O professor Vinícius Müller, que dá aulas de Pensamento Crítico e Ética nos cursos de Educação Executiva no Insper, apresenta sugestões de leitura para formar a capacidade analítica
Vinícius Müller*
Pensamento crítico não é uma área do conhecimento nem um conteúdo a ser estudado. Antes, é um jeito de construir nosso modo de pensar, nossa capacidade analítica. Ou seja, é um modo de olharmos e pensarmos sobre o mundo. Por isso, há inúmeros caminhos para o desenvolvimento do pensamento crítico. Os livros a seguir ajudam em três aspectos: na capacidade de fazer perguntas melhores, no reconhecimento e enfrentamento de nossos vieses e na multiplicidade de trajetórias intelectuais e científicas para o entendimento de nosso próprio comportamento.
(Editora Sextante, 2021, 304 págs.)
Começando pelo mais simples, este livro de Adam Grant, professor da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, é muito interessante para praticarmos o ceticismo saudável que está na base do pensamento crítico, que é a capacidade de formular perguntas cada vez melhores. Leitura fácil, não toma muito tempo, mas aponta caminhos importantes para o pensamento crítico e para a quebra de dogmas.
(Penguin Books, 2019, 350 págs.)
Neste livro, a psicóloga social americana Jennifer Eberhardt trata do que talvez seja o maior desafio de qualquer formulação analítica: o viés. Quase sempre pensamos que somos racionais e ponderados em nossas seleções de informações, análises e opiniões. Nada mais enganoso. Quase sempre somos, na verdade, influenciados pelos vieses que construímos ao longo de nossa vida e que revelam nossas experiências pessoais. Um dos maiores desafios do pensamento crítico é justamente reconhecer que temos vieses, identificá-los e enfrentá-los. Quer dizer, muitos acham que, já que todos nós temos vieses, então basta reconhecê-los. Pensamento crítico é, ao contrário, a capacidade de duvidarmos de nossos próprios vieses.
(Penguin Books, 2017, 800 págs.)
Neste livro, Robert Sapolsky, professor de ciências biológicas e neurologia na Universidade Stanford, explora de modo complexo a relação entre a evolução, o comportamento e a neurociência, criando uma intrigante teoria sobre as origens e a persistência de nossos vieses. Mais interessante ainda é que desmistifica opiniões sobre nosso comportamento, estabelecendo um diálogo essencial entre cultura e biologia, entre determinantes do cérebro e experiência social.
(*) Vinícius Müller é professor de História Econômica (Graduação), Pensamento Crítico e Ética (Educação Executiva) e Contexto Político Internacional e Nacional (MBA) no Insper