Nas maiores empresas da área nos Estados Unidos, elas ocupam apenas uma em cada quatro vagas. O número pouco evoluiu ao longo da última década
Bernardo Vianna
Para um setor que mira o futuro, a indústria de tecnologia tem uma deficiência muito séria no que diz respeito à equidade de gêneros. De um grupo de 20 grandes empresas de tecnologia consideradas para um relatório de 2020 do site de inteligência de mercado Statista, apenas três têm cerca de 50% de sua força de trabalho composta por mulheres.
A proporção média de trabalhadores que se identificam como mulheres, nessas empresas, é de 37%. No entanto, em organizações mais focadas em hardware, a fatia de mulheres no quadro de funcionários é ainda menor: 26% na Cisco e 19% na NVidia, por exemplo. São números nada animadores para observar à véspera do Dia Internacional das Mulheres, celebrado em 8 de março.
O setor de tecnologia da informação engloba profissionais de especialidades diversas, desde analistas de pesquisa, que trabalham principalmente com matemática e estatística, até programadores e desenvolvedores de software e de serviços de internet. Trata-se de um setor cujo contingente de trabalhadores deve crescer em cerca de 10 milhões de 2020 a 2024 — 70% são funcionários em tempo integral das empresas.
São raras, no entanto, as ocupações relacionadas à computação nas quais o percentual de mulheres alcance níveis próximos aos 50%. No mercado dos Estados Unidos, que foi analisado pelo Statista, áreas como programação, desenvolvimento de software, administração de redes e engenharia de hardware, em 2021, contavam com menos de 25% dos postos de trabalho ocupados por mulheres.
O cenário é ainda mais desigual ao considerarmos, além do gênero, o componente racial. No mercado americano, em 2020, 13% das vagas de trabalho relacionadas à computação estavam ocupadas por mulheres brancas, 7% por mulheres asiáticas, 3% por mulheres negras e 2% por mulheres latinas. Juntas, essas mulheres correspondiam a apenas um quarto dos postos de trabalho tecnológicos ocupados naquele ano.
Chama a atenção o fato de que, ao longo do período avaliado, de 2007 até 2020, a proporção de uma mulher para cada três homens empregados no setor de tecnologia pouco tenha variado, o que indica que faltaram esforços para tornar esse campo mais equânime para pessoas de qualquer gênero.