Iniciativa do Hub de Inovação do Insper quer ampliar a presença de mulheres em carreiras de tecnologia e em postos de liderança
Bárbara Nór
Diversidade e inclusão são essenciais em todos os setores, mas são particularmente críticas na área de tecnologia e em postos de liderança. Foi essa percepção que deu impulso para a criação do Women in Tech, iniciativa encabeçada pelo Hub de Inovação do Insper, que quer aumentar a presença feminina tanto nos cursos da escola quanto em cargos de liderança e de tecnologia no mercado.
Segundo Carolina Fouad, gerente de projetos do Hub de Inovação do Insper, a ideia da iniciativa nasceu no fim de 2021 e tem como principal sponsor Tania Haddad, conselheira do Insper. Por envolver tecnologia e ter como meta questionar a baixa presença feminina no mercado, o projeto acabou sendo abraçado pela área de Inovação do Insper. “O tema é inovador no que diz respeito a estruturar e colocar as ações em prática, o que não é um desafio trivial”, diz Carolina. Afinal, a ideia não é impactar somente o Insper, mas envolver a comunidade como um todo, com outras empresas e parcerias.
Por enquanto, três encontros foram feitos para mapear as possíveis iniciativas, bem como uma pesquisa para entender a situação tanto fora quanto dentro no próprio Insper. E o que se observou é que o gap nas áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) ainda é grande. As mulheres ocupam, por exemplo, apenas 16% das vagas nos cursos de computação e representam 20% dos profissionais no mercado de tecnologia da informação no Brasil. E, mesmo sendo metade da população do país, elas também são minoria entre os pesquisadores brasileiros: apenas um em cada quatro pesquisadores seniores é mulher.
Já um levantamento interno mostrou que, se alguns resultados positivos surpreendem — como a maioria das mulheres nas presidências de conselhos de alunos nos cursos de tecnologia —, ainda há oportunidade para aumentar a presença feminina nos cursos de STEM do Insper. “Entendemos que o ponto de partida é olhar para dentro de casa para que possamos estender as iniciativas para a sociedade”, diz Carolina.
“O Insper é um formador de pessoas e de líderes”, diz Ana Calçado, advisory do Hub de Inovação do Insper e CEO da Wylinka, ONG voltada para tecnologia, inovação e empreendedorismo de impacto. “Precisamos garantir que estejamos formando mulheres para essas posições.” O desafio é que essa é uma questão que vai muito além da própria instituição: trata-se um problema sociocultural. Ana cita um estudo publicado na revista Science em 2017 que mostrou que os estereótipos de gênero sobre a capacidade intelectual surgem já na infância. A partir dos 6 anos, as meninas passam a se achar menos inteligentes que os meninos — percepção que acaba tendo consequências na vida profissional e nas escolhas de carreira das mulheres.
Tanto que outro estudo, realizado na Suécia em 2016, mostrou que a sensação de pertencimento está por trás da escolha de mais homens para carreiras em STEM e mais mulheres para áreas de saúde, ensino básico (como professoras ou outras atividades) e trabalho doméstico. Além disso, os cuidados com a família e a casa ainda são, em sua maior parte, responsabilidade feminina. “As mulheres acabam tendo menos oportunidades porque se sentem menos capazes e não veem em quem se espelhar na liderança”, diz Ana.
Para dar conta desse cenário, dizem Ana e Carolina, é necessário um trabalho de conscientização e de quebra de estereótipos. E essa será justamente a primeira etapa do Women in Tech. “Vamos tratando aos poucos, identificando os desafios e as oportunidades com parceiros para nos ajudar no esforço de inserção de mais mulheres em tecnologia e na liderança”, diz Carolina.
Para dar o pontapé dessas iniciativas, o Hub de Inovação do Insper e o Cemp (Centro de Empreendedorismo do Insper) organizaram o evento Negócios: Um Assunto de Mulheres, no dia 19 de maio, com a presença de Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, e de três empreendedoras da comunidade Insper: Andresa Bicudo, fundadora da startup Backstage, Bárbara Diniz, cofundadora da startup Dress and Go, e Patrícia Palomo, fundadora da startup Controlow.
Na conversa, mediada por Ana Calçado, as participantes irão compartilhar suas jornadas profissionais e dividir os desafios e conquistas. A ideia é, além de conscientizar para o tema da presença feminina no mercado, trazer inspiração e role models para as participantes. “Queremos trazer mais mulheres para a tecnologia porque as oportunidades e os desafios são maiores e essa é a área do futuro”, afirma Ana. “Queremos colocá-las em lugares poderosos de futuro, onde elas poderão contribuir mais.”
19 de maio às 12h
Local: Auditório Steffi e Max Perlman – Térreo – Prédio 1
O evento será presencial e gratuito
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