Você tem uma ideia de quantas startups brasileiras existem no país?
O Google for Startups mapeou os últimos cinco anos, chegando ao número de 13 mil empresas em 2021, espalhadas em 692 cidades, ante as 5 mil em 2016.
A boa notícia é que, dentro desse universo, as startups no setor de educação (as chamadas edtechs) foram as mais representativas, reunindo o maior número de empresas na comparação com outros setores — há pelo menos 800 edtechs —, segundo a Associação Brasileira de Startups.
A força desse setor pode ser medida com o total de investimentos em venture capital. Somente no primeiro semestre de 2021, estima-se que foram investidos US$ 5,2 bilhões. Um recorde histórico, que superou 45% do total investido em 2020, mas lembrando que o ano foi economicamente ruim devido ao lockdown durante a pandemia.
Quer saber mais como as edtechs estão oferecendo melhores oportunidades para a educação no país? Continue lendo o artigo.
As startups são empresas jovens que trabalham com um modelo de negócio inovador (que rompe com os modelos tradicionais já existentes no mercado) e têm alto potencial de crescimento (ou seja, são escaláveis) a baixo custo, mas que ainda apresentam um faturamento pequeno.
As “techs” são categorias de startups que, além de apresentar as características listadas acima, também têm na aplicação da tecnologia um de seus maiores trunfos e diferenciais, como fintech (financeiro), agtech (agropecuária), pet tech (animais de estimação) e health tech (saúde), entre outras.
Muitos dos serviços dessas startups estão no seu entorno ou no seu smartphone, facilitando a sua vida como consumidor, mas também a de corporações, caso da Uber] (transporte particular) e da See Tree (monitoramento de plantações).
Embora as duas startups sejam estrangeiras, as techs nacionais não ficam atrás quando se trata de tecnologia. A 99, por exemplo, surgiu da brasileira 99Táxis e foi também a primeira startup a se tornar um unicórnio (quando a empresa alcança um valor de US$ 1 bilhão no mercado) antes de ser vendida para a chinesa Did Chuxing.
A palavra edtech é uma abreviação dos termos em inglês education (educação) e technology (tecnologia). Ou seja, negócios desenvolvidos a partir da tecnologia empregada na área da educação formal e informal.
A Startup Scanner, um mapa de startups brasileiras com soluções para a educação, lista 23 categorias diferentes, sendo as mais conhecidas as de idiomas e educação corporativa, até as não tão conhecidas assim, como financiamento educacional e educação inclusiva.
Vale também mencionar que o mundo se tornou caótico com o impacto socioeconômico da pandemia da covid-19 em 2020, mas o ano foi de revolução com a digitalização da educação, que derrubou eventuais preconceitos contra o ensino e a aprendizagem online.
Os cursos online tradicionais estão amparados em videoconferências, material online e PDFs complementares e plataformas com exercícios, mas as edtechs podem oferecer opções mais arrojadas como realidade virtual e jogos digitais interativos, games educativos, intercâmbios de brasileiros com alunos estrangeiros sem que saiam do país, acesso a bibliotecas digitais etc.
Já no meio corporativo, as empresas podem oferecer cursos de atualização ou de especialização, treinamentos online, conteúdo para certificações ou de desenvolvimento de habilidades em plataformas especificamente para atender ao seu público de colaboradores, de terceirizados ou de fornecedores, por exemplo.
Nacionais | Internacionais |
Pravaler: financiamento estudantil para cursos de graduação
12min: resumo em áudio ou texto de livros de empreendedorismo, inovação etc AgendaEdu: otimização da agenda escolar para engajamento de escolas e alunos Descomplica: cursos preparatórios para as provas do Enem mLear: cursos de desenvolvimento pessoal e profissional UOLTech: soluções tecnológicas para empresas e universidades |
Coursera: cursos, certificados e graduações em universidades e empresas internacionais
GoFundMe: plataforma de arrecadação de fundos para despesas educacionais Duolingo: curso de idiomas com lições e aulas de curta duração Simplilearn: cursos da área tecnológica (segurança cibernética, data science etc.) Udemy: cursos dos mais diversos temas oferecidos no sistema por demanda Google Virtual Tours e Expeditions que podem dar vida à História ou fazer excursões |
João Pedro Ludovico e Eduardo Graner Tannus Fernandes cursam o quinto semestre da graduação em Administração no Insper. Os dois colegas também são os fundadores da edtech Comü, incubada no Centro de Empreendedorismo do Insper (CEMP Insper).
Os empreendedores e fundadores da Comü, João Pedro (esq.) e Eduardo Fernandes (dir.),
Criada há dois anos, a Comü surgiu como um projeto inicialmente pensado para o Instagram, que se transformou em outro no Google Drive e, depois, em um site, que é seu formato atual.
O conteúdo da Comü são matérias de exatas como cálculo, estatística e macroeconomia, escolhidas on demand (por demanda), no formato de videoaulas e aulas particulares online. O perfil da comunidade?
“São os calouros do Insper que acabaram de entrar e precisam de aulas de reforço dadas por alunos do Insper para acompanhar algumas disciplinas”, diz Ludovico. “É o Insper dentro do Insper.”
A empresa também está aberta a um público mais amplo do que o da escola. “É como um marketplace em que a comunidade da Comü, sendo estudante ou não, pode postar um conteúdo e ainda ter acesso aos conteúdos que nós oferecemos. Além disso, quem quer dar aula como professor recebe uma capacitação para atender aos nossos requisitos”, afirma Ludovico.
Ele cita o caso de um aluno de microeconomia que quer ser professor no futuro e já dá aulas na Comü como uma espécie de “preparação” para a carreira que quer seguir após formado.
A plataforma também tem um aspecto social, em que bolsistas que dão aulas de reforço conseguem garantir dinheiro extra no fim do mês.
Com o primeiro lucro obtido em abril de 2021, a Comü tem hoje 18 pessoas diretamente envolvidas no negócio, e a estimativa é que o número passe para 40 em breve.
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Pois sabia que as edtechs representam o futuro de muitas instituições de ensino. E, se souberem aproveitar da tecnologia, as escolas poderão oferecer melhores condições de ensino e aprendizagem para seus alunos.
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