As aulas no Insper utilizaram como base o caso do programa Jovem de Futuro, que está sendo conduzido pelo estado em parceria com o Instituto Unibanco
Bruno Toranzo
Professores do Insper ministraram um curso para a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul sobre a importância de fazer uma avaliação de impacto e os desafios para implementá-la, incluindo os aspectos mais relevantes para que essa análise seja preservada. Por meio desse tipo de avaliação, no contexto da educação, o formulador de políticas públicas descobre se determinada ação produziu impacto positivo ou não no desempenho dos alunos, assim como a magnitude desse efeito. Para que os resultados possam ser mensurados, nem todos os estudantes gaúchos são submetidos à ação desde o início. Um grupo de escolas só irá se beneficiar das ações do programa após o fim da avaliação de impacto, em 2027 — esse grupo é utilizado para a comparação dos resultados, em processo parecido com o teste da efetividade de uma medicação feito pela indústria farmacêutica.
“O curso, que teve como objetivo formar lideranças para desenvolver e aplicar conceitos e metodologias, como determinantes e gestão de dados, na avaliação de impacto de programas educacionais, ocorreu nos dias 30 e 31 de outubro, com 45 participantes”, diz Carmen Urrestarazu, analista de projetos educacionais customizados do Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP) do Insper.
As aulas utilizaram como base o caso do programa Jovem de Futuro, que está sendo conduzido pelo estado do Rio Grande do Sul em parceria com o Instituto Unibanco. “O propósito do curso é fazer com que a equipe da Secretaria se aproprie dos conceitos e faça parte da avaliação do impacto”, explica Laura Almeida Ramos de Abreu, pesquisadora do Insper que, ao lado de Laura Machado e Ricardo Paes de Barros, lecionou nesse curso de educação executiva.
No fim de setembro, o governo do Rio Grande do Sul, por meio de um acordo de cooperação firmado entre a Secretaria de Educação do estado e o Instituto Unibanco, lançou o programa Jovem de Futuro, juntando-se a outras dez unidades da federação que já desenvolvem essa iniciativa, criada em 2007. O Jovem de Futuro atua em parceria com as secretarias estaduais de ensino para implementar uma metodologia de gestão para o avanço da educação. O objetivo é aumentar a permanência dos estudantes nos anos finais dos ensinos Fundamental e Médio, além de melhorar seu desempenho.
Em 2005, apenas 5% dos jovens que estavam na 3ª série do Ensino Médio tinham aprendizado adequado em matemática nas escolas das redes públicas estaduais, considerando a escala criada em 2006 pelo movimento Todos pela Educação. Ao mesmo tempo, o Censo Escolar apontou que a taxa de abandono entre estudantes da rede estadual nesse nível de ensino chegou a 18% naquele ano, enquanto o índice de reprovados foi de 11%. Em outras palavras, somente sete a cada dez alunos eram aprovados.
Além de oferecer o curso, o Insper vai avaliar os resultados alcançados depois que o programa no Rio Grande do Sul for finalizado, o que deve ocorrer em 2027. Para isso, houve um sorteio para estabelecer o número de escolas que serão beneficiadas já em 2024 pela iniciativa. “São dois grupos estabelecidos, conforme prevê a metodologia da avaliação de impacto: as escolas com acesso imediato ao programa e as escolas com acesso só em 2027. No fim, vamos comparar os resultados para verificar se houve avanço em uma série de indicadores educacionais, como matrículas, frequência ou abandono e aprendizado”, explica Laura.
No próximo ano, 696 escolas gaúchas de 20 coordenadorias regionais da educação já estarão inseridas no Jovem de Futuro. As ações, que se articulam por meio do método chamado Circuito de Gestão, estão estruturadas em cinco eixos: governança, assessoria técnica, formação, mobilização e gestão do conhecimento. O programa será implantado ao longo de oito anos e, a partir de 2027, deverá ser expandido para todas as outras dez regiões do estado.
Ao melhorar a gestão da educação, comenta Laura, por meio de um plano de ação detalhado, o que se espera é o avanço no ensino, especialmente em relação aos esforços de melhoria de aprendizado dos alunos.