Vencedor da 4ª edição da Startup Week, o projeto de João Chade (à esq.) e Pedro Henrique Stanzani de Freitas busca resolver uma dor de cabeça dos praticantes desse esporte
O beach tennis é um esporte que surgiu na Itália, em 1987, mas só começou a se profissionalizar em 1996, quando a Federação Internacional de Tênis estabeleceu as regras para sua prática. A modalidade combina elementos do tênis tradicional, do vôlei de praia, do badminton e do frescobol. As diferenças em relação ao tênis convencional estão na raquete, na bola e na quadra, que é de areia — daí o nome beach tennis, que remete à sua natureza de esporte de praia.
Ou melhor: um esporte de praia que não necessariamente precisa de praia. Diferentemente do que sugere seu nome, o tênis de praia pode ser praticado não somente em cidades litorâneas, mas também em qualquer lugar onde haja uma quadra de areia apropriada. E a modalidade vem conquistando adeptos por aqui. A Confederação Brasileira de Tênis estima que 1,1 milhão de pessoas pratiquem o esporte no país. Somente no estado de São Paulo, em setembro de 2021, estimava-se haver 700 quadras de beach tennis.
Uma dor de cabeça comum aos praticantes do esporte é alugar uma quadra. É preciso ligar ou mandar mensagem para a empresa que administra a quadra e agendar a locação. Muitas vezes, as respostas demoram, o que dificulta combinar um jogo com amigos no dia e no horário pretendidos. Foi pensando nisso que Pedro Henrique Stanzani de Freitas, 20 anos, e João Chade, 19 anos, alunos do 4º semestre do curso de Engenharia de Computação do Insper, tiveram uma ideia: criar um aplicativo para facilitar o agendamento das quadras.
“A proposta é desenvolver um aplicativo que ofereça um diretório de quadras, com informações sobre sua localização e disponibilidade. Com no máximo três cliques, os usuários poderão fazer a reserva de uma quadra próxima. Bastará selecionar o dia e o horário desejados, confirmar e pronto”, diz Chade, que teve a ideia de criar o app depois de ele próprio perder muito tempo tentando alugar uma quadra para jogar futebol society com amigos.
Os dois estudantes decidiram focar o aplicativo na locação de quadras para o beach tennis por enxergar um potencial de expansão desse esporte no país. E inscreveram o projeto na Startup Week, evento imersivo realizado pelo Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha e que proporciona aos alunos e ex-alunos da escola a oportunidade de desenvolverem ideias de negócios desde sua concepção até a criação de um produto viável mínimo (MVP). A 4ª edição da Startup Week aconteceu entre os dias 23 e 27 de outubro — e o projeto Chade e Stanzani se sagrou vencedor.
Ao longo de cinco dias da Startup Week, os participantes aprendem sobre o processo empreendedor de forma estruturada. No primeiro dia, engajam-se em dinâmicas para mapear o público-alvo, o nicho de mercado e o perfil do cliente. No segundo dia, realizam pesquisas aprofundadas para compreender melhor o público-alvo do empreendimento. O terceiro dia é dedicado à definição do mercado de atuação, com foco na identificação das dificuldades desse nicho específico e na elaboração de uma proposta de solução para os desafios enfrentados pelos clientes. No quarto dia, partem para a fase de implementação, buscando solucionar os problemas identificados por meio do teste das soluções desenvolvidas. No quinto e último dia, fazem pitches para apresentar seus projetos a uma banca avaliadora, que examina as soluções propostas. A escolha do projeto vencedor da Startup Week é feita com base nos votos das equipes participantes (que não podem votar em seu próprio projeto) e da banca avaliadora.
Para Stanzani, a participação na Startup Week ajudou a amadurecer a ideia do negócio, já que tanto ele quanto Chade são “empreendedores de primeira viagem”. “Como fazemos o curso de Engenharia de Computação, nossa tendência é focar excessivamente no produto. Desde o início pensamos em como transformar nossas ideias em um aplicativo. No entanto, na Startup Week entendemos que no princípio de tudo a ênfase deve ser na compreensão da dor do usuário que queremos resolver”, diz o aluno.
Quando participaram do evento imersivo, Stanzani e Chade inscreveram o projeto com o nome provisório de Quick Beach. Agora definiram o nome do aplicativo: Netz. Os dois estudantes dizem que ainda estão no início da trajetória empreendedora e que continuam recebendo insights valiosos da equipe do Hub de Inovação e Empreendedorismo do Insper. Um dos pontos que a dupla ainda precisa definir é o modelo de receita. “Temos estudado algumas possibilidades. Talvez cobrar uma taxa por agendamento, ou adotar um modelo de software as a service na gestão das quadras. Estamos conversando com administradores das quadras e com praticantes do beach tennis para definir o melhor modelo de negócio”, diz Stanzani.
Os alunos pretendem aproveitar agora o período de férias escolares para “dar um gás” no empreendimento. A expectativa é disponibilizar uma versão inicial de aplicativo até janeiro de 2024, para começar a receber o feedback dos usuários e aprimorar o protótipo. Independentemente de o negócio prosperar ou não, os estudantes afirmam que já ganharam muito com a experiência, pela oportunidade que estão tendo de aplicar na prática o que aprendem no curso de Engenharia de Computação. “Por ser um aplicativo, um produto tecnológico, dedicamos um tempo significativo à programação, colocando em prática os conhecimentos adquiridos no curso”, diz Chade
Os estudantes destacam, além disso, a oportunidade de desenvolver a veia empreendedora que estava latente. “Antes de iniciarmos esse projeto, eu já me interessava por startups e empreendedorismo e lia bastante sobre o tema. Podemos ler quantos livros forem, mas só aprendemos de fato quando colocamos a mão na massa. É o que está acontecendo agora”, afirma Stanzani.