Insensíveis, ofensivos, racistas ou politicamente incorretos: 10 comerciais que despertaram indignação e críticas
A rede de fast food McDonald’s retirou do cardápio a sua nova linha de sanduíches chamada McPicanha, no dia 29 de abril, depois de admitir que na composição do hambúrguer não há picanha — apenas um “molho com aroma natural de picanha”. A falta da carne nobre que dá nome ao sanduíche virou alvo de indignação de consumidores e foi um dos principais temas dos últimos dias nas redes sociais.
No dia 3 de maio, foi a vez de a concorrente Burger King anunciar que estava renomeando seu sanduíche Whopper Costela como Whopper Paleta Suína. Motivo: o sanduíche, vendido desde o final de 2021, é feito, na realidade, com hambúrguer “100% carne de paleta suína com aroma de costela”. Segundo o Procon-SP, o Burger King pode receber multa de até 11,6 milhões de reais se for comprovado que a publicidade do Whopper Costela induziu consumidores a erro.
Não é a primeira (nem a segunda) vez que grandes anunciantes derrapam ao promover seus produtos. Muitos anúncios se tornaram alvos de críticas por seu conteúdo politicamente incorreto, por apelar ao erotismo ou à violência ou por total “falta de noção”. Em muitos casos, apesar das verbas milionárias destinadas às campanhas publicitárias, faltou simplesmente alguém mais atento para perceber que a ideia do anúncio, afinal, não era tão genial assim.
A seguir, uma amostra de 10 comerciais de TV que acabaram chamando a atenção do público — e dos críticos — por motivos errados. Para começar, um comercial do próprio McDonald’s.
Neste anúncio, que foi ao ar na Inglaterra às vésperas do Dia dos Pais, um menino órfão pergunta à mãe como era o seu pai. A narrativa da mãe entristece o menino, que sente ter pouco em comum com o pai. Ele só se alegra no final, em uma lanchonete do McDonald’s, claro. O menino escolhe um sanduíche de peixe e a mãe finalmente descobre algo em comum: “Esse também era o favorito do seu pai”.
Intitulado Night Owls (Notívagos), este anúncio promove o relógio Galaxy Watch4, o fone sem fio Galaxy Buds 2 e o smartphone Galaxy S22. Mostra uma jovem correndo às 2 horas da manhã, com fones de ouvido, por ruas e becos escuros. A ideia era exaltar o empoderamento feminino, mas o comercial foi muito criticado por ser irrealista: em quase nenhum lugar do mundo é seguro alguém — menos ainda uma mulher — correr pelas ruas de madrugada. O anúncio pegou mal no Reino Unido — em janeiro deste ano, uma professora primária foi atacada e morta por um homem quando corria sozinha (durante o dia) ao longo de um canal em Dublin.
A montadora sul-coreana Hyundai teve de se desculpar publicamente ao veicular no YouTube um anúncio para promover seu modelo ix35 movido a hidrogênio. O anúncio mostrava um homem de meia-idade tentando cometer suicídio sentado em seu carro com uma mangueira conectada ao tubo de escape que alimentava o interior do carro. O suicídio não deu certo porque a tecnologia do carro possibilita “100% de emissões de água”, em vez dos gases poluentes lançados por carros com combustível fóssil.
A japonesa Toyota lançou este comercial para promover o modelo RAV4 na Nova Zelândia. Batizado de “Happy Together” (Felizes Juntos), o anúncio começa mostrando um casal que acorda na cama de mãos dadas no que parece um clima de felicidade. Mas, à medida que se preparam para sair de casa, as coisas começam a esquentar. Literalmente, o casal tenta aniquilar um ao outro para ficar com a chave do novo RAV4, estacionado na rua. O excesso de violência gerou críticas, e o comercial foi banido no país.
A americana Microsoft fez este anúncio para promover o seu console de videogames Xbox 360, mas desistiu de veiculá-lo na TV por causar muita controvérsia. O comercial, considerado muito violento, mostrava passageiros em uma plataforma de metrô atirando com os dedos uns contra outros, como se estivessem num game.
A fabricante de bebidas Pepsi pediu desculpas por um anúncio polêmico inspirado no movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). A empresa foi criticada por banalizar os protestos contra os assassinatos de negros pela polícia. No comercial, as ruas são tomadas por manifestantes que riem, batem palmas e se abraçam, num clima de confraternização, totalmente diferente da tensão dos protestos reais. Na cena culminante do anúncio, um policial aceita uma lata de Pepsi da modelo Kendall Jenner, uma mulher branca, e sorri satisfeito, para o delírio geral dos manifestantes.
Este comercial do Doritos, feito para ser exibido no Super Bowl (final do campeonato da NFL, a principal liga de futebol americano dos Estados Unidos), provocou indignação em muita gente ao mostrar um futuro pai alheio, comendo Doritos enquanto sua mulher, grávida, fazia um exame de ultrassom. O pai só se anima ao perceber que o bebê na tela do ultrassom ficou atraído pelo biscoito de tortilla. Veja também este outro comercial do Doritos, igualmente polêmico, por sensualizar o salgadinho crocante.
A Popchips, fabricante de batatinhas fritas e outros salgadinhos, recebeu críticas generalizadas por uma campanha publicitária com o ator Ashton Kutcher. O anúncio apresentava Kutcher como um homem indiano de 39 anos “à procura de amor” em uma paródia no estilo de anúncio de namoro. O uso de maquiagem marrom no rosto de Kutcher e o sotaque carregado foram considerados ofensivos pelos imigrantes indianos, que formam a segunda maior comunidade de estrangeiros nos Estados Unidos (mais de 2,7 milhões de pessoas), atrás apenas dos mexicanos.
Qiaobi é uma marca de detergente fabricada pela chinesa Shanghai Leishang Cosmetics. Em um anúncio que provocou forte reação internacional, uma jovem chinesa flerta com um homem negro que apresenta manchas de tinta no rosto. A chinesa lhe dá então um pouco de detergente e o enfia dentro de uma máquina de lavar. Depois de um tempo, a jovem fica satisfeita ao ver o resultado: um chinês limpinho e reluzente.
Um anúncio da For Goodness Shakes, fabricante de vitaminas e suplementos na Inglaterra, foi vetado no país por mostrar homens em várias situações em que pareciam estar se masturbando em público. Na realidade, eles estavam agitando um shaker (misturador) para preparar sua bebida, mas a alusão à masturbação era óbvia, o que levou a Advertising Standards Authority, órgão regulador independente de publicidade do Reino Unido, a considerar o anúncio ofensivo e proibir sua veiculação.