Curso inédito no Brasil busca capacitar profissionais para qualificar territórios de vulnerabilidade, com foco em participação comunitária e segurança pública
Michele Loureiro
A quarta edição da pós-graduação lato sensu em Urbanismo Social do Insper está com inscrições abertas. Com quatro trimestres de duração, e aulas que começam em fevereiro de 2024, o curso busca capacitar profissionais para qualificar territórios de vulnerabilidade de forma integral por meio de políticas públicas e projetos que utilizam a metodologia de urbanismo social. A pós-graduação está inserida no Núcleo de Segurança Pública, Urbanismo Social e Territórios do Laboratório Arq.Futuro de Cidades e é resultado de uma parceria entre o Insper e o Itaú Cultural e que conta com o apoio do Instituto Manu. Recentemente, com a chegada de Ricardo Balestreri, ex-secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, para assumir a posição de coordenador, o núcleo foi reformulado e passou a dar mais ênfase ao tema de segurança pública.
“O curso de Urbanismo Social é uma iniciativa fundamental dentro do Insper no sentido do seu engajamento com as demandas urgentes voltadas para o enfrentamento das desigualdades sociais, constatadas nas áreas empobrecidas do país, e para a defesa do direito à cidade”, diz Eliana Sousa Silva, coordenadora da pós-graduação.
“A quarta edição do curso trará mais protagonismo para a discussão da segurança pública em uma perspectiva integradora com políticas de cidadania, que vão além de políticas de repressão. Considerando essa diretriz, o currículo passa a abordar mais a promoção da cidadania como diretriz para pensar a segurança urbana”, diz Laryssa Kruger, professora e coordenadora- adjunta da pós em Urbanismo Social.
A ideia do curso, pioneiro no Brasil, é compor uma plataforma interdisciplinar e oferecer liberdade para a reflexão e a colaboração entre diferentes redes, propiciando aprendizado, pesquisa e inovação. “O objetivo é que os alunos desenvolvam políticas e projetos integrados e transversais para territórios de vulnerabilidade, sempre com a diretriz da comunidade como parte central da solução”, explica Laryssa.
A expectativa é receber alunos que tenham alguma experiência em territórios de vulnerabilidade, independentemente de sua formação acadêmica. O curso quer atrair profissionais dos setores público e privado, com ou sem fins lucrativos, que atuam na formulação, implementação ou avaliação de projetos ou políticas urbanas ou sociais em territórios de vulnerabilidade, como infraestrutura, habitação, mobilidade, assistência social, saúde e cultura, entre outras áreas. “Nossa pós também está aberta a pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a universidade em um curso de graduação, mas que têm experiência em territórios socialmente vulneráveis ou que sejam lideranças comunitárias – esse, aliás, é um dos diferenciais do curso. Ele permite que indivíduos sem graduação também possam se aperfeiçoar e profissionalizar sua atuação, recebendo, no caso, o diploma de extensão em urbanismo social”, destaca a coordenadora-adjunta.
A última turma da pós-graduação, concluída em dezembro de 2023, ajuda a entender o que esperar para o próximo ano. Além das aulas tradicionais, os 33 alunos tiveram vivências que extrapolaram a sala de aula. A turma toda foi para o Rio de Janeiro e conheceu de perto os projetos desenvolvidos na Comunidade da Maré.Eliana Sousa Silva, coordenadora do curso, é fundadora e presidente da ONG Redes da Maré, e também acompanhou os alunos.
Nos dias de imersão, os alunos se aprofundaram em temas como o impacto da violência armada na trajetória de crianças e adolescentes moradores de favelas, formas de acolhimento e enfrentamento à violência contra mulheres e meninas e promoção dos direitos humanos como elemento fundamental para a construção de políticas públicas na área da segurança pública.
Laryssa observa que, além das visitas aos territórios de vulnerabilidade na busca de soluções adaptadas e ferramentas para diagnóstico desses espaços baseados em dados desagregados, a terceira edição do curso contou com conteúdos complementares no formato de workshop. “Comparamos estratégias de atuação de organizações da sociedade civil sociais nos territórios do Jardim Lapenna, estabelecido como área de urbanismo social pela prefeitura de São Paulo, e também de União de Vila Nova, que passou por um processo de urbanização de favelas, ambos na Zona Leste de São Paulo”, conta. Segundo ela, o propósito é ir além da teoria e proporcionar experiências práticas para os alunos, o que também será uma aposta para a quarta edição do curso.
Clique aqui para saber mais sobre o curso de pós-gradução em Urbanismo Social