O número de veículos movidos a eletricidade no mundo deve passar de 26 milhões em 2022, dez vezes mais do que há cinco anos
Na primeira semana de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teve uma vitória significativa ao ver aprovado no Senado um pacote envolvendo programas ambientais, tributários e de saúde. A lei aprovada prevê investimentos de 430 bilhões de dólares em iniciativas de energia limpa e combate aos efeitos da mudança climática, o que deve beneficiar a indústria de veículos elétricos.
Atualmente, os Estados Unidos são o terceiro maior mercado de carros elétricos no mundo, muito atrás das líderes, a China e a Europa. O pacote do governo americano deve conceder diversos tipos de incentivos fiscais para reduzir o custo de energias renováveis e estimular os consumidores a trocarem os veículos movidos a combustível fóssil por veículos elétricos.
Esse é um mercado em rápido crescimento. Até o fim do ano, segundo projeções da BloombergNEF, empresa especializada em análise do mercado de energia, o mundo deverá ter mais de 26 milhões de veículos elétricos em circulação — mais de dez vezes em relação a cinco anos atrás.
No segundo semestre deste ano, quase 1 milhão de veículos elétricos por mês devem ser adicionados à frota global, o que representa uma média de um carro a cada 3 segundos. Os números da BloombergNEF incluem os carros puramente elétricos e os híbridos plug-in (conhecidos pela sigla em inglês PHEV), que são os carros híbridos que podem ser ligados à tomada para carregar a bateria do motor elétrico.
A China responde por 46% do total de vendas até o momento, seguida pela Europa, com 34%. A América do Norte ocupa um distante terceiro lugar, com 15%. Os demais países, somados, representam apenas 5% da frota global de veículos elétricos.
Na China, os carros elétricos estão se popularizando mais rapidamente do que em outros países porque seus veículos são tipicamente menores do que em outros mercados, com custos de fabricação mais baixos. O preço médio de um carro elétrico na China é apenas 10% superior ao dos modelos convencionais — em outros países, custam em média 45% a 50% mais. O modelo elétrico mais vendido na China neste ano é o Hongguang Mini, por cerca de 4.700 dólares.
No Brasil, os carros elétricos mais baratos são vendidos por aproximadamente 150 mil reais, ou 29 mil dólares. Estima-se que a frota de veículos eletrificados no país seja de cerca de 100 mil veículos, o que representa em torno de 0,3% da frota total em circulação.
No mundo inteiro, a BloombergNEF estima que haja 1,2 bilhão de veículos leves de passageiros em circulação. No final de 2022, pouco mais de 2% deles serão elétricos. Portanto, ainda há um longo caminho a percorrer para os veículos elétricos tenham uma participação relevante no mercado.
Segundo um relatório da Agência Internacional de Energia, no curto prazo, os maiores obstáculos para a manutenção das fortes vendas de veículos elétricos são os preços crescentes de alguns minerais essenciais para a fabricação de baterias. Os preços do lítio, um mineral crucial para baterias de carros, eram sete vezes mais altos em maio de 2022 do que no início de 2021. Os preços do cobalto e do níquel também subiram.
Outro problema são as interrupções na cadeia de suprimentos causadas pelos contínuos bloqueios em função da covid-19 em algumas partes da China, além dos efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A Rússia fornece 20% do níquel global para baterias. No longo prazo, segundo o relatório da AIE, são necessários maiores esforços para implantar infraestrutura de carregamento suficiente para atender ao crescimento esperado nas vendas de carros elétricos.
O mercado global de baterias para veículos elétricos era avaliado em 23 bilhões de dólares em 2017 e deve chegar a 84 bilhões de dólares até 2025, um crescimento de 17% ao ano, segundo projeções da empresa de análise de mercado Allied Market Research. Segundo a empresa, o surgimento da tecnologia de íons de lítio impulsionou a taxa de crescimento de baterias nas últimas duas décadas. Enquanto os veículos híbridos iniciais usavam baterias de hidreto de metal de níquel (NiMH), as baterias de íons de lítio têm sido as principais soluções para alimentar os novos veículos elétricos. Alta densidade de energia, capacidade de retenção de carga e baixa manutenção são algumas das vantagens das baterias de íons de lítio.
A fabricação de baterias, aliás, é um negócio dominado por um reduzido número de empresas asiáticas. Em 2021, as cinco maiores fabricantes detinham quase 80% do mercado global. Sozinha, a líder do segmento, a chinesa CATL, que fornecesse baterias para montadoras como a Tesla e a Volkswagen, detinha quase um terço do mercado mundial.