Mas há uma possível solução: a inteligência artificial poderia ser empregada para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em quase 16% até 2024
Bernardo Vianna
A indústria de tecnologia é responsável por algo em torno de 2% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs), responsáveis por manter o planeta aquecido mas que, quando em excesso na atmosfera, causam desequilíbrio na regulação do clima. Cada vez mais acentuado, tal desequilíbrio já se apresenta na forma de tempestades, secas e enchentes extremas que estão se tornando mais frequentes. Diante da urgência de responder a essa crise, a indústria de tecnologia pode contribuir tornando mais eficientes os gastos energéticos e reutilizando ou reciclando materiais e componentes.
Apesar dos alertas, uma pesquisa realizada pela francesa Capgemini, especializada em serviços de consultoria em tecnologia, verificou que apenas 15% das empresas adotam algum tipo de medida para reduzir a pegada de carbono do hardware que utilizam. Além disso, entre os executivos que participaram da pesquisa, somente 10% afirmaram já ter implementado ações de mitigação na área de computação em nuvem, 11% em redes e sistemas de comunicação e apenas 5% em aplicações e uso de dados.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), data centers que mineram bitcoins consumiram, em 2019, 0,3% da eletricidade do mundo, o correspondente ao consumo da Bélgica no mesmo ano. De fato, 45% das emissões de gases de efeito estufa da indústria de tecnologia provêm do gasto intensivo de energia dos centros de processamento de dados.
Uma forma de mitigar o impacto ambiental dos data centers é o manejo do lixo eletrônico produzido. Em 2020, 36% das organizações que participaram de uma pesquisa sobre o tema realizada pela americana Supermicro, empresa de infraestrutura de TI, disseram ter firmado parcerias com companhias certificadas de reciclagem de lixo eletrônico. Na mesma pesquisa, 34% responderam que já reciclam hardware sem uso dentro da própria empresa.
Outra forma de reduzir o impacto ambiental é utilizar a própria capacidade de processamento de dados para tornar os processos mais eficientes energeticamente, reduzir o gasto de água e o lixo gerado e cortar os custos de modo geral. Diversas organizações, de acordo com a Capgemini, já estão intensificando os projetos de inteligência artificial para aumentar a eficiência dos negócios e diminuir as emissões de gases de efeito estufa em quase 16% até 2024.