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Pagamento de dívidas

Empresas brasileiras concentram dívidas mesmo após choque

Companhias abertas pouco diversificam o perfil de vencimento de suas obrigações, aponta estudo
24/11/2023 14:03

 

Corporações brasileiras não financeiras de capital aberto dispersam pouco o vencimento de suas dívidas ao longo do tempo. A perda do grau de investimento do país, em setembro de 2015, não induziu a uma desconcentração desse perfil de endividamento.

Estudo dos pesquisadores do Insper João Daniel Azevedo dos Santos, Adriana Bruscato Bortoluzzo e Adalto Barbaceia Gonçalves analisou o perfil do endividamento de 275 empresas abertas de setores não financeiros entre 2010 e 2019.

O trabalho também submeteu um subconjunto dessas companhias a um teste para saber se o choque da perda do grau de investimento da dívida soberana do país estimulou a adoção de vencimentos mais dispersos nas obrigações financeiras corporativas.

Manter uma carteira de vencimentos de dívida dispersa no tempo é uma medida de prudência para evitar que situações de crise prejudiquem demasiadamente a sustentação financeira, as operações e as intenções de investimento das companhias.

Esse objetivo de desconcentrar vencimentos é perseguido nos Estados Unidos e torna-se  mais almejado após um choque externo, segundo um estudo semelhante feito para aquele país. Os pesquisadores do Insper quiseram saber se o mesmo padrão ocorre no Brasil.

Para isso, primeiro avaliaram como as empresas administram habitualmente o seu perfil de endividamento. Entre 2010 e 2019, as companhias analisadas contrataram novas dívidas com perfil de vencimentos semelhante ao da dívida que ainda mantinham em carteira, contribuindo assim para a concentração dos períodos de liquidação ou rolagem.

Em seguida, escolheram a perda do grau de investimento da dívida soberana brasileira, em setembro de 2015, como um evento de choque. O incidente, em tese, estimularia as empresas com alta parcela de obrigações a saldar no curto prazo a diversificar o perfil de vencimentos ao contratarem dívida nova.

Companhias mais expostas, com pelo menos 30% de dívida a vencer em até um ano antes do rebaixamento do Brasil, foram comparadas com um grupo de controle formado por empresas com baixa exposição. Um ano depois do choque, as empresas mais expostas haviam diversificado menos as suas dívidas do que as menos expostas.

Ambos os resultados contrariam os achados do estudo feito para os Estados Unidos e indicam que as empresas brasileiras não procuram — ou não conseguem — diversificar o perfil de vencimento de sua dívida.


Leia o estudo: Gestão dos Prazos da Dívida Corporativa: um Olhar para as Empresas de Capital Aberto no Brasil.


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