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Sobre movimento negro, ativismo LGBTI+, ambiente urbano e democracia

A professora Bianca Tavolari, que coordena a seção “As cidades e as coisas” na revista Quatro Cinco Um, indica podcasts e livros para entender esses temas

Professora Bianca Tavolari

A professora Bianca Tavolari, que coordena a seção “As cidades e as coisas” na revista Quatro Cinco Um, indica podcasts e livros para entender  esses temas

 

Tiago Cordeiro

 

As questões mais urgentes da atualidade fazem parte da rotina de Bianca Tavolari. Bacharel em Direito e Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre e doutora em Direito pela Universidade de São Paulo, ela é pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e professora do Insper, onde leciona nos programas de Graduação em Administração e integra o núcleo docente responsável pelo projeto do curso de Graduação em Direito.

Dedicada ao estudo de questões urbanas e direito, direito à cidade, movimentos sociais urbanos, economia urbana do compartilhamento, direito e teoria crítica, ela também coordena a seção “As cidades e as coisas” na revista Quatro Cinco Um.

Abaixo, a professora e pesquisadora lista três indicações de livros — e duas de podcasts — que considera cruciais para entender os tempos atuais. Confira.

 

Capa do podcast Mano a Mano

1) “Mano Brown recebe Sueli Carneiro”, episódio do podcast Mano a Mano

“É uma conversa fundamental — e deliciosa de ouvir — entre Mano Brown, que dispensa apresentações, e Sueli Carneiro, uma das maiores intelectuais e referência histórica do movimento negro no Brasil. A conversa passa pelo começo dos Racionais, com o apoio de Sueli Carneiro à formação de jovens da cena do rap e hip hop, para entrar em discussões sobre desigualdade social e racial. Sueli Carneiro problematiza afirmações como ‘a favela venceu’, ‘negros no topo’, esclarece sua frase ‘Entre a esquerda e a direita, eu continuo preta’ e traz um argumento muito interessante sobre políticas de cotas raciais, traçando paralelos com a política de imigração de europeus.”

 

Capa do livro Flâneuse, de Laura Elkin

2) Flâneuse: mulheres que caminham pela cidade em Paris, Nova York, Tóquio, Veneza e Londres, livro de Lauren Elkin, em pré-venda (Editora Fósforo, 2022)

“Sou muito suspeita. Este é um dos meus livros favoritos sobre cidades e que agora ganha tradução para o português. Tive ainda a alegria e o privilégio de escrever o texto de orelha do livro. Elkin toma a figura do flâneur como ponto de partida, este homem que vagueia pelas ruas, que consegue se fazer invisível e pode andar pelas grandes cidades a esmo, com um olhar desinteressado e sem ponto fixo. Não é qualquer figura, é uma das principais representações da modernidade, central para Baudelaire e Walter Benjamin. Mas e as mulheres, não estavam nas ruas? Elkin empreende um recenseamento de mulheres artistas que ocuparam as ruas de diferentes cidades, não apenas para virar uma chave de gênero, mas para pensar numa figura andarilha em seus próprios termos. Dá vontade de calçar os sapatos e sair para andar!”

 

Capa do livro Movimento LGBTI+

 

3) Movimento LGBTI+: Uma breve história do século XIX aos nossos dias, livro de Renan Quinalha (Autêntica, 2022)

“Também sou altamente suspeita aqui — o livro foi tema da minha última resenha na revista Quatro Cinco Um. Além disso, Renan Quinalha é professor de Direito da Unifesp e também um grande amigo desde nossos tempos de graduação. O livro vale muito a pena por traçar um panorama histórico sobre o ativismo LGBTI+, antes e para além de Stonewall. Quinalha nos leva para a virada do século em Berlim, uma das primeiras cidades a ter associações explicitamente gays, que resistiam à proibição da sexualidade homoerótica prevista no Código Penal prussiano. Os Estados Unidos são a outra parada, com destaque para a importância que espaços públicos e semipúblicos, como bares — Stonewall era um bar! —  e praças tiveram para o compartilhamento de experiências tidas como desviantes. Há também um capítulo sobre o Brasil, além de uma discussão didática sobre os desafios do movimento LGBTI+ nos dias de hoje, tematizando a ideia de ‘identitarismo’, ‘ideologia de gênero’, ‘pink Money’, entre outros.

 

Capa do livro Limites da Democracia

4) Limites da democracia: de junho de 2013 ao governo Bolsonaro, livro de Marcos Nobre (Todavia, 2022)

“Marcos Nobre acaba de lançar este livro de interpretação sobre o Brasil, ou melhor, sobre o buraco em que nossa democracia entrou. É um livro imprescindível para quem quer entender como chegamos até aqui, os nossos retrocessos democráticos e os enormes desafios que temos pela frente, para muito além da eleição. Marcos Nobre tem uma das interpretações mais instigantes sobre junho de 2013, dando a devida complexidade para o movimento que esgarçou os problemas de representação política em um momento em que a economia não ia mal, pelo contrário. Também cunhou o conceito de ‘pemedebismo’ para caracterizar o que grande parte da ciência política costuma chamar de ‘presidencialismo de coalizão’, para indicar um modo de operar inaugurado pelo PMDB, mas não restrito a apenas um partido, em que se é governo independentemente do governo vencedor, o que permite constituir uma força em torno de vetos. Neste novo livro, Marcos discute a importância do que ele chama de ‘partido digital bolsonarista’. É imperdível.”

 

Capa do podcast O Assunto, com Renata Lo Prete

5) “O Assunto”, podcast diário conduzido pela jornalista Renata Lo Prete

“Mais do que nunca é imprescindível ler jornal. Por vezes, ‘ler jornal’ estritamente — abrir a home de um dos jornais de grande circulação nacional, clicar sistematicamente em notícias e ler — é algo muito longe do cotidiano das pessoas. O podcast da Renata Lo Prete é diário para acompanhar as notícias mais relevantes do dia e da semana. Não substitui a leitura de notícias, mas discute, com profundidade e com especialistas, temas públicos nacionais. Ouço todos os dias. Nesta semana, da ‘PEC Kamikaze’ às denúncias de assédio do presidente da Caixa, passando pelo Vale do Javari, onde aconteceu a brutal execução de Bruno Pereira e Dom Philips, o podcast nos ajuda a navegar nestes tempos cada vez mais difíceis que estamos vivendo.”

 

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