmente, os índices são pouco animadores. Cerca de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto e 35 milhões vivem em locais sem água potável. Os índices de desperdício e gestão precária dos recursos também chamam a atenção: em média, 40% da água tratada se perde em vazamentos nas tubulações. A boa notícia é que os avanços da legislação e do empreendedorismo estão ajudando a mudar esse cenário.
Para tratar dessas questões, o Insper promoveu no dia 28 de março o webinar “Água, desafios atuais e a solução da startup Waterlog”. Mediado por Filipi Tieppo, líder de aceleração e advisory do Insper, o debate contou com a participação dos empreendedores Fernando Pecoraro e André Ferreira, fundadores da Waterlog. Victor Carvalho Pinto, coordenador do Núcleo Cidade e Regulação do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper, também participou, assim como Milena Lozano, consultora e analista sênior de projetos e inovação do Insper.
Um dos temas principais do bate-papo foi o impacto do marco legal do saneamento, aprovado em 2020, e a atração de investimentos privados para o setor. “O novo marco legal é muito favorável à busca de excelência tecnológica e inovação”, disse Carvalho Pinto.
A nova lei criou a obrigatoriedade da realização de licitação para coleta e tratamento de esgoto e água caso a companhia estadual de saneamento, que em geral atende os municípios, não cumpra metas de melhoria da qualidade e alcance do serviço. Com isso, o mercado se movimentou — cerca de 90 bilhões de reais em investimentos e outorgas no setor foram assegurados desde 2020.
“O sistema de saneamento demanda uma quantidade de investimento muito grande, com retorno no longo prazo”, afirmou Fernando Pecoraro. “Por isso, faz todo o sentido investir em mecanismos para reduzir perdas e aumentar a eficiência.”
Ele lembrou que a Waterlog foi criada nesse contexto, com o objetivo de diminuir as perdas de água na tubulação. Fernando, que é engenheiro, e seu sócio, André, administrador de empresas com MBA pelo Insper, discorreram sobre a inovação criada pela Waterlog. A startup desenvolveu sensores de alta tecnologia para medir vibração nas tubulações e detectar vazamentos em tempo real.
“Pelo método tradicional, um técnico anda pelas ruas com um aparelho que identifica o som de vazamentos, em um processo manual, lento e subjetivo, em que pode haver uma série de erros”, explicou André, que é primo de Fernando. “Nós criamos um sistema novo, baseado em dispositivos e algoritmos que mostram o mapa de todos os locais com vazamento em tempo real.”
A Waterlog é uma das startups residentes da aceleradora do Insper, a FOKS, lançada em 2022 em uma iniciativa do Centro de Empreendorismo (CEMP). Com foco em alunos e ex-alunos do Insper, a FOKS apoia atualmente mais de 200 startups. “Contamos com toda a infraestrutura do Insper de laboratórios e oficinas. O networking também é de altíssimo nível e podemos debater com outras startups”, disse Fernando durante o webinar. “Foi um grande ganho para nós poder participar disso tudo.”
O empreendedor lembrou ainda que, em cenário de mudanças climáticas e escassez de água, soluções focadas no aumento da eficiência são cada vez mais relevantes. “A questão da escassez começa a se tornar muito crítica e é absurdo não termos um uso eficiente da água”, comentou.