[{"jcr:title":"Luta das mulheres negras contra o preconceito é lembrada em 25 de julho"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"Luta das mulheres negras contra o preconceito é lembrada em 25 de julho","jcr:description":"O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha representa uma oportunidade para refletir sobre o impacto do racismo nas mulheres"},{"subtitle":"O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha representa uma oportunidade para refletir sobre o impacto do racismo nas mulheres","author":"Ernesto Yoshida","title":"Luta das mulheres negras contra o preconceito é lembrada em 25 de julho","content":"O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha representa uma oportunidade para refletir sobre o impacto do racismo nas mulheres   Natasha Ferreira, colaboradora da área de Relacionamento Institucional   Tiago Cordeiro   De cada 100 mulheres negras ouvidas em uma [pesquisa](https://contec.org.br/63-das-mulheres-negras-ja-sofreram-preconceito-em-selecoes-de-emprego-mostra-pesquisa/) no Brasil, 63 relatam  já ter sofrido preconceito no processo seletivo por vagas de emprego, segundo o movimento Potências Negras. Já o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Universidade de São Paulo (Made/USP), aponta em um [levantamento](https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/12/705-mil-homens-brancos-tem-renda-maior-que-a-de-todas-as-mulheres-negras.shtml) que 1% dos homens brancos ricos do país, grupo formado por 705 mil pessoas, ganha mais do que a soma de 33 milhões de mulheres negras no Brasil, que representam 26% da população de adultos do país. Além disso, apesar de representar 50% do total de mulheres no Brasil, as negras correspondem a 66% das mulheres vítimas de homicídio no país, de acordo com o [“Atlas da Violência”](https://ipea.gov.br/atlasviolencia/) , produzido pelo Ipea. O risco de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 1,7 vez maior que o de uma mulher não negra. São alguns números que vêm à tona por ocasião do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha , que é celebrado desde 1992 em 25 de julho. Nessa data, há 20 anos, um grupo de mulheres negras de diferentes países da América Latina e do Caribe se reuniu em Santo Domingo, capital da República Dominicana, para estabelecer uma agenda conjunta de combate ao preconceito. “Esse dia é um marco na luta da mulher negra pela inclusão nos espaços de poder. É muito importante lembrarmos a data e darmos visibilidade às pessoas”, afirma Natasha Ferreira, colaboradora que atua na área de Relacionamento Institucional do Insper e integra a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão. “Ganhamos espaço, inclusive, na publicidade. Vemos uma melhora na diversidade nas prateleiras, com o mercado de cosméticos valorizando o cabelo negro, cacheado. Mas, em outras frentes, ainda sentimos falta de um tratamento mais igualitário”, afirma. “Precisaremos de muitos anos de luta ativa para mudar esse cenário.” O Insper vai participar da celebração da data com eventos que estimulem a reflexão sobre o papel da mulher negra no continente. “Entendemos que algumas pessoas não sabem o que estão fazendo quando trazem falas racistas. É algo muito enraizado. Eventos e campanhas de conscientização contribuem para mudar esse cenário”, diz Natasha Ferreira. No Brasil, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha também homenageia a líder negra Tereza de Benguela, que viveu no século 18 e, depois da morte do marido, assumiu o comando do Quilombo Quariterê, onde morou por várias décadas. Tereza de Benguela liderou a comunidade não apenas contra ataques militares, mas também adotou uma série de iniciativas pioneiras, com o cultivo de algodão, utilizado para produzir tecidos. Seu exemplo é relembrado desde, pelo menos, a década de 1950, quando foi fundado o Conselho Nacional de Mulheres Negras no Rio de Janeiro. Ainda em julho, no dia 31, é celebrado também o Dia da Mulher Africana. Esta data é celebrada desde 1962. A comemoração tem como objetivo dar visibilidade às lutas em busca de maior respeito com as mulheres negras africanas.   Quem foi Tereza de Benguela   Imagem representativa de líder quilombola Tereza de Benguela   Em 2014, a Lei 12.987 instituiu 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra , em homenagem à rainha e guerreira que liderou o Quilombo do Quariterê, na região do atual estado de Mato Grosso. Esse mesmo dia coincide com o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, celebrado desde 1992. A data internacional foi criada durante o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, na República Dominicana, que consolidou uma série de atuações de movimentos de mulheres negras no combate às discriminações de raça e gênero. Desde então, a organização das mulheres negras ganhou um marco oficial a uma luta e resistência que vinha de décadas. A história de Teresa de Benguela é um exemplo da participação da mulher negra na resistência contra a escravidão. Depois da morte do marido, José Piolho, ela comandou o Quilombo do Quariterê de 1750 a 1770. No local, chegaram a viver e trabalhar — num regime de produção coletiva — quase 300 pessoas que escaparam da escravidão das minas de ouro e pedras preciosas. O quilombo foi destruído pelas forças portuguesas depois de resistir por 30 anos aos ataques. Os que não morreram na ação foram presos, marcados a ferro e devolvidos a seus antigos escravizadores. Não há registros precisos da morte de Tereza de Benguela, se assassinada ou por suicídio depois da prisão. Nos anos seguintes, os sobreviventes do Quilombo do Quariterê tentaram se reorganizar na região, mas foram novamente atacados e dizimados. ( Leandro Steiw )"}]