Embora a situação brasileira não seja ruim na comparação global, o país praticamente não apresentou evolução nesse indicador nos últimos dez anos
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, tem motivado diversas reportagens mostrando o quanto a equidade de gêneros está longe de se tornar uma realidade, no Brasil e no mundo. Um exemplo do desequilíbrio persistente é a participação das mulheres em cargos gerenciais das empresas. De acordo com os dados mais recentes da Organização Internacional do Trabalho, as mulheres ocupam no Brasil 37% dos postos gerenciais de nível sênior e médio. O quadro abaixo apresenta a proporção das mulheres nesses cargos em diferentes países.
Os números mostram que, na comparação com outros países, o Brasil até que não aparece mal na foto — nesse quesito, encontra-se em situação melhor do que países como Reino Unido, Alemanha e Itália. No entanto, um ponto negativo para o Brasil é que o país não apresentou praticamente nenhuma evolução nesse indicador nos últimos 10 anos. De acordo com os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, de onde a OIT extraiu os dados do país para o levantamento global, em 2011, as mulheres ocupavam 36,6% dos cargos gerenciais de nível sênior e médio no Brasil. Em 2021, a proporção era de 37,2%.
Vale lembrar que, segundo o IBGE, as mulheres são maioria no Brasil — em 2021, elas representavam 51,1% da população do país, ante 48,9% dos homens. Quando conseguem ascender na hierarquia das empresas, as mulheres enfrentam outro problema: a discriminação salarial. Nos cargos gerenciais, a defasagem salarial no Brasil é de 15%. Em outras palavras, isso significa que, em média, as mulheres ganham 85% do que recebem os homens que ocupam os mesmos cargos.
A situação para as mulheres no mundo corporativo tende a ficar mais difícil à medida que assumem cargos mais elevados. Alcançar o topo da companhia, então, é ainda um fenômeno raríssimo. Basta observar o número de mulheres que ocupam a presidência de empresas que estão na lista da Fortune 500, que traz as 500 maiores companhias dos Estados Unidos em faturamento. Apesar de esse número ter apresentado um crescimento contínuo ao longo dos últimos anos (veja abaixo), no ranking de 2022 havia somente 44 CEOs mulheres – ou 9% das empresas da lista.