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Insper participa de evento de premiação anual da plataforma Politize!

O economista André Luiz Marques fez uma palestra sobre a importância de identificar as verdadeiras causas dos problemas públicos e buscar soluções específicas para cada situação

O economista André Luiz Marques fez uma palestra sobre a importância de identificar as verdadeiras causas dos problemas públicos e buscar soluções específicas para cada situação

 

No início de dezembro, a Politize!, uma organização que busca formar cidadãos conscientes e comprometidos com a democracia, realizou o evento online Poliawards 2022, no qual reconheceu e premiou os destaques do seu Programa de Embaixadores, cujo objetivo é formar lideranças capazes de identificar e resolver problemas públicos em todo o país. Criada em 2014, a Politize! é mais conhecida por sua plataforma online, que oferece conteúdos gratuitos sobre educação política suprapartidária, com uma linguagem leve e didática.

A Politize! Já formou 667 multiplicadores (pessoas que passaram por sua formação política gratuita) e realizou 2.375 oficinas, impactando diretamente quase 40 mil pessoas. Atualmente, a organização possui subnúcleos de voluntariado em 65 cidades.

O Núcleo de Educação Básica da Politize! produz trilhas de aprofundamento e disciplinas eletivas para compor o currículo dos estados. A plataforma tem acordo com sete estados e, em dois anos de atuação, impactou mais de 73 mil estudantes. Durante as eleições deste ano, promoveu uma campanha para incentivar o voto (olhe.vote.mude), atingindo cerca de 13 milhões de pessoas.

O evento de premiação dos destaques do ano, no dia 1º, teve sequência no dia 3 com a apresentação dos canvas (propostas de políticas públicas) e posterior avaliação das sugestões pelos parceiros (Vetor Brasil, Greenpeace e CLP). “Sou um fã da Politize! O trabalho que vocês estão fazendo é fenomenal”, afirmou o economista André Luiz Marques, coordenador executivo do Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP) do Insper, convidado a realizar uma palestra para os jovens durante o evento online.

Marques iniciou sua apresentação com uma provocação: “Criar cidades é a solução? Solução de quais problemas?”. Ele citou o caso de Pescaria Brava, município catarinense de menos de 10 mil habitantes, fundado em 2013. A justificativa para a criação da cidade era que, com a emancipação, ela iria aumentar sua representatividade política e atrair mais investimentos, melhorando as condições de vida de sua população.

No entanto, conforme mostrou Marques, três anos depois da emancipação política, Pescaria Brava gastava 70% do orçamento público com a folha de pagamento dos funcionários. Além disso, com baixa arrecadação própria, a cidade continua dependendo dos repasses da União e do estado, responsáveis por 90% de sua receita. Pior: por três anos seguidos, o município teve suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina.

“O que quero mostrar com a história de Pescaria Brava? Toda vez que temos um problema público, é extremamente importante que, antes de mais nada, procuremos entender qual é efetivamente o problema. No caso de Pescaria Brava, será que o problema era mesmo a falta de investimentos ou de representatividade? Será que a solução era realmente a emancipação e a criação da cidade?”, questionou Marques.

Marques disse que é importante identificar o problema e as possíveis soluções com base em dados e evidências, sem recorrer ao achismo. Mas ressalvou: “É muito difícil haver uma solução única, mágica, que resolva tudo. O que deu certo numa cidade ao lado não necessariamente vai resolver o problema da sua cidade”. Segundo ele, a solução mais adequada depende da análise de diversas variáveis que considerem as características específicas da localidade.

O caso de Pescaria Brava está longe de ser uma exceção no Brasil, segundo Marques. Dados apresentados por ele mostram que 44% das cidades brasileiras (2.451) têm menos de 10 mil habitantes. Se considerar as cidades com até 50 mil habitantes, elas representam quase 88% (4.890) dos municípios brasileiros.

“É claro que cidades com mais de 1 milhão de habitantes, como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, têm problemas específicos, que exigem soluções específicas. Não dá para simplesmente replicar a mesma solução em uma cidade de 10 mil habitantes”, disse Marques. “O Brasil é muito grande e também muito desigual. São realidades muito diferentes no país, com desafios e soluções também diferentes.”

Marques comentou também sobre outros grandes desafios dos tempos atuais, como as mudanças climáticas, os riscos de uma nova pandemia, a polarização política e a crise de confiança nas instituições. Por outro lado, ele apontou alguns motivos para otimismo, como o crescente interesse pela política e o renovado vigor da democracia. “Quando olhamos para trás, percebemos o quanto já avançamos. Mas quando olhamos para frente, vemos que ainda há muita coisa a fazer. Ter pessoas engajadas, treinadas e capacitadas para mudar essa realidade é fundamental.”

 

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