Quais são as principais formas de empreendedorismo (digital, social, verde, informal etc.) e suas características
Michele Loureiro
O Brasil possui 20,6 milhões de empresas ativas. Dessas, de acordo com dados do governo federal, 287 mil foram abertas nos dez primeiros meses de 2022, um número que revela a inclinação de muitos brasileiros para se tornar donos do próprio negócio.
Em 2021, segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o maior estudo unificado de atividade empreendedora no mundo, o país ocupou o 5º lugar em taxa de empreendedorismo (30,4%), atrás apenas de República Dominicana (45,2%), Sudão (41,5%), Guatemala (39,8%) e Chile (35,9%). Esse índice mostra o percentual da população envolvida em atividades empreendedoras, ainda que sejam negócios informais.
Em teoria, empreendedorismo nada mais é que o ato de empreender — pôr em execução, fazer, realizar. Mas a prática vai muito além disso. Empreendedorismo é mais do que o processo de iniciar um negócio: é a capacidade de identificar problemas e desenvolver soluções viáveis.
Uma mentalidade empreendedora é fundamental para todas as organizações, pequenas ou grandes, novas ou antigas, com ou sem fins lucrativos. Ser empreendedor é ter a capacidade de olhar os problemas como oportunidades, de realizar testes e criar soluções ágeis, de tomar decisões mesmo sob incertezas e, com isso, transformar a realidade a sua volta.
Quem deseja empreender, iniciando uma empresa do zero, ou então um profissional que atua em uma organização e quer inovar, seja por meio do desenvolvimento de novos processos, produtos ou ideias de negócios, deve conhecer as possibilidades de áreas para se empenhar.
Assim como existem diversos tipos de empreendedores, também existem vários tipos de empreendedorismo. Ao longo dos anos, empreender deixou de ser algo estritamente ligado à criação de uma empresa e ganhou novas formas.
Com a popularização da internet, surgiu espaço para negócios que operam majoritariamente no ambiente virtual — um mercado que cresce no mundo inteiro.
Este tipo de empreendedorismo diz respeito a produtos e serviços possibilitados pelo meio digital, como lojas virtuais, provedores de conteúdo (blogueiros, youtubers e streamers), marketing digital, infoprodutos (cursos e treinamentos online), e também aplicativos como iFood e Airbnb.
De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), as vendas online, um dos campos do empreendedorismo digital, devem crescer 12% em 2022, na comparação anual, e a projeção de faturamento é de R$ 169,5 bilhões.
Entre os tipos de empreendedorismo, esse é o que exige menos recursos financeiros para começar, mas demanda muito conhecimento tecnológico e uma boa leitura do mercado consumidor. Quando bem executado, pode se tornar muito lucrativo.
LEIA TAMBÉM:
• Como o Insper se tornou uma escola de empreendedores e berço de startups
No ano de 2008, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) lançou o conceito de Economia Verde (Green Economy). Esse termo foi abraçado pela comunidade internacional e ganhou força na hora de abrir novos negócios.
Essa forma de empreender é caracterizada por práticas inovadoras de modo a preservar o meio ambiente. No caso, as empresas abandonam a percepção individualista de somente gerar lucros e implementam ações de conservação ambiental.
O empreendedorismo verde preza por reduzir o uso exgerado de recursos naturais e, ao fazer isso, influencia consumidores, fornecedores e parceiros a fazerem o mesmo.
O empreendedorismo social abrange qualquer tipo de negócio — de pequenas empresas a grandes corporações — e pode ou não ter fins lucrativos. Ou seja, a organização pode buscar o lucro ao mesmo tempo que persegue os objetivos de justiça social, ou até mesmo renuncia inteiramente ao lucro. O importante é que ela busque provocar um impacto social.
As empresas criadas com o objetivo de proporcionar melhorias na sociedade se apoiam em pilares como capacitação profissional, mitigação da pobreza e da desigualdade social, soluções para a área de saúde, promoção de educação de qualidade para todos, propostas transformadoras para o meio ambiente e outros aspectos decisivos para elevar padrões de acesso a serviços, inclusão social e renda.
LEIA TAMBÉM:
• Startup Week do Insper ajuda alunos a imergirem no ecossistema do empreendedorismo
O empreendedorismo informal é aquele em que o empreendedor pratica uma atividade econômica sem formalização governamental, como os vendedores ambulantes, as barracas de rua e outras iniciativas similares. Não é o tipo de atividade econômica ideal, pois conta com menos estabilidade ou proteção.
O governo federal estima que há cerca de 40 milhões de empreendedores informais no Brasil e estimula que eles se cadastrem como MEI (microempreendedor individual) para formalizar seu negócio e ter acesso a produtos financeiros e serviços de capacitação.
Baseado no conceito de economia colaborativa, o empreendedorismo cooperativo é aquele em que empreendedores individuais se associam para trabalhar juntos.
É uma rede de apoio, na qual cada profissional contribui com um serviço ou material, para que todos tenham resultados melhores em seus empreendimentos. A ideia principal é compartilhar conhecimento e recursos.
Neste tipo de negócio, o empreendedor escolhe prestar um serviço, em vez de vender produtos prontos. Há o desafio de encontrar mão de obra, mas os serviços contam com demanda natural, que pode ajudar a alavancar o empreendimento.
As empresas de prestação de serviço vendem sua própria força de trabalho. Alguns exemplos são estúdio de pilates, academia de ginástica, produção de softwares, salão de beleza, venda de seguros, escola, creche, agência de turismo, entre outros negócios.
O empreendedorismo individual permite que um profissional possa atuar por conta própria no mercado nacional. No geral, existem duas maneiras de fazer isso: tornando-se um MEI (microempreendedor individual) ou abrindo uma Eireli (empresa individual de responsabilidade limitada).
Na prática, trata-se de um tipo de empreendedorismo com menor escala de ação, mas fácil de começar e de operar no mercado.
Esta é a vertente de empreendedorismo que proporciona um negócio já estabelecido, que já foi testado e conta com o apoio de uma empresa para facilitar as coisas. Por isso, em teoria, o empreendedorismo de franquias é mais fácil de ser executado, pois já conta com processos bem definidos.
LEIA TAMBÉM:
• Insper lança aceleradora FOKS, voltada para startups de alunos e ex-alunos
É importante lembrar que todas as habilidades importantes para um empreendedor de sucesso podem ser desenvolvidas. O Insper conta com o Centro de Empreendedorismo (CEMP), que apoia integrantes da Comunidade Insper, alunos e alumni, que desejam seguir a carreira empreendedora ou desenvolver suas competências para empreender em qualquer ambiente ou tipo de organização.