Professores e alunos do Insper interagiram com pesquisadores e mestrandos do Cide, uma das mais importantes instituições mexicanas de ensino e pesquisa em ciências sociais
Leandro Steiw
O Insper realizou uma nova atividade de internacionalização Coil (Collaborative Online International Learning), desta vez no Mestrado Profissional em Políticas Públicas (MPP). A turma de Fundamentos da Gestão Pública debateu com os pesquisadores e alunos do Centro de Investigación y Docencia Económicas (Cide), uma das mais importantes instituições de ensino e pesquisa em ciências sociais do México. “Os nossos alunos tiveram contato com profissionais de uma instituição de qualidade, que é referência em pesquisa, o que foi importante para o amadurecimento deles”, diz o professor Marcelo Marchesini, que organizou o encontro em conjunto com os pesquisadores Elizabeth Pérez Chiqués e Oliver D. Meza.
A sessão foi direcionada ao tema da corrupção, objeto de pesquisa desses dois docentes do Cide. Discutiu-se o caso brasileiro da Operação Lava-Jato, a partir dos estudos de Chiqués e Meza. A dinâmica da aula contou com a leitura prévia de três artigos em comum, tanto para os brasileiros quanto para os mexicanos. Todos os alunos e convidados puderam se conhecer antes por meio de um mural virtual de apresentações e fotos.
O encontro começou com uma breve explicação do professor Marcelo Marchesini sobre a Operação Lava-Jato, seguida de duas sessões de debates em grupos mistos de participantes do Insper e do Cide, intercaladas por uma sessão plenária com todos reunidos. “Os professores Chiqués e Meza trouxeram uma análise mais teórica e conceitual sobre formas de identificar, lidar e prevenir corrupção”, conta Marchesini.
Aluna do MPP do Insper, a advogada Larissa Longo destaca a possibilidade de compartilhar percepções sobre a corrupção nos dois países. “Conseguimos identificar algumas semelhanças entre os escândalos de corrupção do Brasil e do México, como o maior envolvimento de determinados setores e falhas em processos de licitação”, afirma Larissa, que trabalha com pesquisas de política tributária. “Identificar essas similaridades é relevante porque, enquanto pesquisadores e formuladores de políticas públicas, podemos direcionar nossos esforços para compreender as falhas e sugerir melhorias.”
Para o administrador Carlos Pignatari, também aluno do MPP, foi significativa a maneira como os colegas do México identificam e classificam corrupção com base no repertório deles. “Acredito que compartilhar experiências sempre seja uma boa maneira de entender diferentes pontos de vista e também saber que, mesmo quando construímos uma teoria, ainda seja difícil entender todas as visões do processo”, diz Pignatari.
Foi a primeira experiência de Coil no Mestrado em Políticas Públicas, que pode render outras conversas nos próximos anos. “Tanto o pessoal daqui como os alunos e professores do México sinalizaram que a experiência foi muito positiva”, afirma Marchesini. “Para além desse encontro de uma hora e meia, eles compartilharam informações que, eventualmente, podem nutrir relações para pesquisas futuras, contatos profissionais e mesmo para amizades e vínculos pessoais.”
A atividade Coil é uma inserção planejada entre dois ou mais professores de universidades e países diferentes com objetivo comum de trazer para suas respectivas turmas a perspectiva internacional sobre um ou mais temas abordados. Em 2021, ocorreram duas atividades Coil no Insper, uma sobre inteligência artificial (desenvolvida pelo professor André Filipe de Moraes Batista com a Universidad del Desarrollo, do Chile) e outra sobre cadeias de suprimento sustentáveis na Amazônia (curso formulado pelos professores Vinícius Picanço e Priscila Claro com a Wagner Graduate School of Public Service, da New York University, a Universidade Federal do Pará e a Universidade Federal do Oeste do Pará).
Esse tipo de iniciativa faz parte do planejamento estratégico para internacionalização dos cursos do Insper. “Com ações simples como essa, é possível trazer diferentes perspectivas sobre um mesmo tema, abrindo uma infinidade de possibilidades para alunos e professores, seja pelo desenvolvimento de ações de ensino inovadoras, complementares e multidisciplinares, trazendo aspectos culturais de cada país e região, seja pela possibilidade de networking, estabelecimento de pesquisas e outras atividades”, diz Matheus Morais Matos Furtado um dos responsáveis pelo desenvolvimento de ações de Coil no Insper. “A utilização de Coil também democratiza o acesso às experiências internacionais para todos os alunos e ajuda no desenvolvimento de habilidades essenciais do século 21, como trabalhar em equipes com profissionais de diferentes países.”