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“A ideia é reverter a lógica da indústria de novos materiais e regenerar a natureza”

Rachel Maranhão, cofundadora e CEO da MABE Bio, detalha a proposta da greentech e celebra a conquista do Prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes

Rachel Maranhão, cofundadora e CEO da MABE Bio, detalha a proposta da greentech e celebra a conquista do Prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes

 

Tiago Cordeiro

 

Em sua quinta edição, o Prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes seguiu reconhecendo o pioneirismo de alunos, alunas e alumni da Comunidade Insper que são líderes em projetos inspiradores e que fazem a diferença para transformar o ambiente de negócios, a academia e a sociedade brasileira. E a iniciativa vencedora na categoria Novas Soluções Insper foi a MABE Bio, uma empresa cofundada por Rachel Maranhão, que cursou o MBA Executivo na instituição — ela se formou em 2019.

A greentech se posiciona como uma startup dedicada a criar materiais que têm a capacidade de regenerar a natureza por meio da própria produção. O primeiro produto desenvolvido pela empresa é um biocouro cujos resíduos do processo produtivo podem gerar também um bioplástico e um biocompósito capaz de substituir o MDF (painel de fibras de madeira) na produção de móveis e objetos.

Nascida em Niterói (RJ) e morando na capital paulista há uma década, Rachel Maranhão tem 34 anos. É graduada em Relações Internacionais, iniciou a carreira no setor naval e passou oito anos na área financeira. Também teve um restaurante, lançou um podcast sobre negócios e fundou uma agência de marketing digital.

Na entrevista a seguir, a CEO da MABE Bio detalha a proposta da greentech e celebra a conquista do Prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes.

 

Por que escolheu estudar no Insper? Que impacto o MBA Executivo teve em sua trajetória?

Escolhi o Insper porque é a melhor escola de negócios dos Brasil e as mentes mais brilhantes do mundo dos negócios no nosso país estão ligadas à instituição de alguma forma. Sempre admirei o trabalho do Insper, dos professores e a capilaridade da rede. Optei pela instituição pois buscava me qualificar para administrar um negócio.

No Insper tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas, me conectar, ampliar a minha rede de relacionamentos e, com isso, pude potencializar ainda mais as minhas conexões. Na prática, muitas pessoas que conheci por meio do Insper me geraram diferentes oportunidades de negócios e novas amizades.

 

O que significa, para você e para a MABE Bio, ter recebido o prêmio José Eduardo Ermínio de Moraes?

Receber um prêmio que reconhece os destaques do empreendedorismo no cenário brasileiro é uma grande honra. No âmbito pessoal, mostra que tomei a decisão correta quando decidi mudar de carreira. Trabalhei em diversas multinacionais e empresas de grande porte, sempre olhando para a estratégia dos negócios e eficiência operacional, até que em 2022 decidi renunciar a uma carreira executiva de destaque em um grande banco para seguir meu sonho de empreender.

Já para a MABE Bio, além de um grande reconhecimento do nosso produto e propósito, o prêmio nos ajuda a melhorar a nossa visibilidade para o mercado, principalmente pelo fato de sermos uma empresa ainda em fase inicial.

Abrir um negócio, escalar, contratar time e gerenciá-lo é um grande desafio no nosso país. Além dos baixos estímulos do governo para empreendedores, como incentivos fiscais ou fomentos, a realidade de empreendedoras mulheres é ainda mais desafiadora.

Quando fazemos um recorte de gênero, com dados do Sebrae de 2022, apenas 34% das startups fundadas no Brasil, têm ao menos uma mulher no quadro societário. E apenas 4,7% das startups são formadas exclusivamente por mulheres, segundo o relatório Female Founders Report 2021. Por essa razão, iniciativas como essa da família Ermínio de Moraes são tão importantes.

 

Qual a proposta da MABE Bio?

A MABE Bio é uma greentech que transforma diferentes plantas brasileiras em novos materiais, como biocouro, bioplástico e biocompósito, para diferentes indústrias que desejam reduzir a sua pegada de carbono e o seu impacto ambiental. Nossa missão é reverter a lógica do sistema produtivo da indústria e regenerar a natureza.

Por isso, criamos materiais que têm a capacidade de regenerar a natureza por meio da própria produção. Para nós, o consumo pode ser de baixo impacto e regenerativo, desde que sejam utilizadas matérias-primas que tenham essa capacidade.

O nosso país detém cerca de 15% da flora mundial, sendo que menos da metade está catalogada. Dessa forma, o Brasil possui um potencial enorme de ser pioneiro e liderar a agenda global do clima e da transformação da matriz produtiva por meio da utilização de novos materiais à base de plantas, em diversas indústrias.

A MABE Bio nasceu em 2022, durante o programa da Antler Brasil, que é uma venture capital de Singapura especializada em investimentos pre-seed. A Antler realiza um programa de residência que dura 10 semanas, com o principal objetivo de formar equipes e validar ideias. Ao final do programa, a Antler pode ou não realizar o investimento nas startups formadas. A MABE Bio participou da primeira turma da Antler em 2022 e fomos uma das primeiras startups a serem investidas no Brasil.

Atualmente, estamos buscando investimentos e em fase de pesquisa e desenvolvimento com foco na evolução das características técnicas e no desempenho do material, com o objetivo de escalar a produção em 2024.

 

Quais as vantagens do biocouro desenvolvido pela MABE Bio?

Um grande diferencial dos produtos MABE Bio é que não utilizamos subprodutos de origem animal, o nosso biocouro não contém plásticos ou petroquímicos em sua composição, utilizamos apenas plantas. Nossa principal matéria-prima é o angico, uma árvore nativa e abundante no Brasil e que tem a capacidade de regenerar o solo. É uma espécie pioneira, ou seja, altamente utilizada em projetos de reflorestamento para regenerar e tratar o solo antes do plantio de outras espécies.

A alta captura de carbono também é uma vantagem do nosso produto. O angico pode absorver altas quantidades de CO2 e, por isso, temos o potencial de ser o primeiro biocouro carbono negativo do mundo.

Outro ponto forte no nosso modelo de negócios é o preço. Estamos buscando preços competitivos com o couro animal e abaixo dos preços dos concorrentes brasileiros e internacionais. Ou seja, para uma marca de moda que deseja reduzir seu impacto ambiental, será financeiramente mais interessante utilizar o material MABE Bio do que continuar a utilizar o couro animal. Este último, além de altamente poluente, é um mercado com uma tendência de aumento nos preços devido aos problemas que envolvem o setor globalmente. Queremos mostrar que redução de custos e preservação e recuperação do meio ambiente podem, sim, ser uma meta alcançável para grandes empresas e para a indústria.

 

A solução é escalável?

Nosso modelo de negócios é altamente escalável quando comparamos com outras startups no setor e suas tecnologias. Já temos hoje diversas plantas analisadas e sabemos quais delas podem substituir o angico para a fabricação do biocouro ou outros materiais. Dado que estamos em uma fase inicial da empresa, nossa meta é escalar a pesquisa para cada vez mais plantas brasileiras e em termos de produtos e novos materiais, para diferentes indústrias. Nosso go-to-market [plano de ação para o lançamento] hoje é a indústria da moda e acessórios, mas conseguiremos atender futuramente as indústrias de calçados, estofamento de carros, navios, automóveis, decoração, embalagens e diversas outras.

 

Biotecido Mabe
Biotecido Angico: com material semelhante ao couro animal, é produzido à base de plantas

 

 

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