Thalia e Alexia, estudantes de Engenharia de Computação, e Pedro Henrique, de Administração, estão entre os mais de 700 alunos contemplados pelo Insper com algum tipo de bolsa
Bruno Toranzo
“Fiz um cartão de crédito daqueles de rede varejista, com 500 reais de limite, apenas para poder comprar minha passagem de avião parcelada para fazer o vestibular em São Paulo”, relembrou Thalia Loiola Silva, de 24 anos, aluna de Engenharia de Computação do Insper, cursando atualmente o sétimo semestre. Ela descreveu como fez para viajar de Fortaleza, onde morava com seus pais e irmãos, para fazer em 2018 a prova de ingresso no Insper. “Fiquei alguns dias em São Paulo, na casa de amigos”, disse.
O plano deu certo. Além de passar em ambas as fases do vestibular, foi aprovada no Programa de Bolsas do Insper. Durante sua trajetória até a faculdade, Thalia contou com o apoio da mãe, professora de escola pública municipal, e do pai, vendedor de automóveis. Este sempre dizia que “jamais faltariam em casa arroz, feijão e educação”.
O Programa de Bolsas do Insper, criado em 2004, representa uma das principais iniciativas sociais da instituição, tendo viabilizado o acesso acadêmico de jovens com alto potencial. Até agora, o programa beneficiou mais de 700 alunos com algum tipo de bolsa. Desses, mais de 400 já se formaram. Há três fontes de recursos: doações de pessoas físicas e jurídicas; restituição feita pelos bolsistas já formados; e transferência de parte da receita da graduação.
Thalia optou pelo curso de Engenharia da Computação e disse que uma das motivações para a escolha foi se tornar referência para as mulheres na área de tecnologia. “O curso ainda tem predomínio masculino, embora essa situação venha mudando nos últimos anos, com cada vez mais mulheres interessadas”, observou.
De fato, há um movimento de diversos setores da sociedade para estimular a formação profissional feminina nesses campos. Em parceria com a Microsoft, a ONG de capacitação WoMakersCode, por exemplo, anunciou recentemente o início da primeira edição do “Maratona Mulheres na Inovação”. O programa vai oferecer 5 mil vagas para mulheres que se interessem por capacitação profissional na área de tecnologia.
Praticamente formada, Thalia já passou por diversas empresas, como Ame Digital, BTG Pactual e TradeMap, trabalhando principalmente com business intelligence. Seu objetivo é atuar como engenheira de dados, lidando no dia a dia com big data, análise de dados e cloud computing.
“Além de todo o conhecimento proporcionado, o Programa de Bolsas oferece aos alunos um networking absurdo, o que resulta no contato com profissionais capacitados e inseridos no mercado de trabalho”, disse a aluna. “Futuramente, serei certamente uma doadora no Programa de Bolsas para possibilitar a outras pessoas todas as oportunidades que tive.”
Outro estudante bolsista, Pedro Henrique Cândido da Silva, de 20 anos, aluno do quarto semestre do curso de Administração, está fazendo as malas para um novo e importante passo. “Já estou me preparando para estudar na França, no próximo semestre. Não terei gastos com a instituição de ensino, já que são 100% cobertos pelo Programa de Bolsas. Só precisarei arcar com os custos de vida”, disse.
Natural de Campinas, Pedro Henrique estudará na Kedge Business School, em Bordeaux, no sudoeste da França. “Será, em termos de graduação, como se eu estivesse estudando aqui no Insper, com a diferença de que estarei fora do país. Minha expectativa é alta. Estudar fora é sempre importante para a carreira.”
Quando seu pai faleceu em um acidente de carro, Pedro Henrique, além da tristeza da perda, viu sua vida mudar radicalmente. “Até então, eu estudava em escola privada, mas, como minha mãe era dona de casa e não trabalhava, a situação ficou bem apertada, e fui para a escola pública”, relembrou. Aos 14 anos, ele começou a trabalhar como aprendiz de serviços administrativos do Sesc Campinas. “Conheci bastante gente. Foi uma boa oportunidade, apesar de precisar fazer o ensino médio à noite, pois trabalhava o dia inteiro.”
No segundo ano do ensino médio, sua mãe conseguiu se realocar no mercado de trabalho, e ele pôde se dedicar apenas aos estudos. “Decidi estudar para valer, especialmente as matérias de Exatas, que sempre me interessaram. Fui medalhista de ouro da Olimpíada Brasileira de Astronomia (Oba) em 2017, respondendo a perguntas sobre física e espaço, como características dos planetas e referentes ao solstício”, lembrou.
No cursinho pré-vestibular, Pedro Henrique percebeu que gostaria de trabalhar com negócios e finanças, contribuindo para a consolidação de empresas no mercado. “Nesse período, visitei o Insper e me apaixonei pela instituição. Passei na primeira chamada, além de conquistar bolsa integral”, disse.
Sobre seus planos de carreira, ele pretende atuar com private equity (investimento de risco). “É uma oportunidade de trabalhar com uma carteira de investimentos, alocando recursos em diferentes empresas, e, mais do que isso, fazendo a gestão delas.”
Desde 2017, os bolsistas integrais de outros estados ou que residem longe da capital, quando comprovada a necessidade de auxílio-moradia, podem residir na chamada Toca da Raposa, primeiro residencial estudantil de uma faculdade privada em São Paulo. O local foi doado pela Fundação Brava.
Alexia Barbosa Pires, de 22 anos, nascida em Guajará-Mirim, cidade de Rondônia, é uma das moradoras da Toca. “O Insper é uma instituição incrível, por toda a estrutura que oferece, pelos professores excelentes, por ser sem fins lucrativos e pelo fato de as coisas realmente funcionarem bem”, disse a estudante do curso de Engenharia da Computação, reconhecendo que o programa de bolsas mudou sua vida. “Sou muito grata por essa oportunidade.”