Com palestras e participação de mais de 120 editoras, programação vai até domingo, dia 12, na Praça Charles Miller, no Pacaembu
Tiago Cordeiro
Reproduzir as tradicionais feiras literárias a céu aberto europeias, aproximando leitores, autores, editores e livreiros. Essa é a proposta da organização sem fins lucrativos Quatro Cinco Um com a nova Feira do Livro. Realizada na Praça Charles Miller, em São Paulo, ela teve início no dia 8 de junho e prossegue até domingo, dia 12.
O entorno da praça, de 15 mil metros quadrados, reúne espaços para oficinas sobre a cultura do livro, incluindo encadernação manual e contação de história. O evento conta com duas mesas literárias, instaladas no Palco da Praça e no auditório Armando Nogueira, que fica dentro do Museu do Futebol, parte do complexo do Pacaembu.
Participam do evento120 editoras, livrarias e bancas, além de mais de 45 convidados. Além disso, as mesas de ciência e divulgação científica, realizadas com o apoio do Instituto Serrapilheira, vão colocar o público em contato com alguns dos mais destacados autores de livros de ciência no Brasil, em áreas como biologia marinha, arqueologia, história da ciência, medicina, epidemiologia e outros campos do conhecimento.
Entre os destaques para o fim de semana está a presença de Bianca Tavolari, professora do Insper. No sábado, dia 11, ela participa de um painel ao lado da ativista por moradia, multiartista e escritora brasileira Preta Ferreira.
Bianca é coordenadora do Núcleo de Questões Urbanas do Centro de Regulação e Democracia do Insper e uma das coordenadoras do Observatório do Plano Diretor. Mantém na revista 451 uma coluna fixa, As Cidades e as Coisas. Ela diz que a ideia do painel surgiu de uma resenha que ela escreveu a respeito do livro Vidas Rebeldes, Belos Experimentos, da escritora americana Saidiya Hartman. “A obra retrata mulheres negras americanas da década de 1920, que, do ponto de vista dos documentos oficiais, estavam nos extremos da ilicitude, em termos criminais e comportamentais. Hartman reconstrói a vida dessas mulheres considerando a hipótese de que elas eram pioneiras”, relata a professora.
“Se a autora trouxesse essa abordagem para as mulheres atuais, uma delas seria Preta Ferreira, uma artista que já ficou presa por 108 dias, em decorrência de ocupações do movimento por moradia, e dentro da cela escreveu o livro Minha Carne”.
A professora lembra que, diferentemente da Bienal do Livro, a nova feira paulistana tem uma proposta diferente. “É um evento público, aberto e gratuito, que convida os visitantes a dialogar com autores e autoras, pedir autógrafos, entrar em contato não apenas com editoras, mas com instituições em geral que produzem publicações”, diz.
A programação da nova Feira do Livro de São Paulo inclui também a produção de uma foto de escritoras em uma escadaria da praça, batizada pela feira como Escadaria Patrícia Galvão, no domingo, às 11h. A convite de escritoras de ficção, o maior número possível de mulheres com livros publicados vai se reunir no local para produzir essa imagem. A fotógrafa será a paulistana Mariana Vieira.
Confira alguns dos demais destaques dos últimos três dias de evento:
15h – Palco da Praça
Drauzio Varella, com mediação de Claudia Collucci
17h – Palco da Praça
Janaína de Figueiredo e Reginaldo Prandi
19h – Palco da Praça
Djamila Ribeiro, com mediação de Adriana Ferreira Silva
10h, Palco da Praça
Preta Ferreira, com mediação de Bianca Tavolari
17h – Auditório Armando Nogueira
Sofia Nestrovski, Leda Cartum e Pedro Paulo Pimenta
19h – Palco da Praça
Jeferson Tenório e José Falero
12h – Palco da Praça
Xico Sá
17h – Auditório Armando Nogueira
Sidarta Ribeiro e Hanna Limulja, com mediação de Paula Carvalho
17h – Palco da Praça
Renato Noguera e Letrux
Local: Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu
Horário: quarta, das 15h às 21h; quinta a domingo, das 10h às 21h
Palco da Praça: livre acesso
Auditório Armando Nogueira: livre acesso, mas limitado à lotação do espaço