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Insper participa de pesquisa sobre a relação entre mudanças climáticas e operações humanitárias

A iniciativa foi selecionada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vai contar com um orçamento de 835 mil reais

A iniciativa foi selecionada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vai contar com um orçamento de 835 mil reais

Deslizamento de terra causado pela chuva em Petrópolis (RJ) em 2022: eventos extremos cada vez mais frequentes

 

Tiago Cordeiro

 

Em agosto de 2022, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) comunicou que vai distribuir 50 milhões de reais entre iniciativas que acelerem a produção de conhecimento voltada para soluções e tecnologias associadas à mitigação e à adaptação às mudanças do clima. Estabelecia, pela chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 59/2022, que as propostas de projetos deveriam ser submetidas até o dia 9 de setembro.

O objetivo do edital, como comunicou o governo federal, é “apoiar projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico relacionados à mitigação e adaptação às mudanças climáticas, ao avanço na fronteira do conhecimento a respeito da compreensão e modelagem do Sistema Climático Global, às vulnerabilidades, aos impactos das mudanças climáticas sobre os sistemas ambientais, sociais e econômicos, ao monitoramento e previsão de desastres naturais, à meteorologia e climatologia”.

Todas as ações deveriam estar alinhadas com as políticas nacionais, com as metas pertinentes aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com a implementação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) no Brasil e com o cumprimento de compromissos internacionais assumidos na área de clima.

Em dezembro, foi divulgada a lista de iniciativas selecionadas. Entre elas está o projeto “Mapeando as interligações entre mudanças climáticas, operações humanitárias e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para fortalecimento da Agenda 2030”. O trabalho será conduzido em parceria entre três instituições: a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e o Insper.

 

Estratégia de adaptação

“Quando se trata de mudanças climáticas, existem basicamente duas abordagens: a que busca soluções capazes de mitigar o problema, como metas de redução de emissões de carbono; e a que foca a adaptação de nossas instituições e infraestruturas, uma vez que os efeitos da mudança climática já impactam diversas regiões do planeta, afetando mais intensamente as populações vulneráveis do ponto de vista social e econômico”, diz o professor e pesquisador do Insper Vinícius Picanço Rodrigues, que atua nas áreas de sustentabilidade e modelagem de sistemas complexos.

De fato, os impactos já podem ser identificados. Em 2022, a temperatura média do planeta ficou 1,11°C mais elevada do que a média do século 19 — o que indica que o mundo está perigosamente perto da meta definida no Acordo de Paris, que prevê limitar o aquecimento a 1,5°C acima do período pré-industrial.

A proposta do grupo de trabalho, liderado pela professora Adriana Leiras, da PUC-Rio, com participação da pesquisadora Luiza Cunha, também da PUC-Rio, e de Brenda de Faria, da Uepa, parte do pressuposto de que os efeitos negativos das mudanças climáticas impactam simultaneamente muitos dos ODS, por serem objetivos intimamente interligados. Como esses impactos se dão e qual é a relação entre eles ainda é uma área pouco explorada.

“Queremos entender as relações de sinergia e tradeoff dos ODS e como as mudanças climáticas vão impactar as respostas humanitárias dentro desse contexto. O aumento da temperatura média global muda o padrão de ocorrência de eventos extremos, aumentando a gravidade e a frequência de situações como deslizamentos, tempestades, secas, incêndios, inundações e aumento do nível do mar em regiões litorâneas”, diz Rodrigues.

“As operações humanitárias vão ficar sobrecarregadas, e isso inclui tanto respostas de curto prazo aos desastres quanto intervenções de longo prazo visando ao desenvolvimento social e econômico. A proposta da nossa pesquisa é facilitar o desenho de ações e políticas de resposta aos impactos de desastres e eventos extremos associados às mudanças climáticas por meio de um modelo para tomada de decisão”.

Este modelo terá a forma de um software de uso amigável, desenvolvido para líderes, tanto do setor público quanto do privado, simularem possíveis cenários e visualizarem potenciais políticas, ações e impactos. “Vamos trabalhar com modelagem computacional para entregar uma ferramenta que facilite o trabalho preventivo, correlacionando mudanças climáticas e novas demanda por operações humanitárias, levando em consideração as interligações dos ODS”, afirma o professor.

Outra entrega do projeto será um curso online aberto (ou MOOC, na sigla em inglês) para interessados no tema. “As mudanças climáticas representam um desafio transversal, que pode ser estudado e abordado por profissionais de diferentes áreas e disciplinas. Queremos estabelecer um diálogo construtivo com diferentes setores da sociedade e áreas de pesquisa”, avalia Rodrigues.

 

Professor Vinícius Picanço Rodrigues

 

Vagas para bolsas

O orçamento disponibilizado para os próximos quatro anos de trabalhos é de 835 mil reais. A equipe deverá contar com 12 a15 pessoas, entre pesquisadores, estudantes de pós-graduação e bolsistas de graduação.

“Temos tempo e orçamento para cumprir o desafio”, projeta Rodrigues, que já trabalhou em uma iniciativa semelhante, que envolveu a produção de modelos de projeções a respeito do alastramento da covid-19 em favelas e comunidades vulneráveis no Brasil. “O Insper se beneficia por estar participando ativamente desse projeto de pesquisa que gera impacto direto na sociedade. A escola está crescendo rapidamente e tem uma agenda de sustentabilidade bem desenhada. É um tema-chave para a sociedade.”

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