O alumnus Bruno Fava relembra os desafios e as conquistas em sua trajetória do interior de São Paulo ao doutorado em uma universidade nos Estados Unidos
Bárbara Nór
De uma família humilde no interior de São Paulo para um doutorado em Economia em uma das mais tradicionais universidades americanas, a história de Bruno Fava, um dos mais de 700 alunos que já foram beneficiados pelo Programa de Bolsas do Insper, é marcada por conquistas e superações.
Nascido em São José dos Campos, Bruno, 24 anos, conta que sua família sempre foi muito simples. O avô, por exemplo, era caminhoneiro e a avó, costureira. Sua mãe, vinda do interior de Minas Gerais, sempre trabalhara na roça.
Mas a educação de Bruno sempre foi a prioridade — inclusive para que ele pudesse subir na vida. “Eles nunca tiveram instrução, mas minha mãe sempre batalhou para eu conseguir estudar e me incentivou muito”, conta Bruno. Não só a importância do estudo era tema recorrente em casa, como suas boas notas eram celebradas com pequenos presentes.
Assim, desde cedo Bruno desenvolveu a disciplina para estudar. E foi graças a isso que ele teve uma de suas primeiras conquistas, ao entrar na escola da Embraer nos últimos três anos do ensino médio, depois de ter passado toda a vida estudantil na rede pública.
Era uma prova concorrida e Bruno não podia pagar o cursinho. “Comecei a estudar por conta e consegui passar”, diz. A mudança foi crucial. “Foi um salto sair da escola pública e ir para o que era o melhor colégio da região”.
Lá, começou a entrar em contato com discussões novas para ele, como questões políticas e sociais. “Comecei a ver como a economia impactava em tudo: nas pessoas, na questão de emprego, de renda, tudo isso está relacionado”, diz. “E por ter vindo de uma família pobre, essas questões me interessavam”. Combinando isso com seu gosto por matemática, tudo convergiu para que ele decidisse cursar Economia.
E foi no colégio da Embraer também que Bruno teve seu primeiro contato com o Insper. A escola promovia eventos com ex-alunos para falar sobre as universidades em rodas de conversa — e, em uma delas, os participantes comentaram sobre sua experiência positiva com o Insper. “Lembro que depois disso fui fazer o vestibular como treineiro e conhecer a faculdade, vi que era um lugar maravilhoso”, diz Bruno. “Fiquei encantado com a estrutura.” Tanto que, em 2015, depois de passar em universidades como a USP e FGV, Bruno decidiu cursar Economia no Insper.
A decisão teve outro motivo importante: a bolsa oferecida pelo Insper, que não só custeava a mensalidade do curso, mas ainda fornecia uma renda extra que permitia a Bruno se manter em São Paulo sozinho sem ajuda da família. Além disso, ele ainda teve ajuda para comprar um notebook e alugar um apartamento na cidade.
Depois de um choque inicial, com um ambiente muito diferente do que ele estava acostumado em São José dos Campos, Bruno conta que um dos destaques no Insper foi poder enriquecer ainda mais seu repertório. “É outra visão, é muito aprendizado com pessoas que estudaram coisas diferentes ao longo da vida e têm outros pontos de vista”, diz. Ele destaca também sua relação com os docentes — durante a graduação, ele trabalhou como assistente de pesquisa de três professores diferentes.
Outra experiência memorável na faculdade foi quando Bruno ganhou uma bolsa para fazer um intercâmbio na Suíça, em uma parceria do Insper com a Fundação Lemann. “Foi incrível o aprendizado, poder praticar inglês e ganhar confiança em mim mesmo para sair do Brasil.”
A graduação no Insper o ajudou também em mais uma conquista: passar direto para o doutorado, aos 21 anos, na Northwestern University (NU), nos Estados Unidos, uma das mais prestigiosas instituições de ensino do mundo. A universidade foi fundada em 1851 e, entre seus professores e ex-alunos, há 22 vencedores do Prêmio Nobel.
“O apoio dos meus professores do Insper foi fundamental nessa decisão de fazer o doutorado e ter chegado lá”, afirma Bruno, que está morando em Evanston, uma cidade perto de Chicago, no estado de Illinois, onde fica o campus da NU. Bruno conseguiu uma bolsa de 100% da própria universidade. “A única contrapartida é trabalhar como assistente de pesquisa ou professor assistente durante o doutorado. O curso dura geralmente seis anos e já terminei dois anos”, diz Bruno.
Na NU, o alumnus vem unindo seus interesses em econometria, despertados por seu orientador no Insper, e em questões sociais e de desenvolvimento. “Ter a bolsa e as oportunidades que o Insper criou foram um trampolim gigantesco para mim. Acho que não conseguiria estar onde estou não fossem iniciativas como essa”, afirma. “Para quem quer estudar, mas não tem oportunidade ou condição, faz total diferença.”