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Pessoas negras conquistam espaço no mercado de tecnologia do país

A proporção de pretos e pardos fundadores de startups, no entanto, ainda é inferior à distribuição da população brasileira

A proporção de pretos e pardos fundadores de startups, no entanto, ainda é inferior à distribuição da população brasileira

 

Bernardo Vianna

 

Quando a empresa Airbnb viu denúncias de racismo crescerem entre seus usuários, decidiu lançar o projeto Lighthouse, uma iniciativa para combater a discriminação racial em sua plataforma de serviços de hospedagem. O mesmo problema foi o gatilho para que empreendedores negros brasileiros criassem, em 2016, o Diaspora.Black, um marketplace de hospedagem com foco na cultura negra que alcançou uma taxa de conversão de 20% em um mercado cuja taxa média é de 16%.

Em 2021, de acordo com a Nielsen, empresa global de dados de mercado, quase 68% da população negra do Brasil — composta por pessoas autodeclaradas pretas ou pardas no Censo do IBGE — havia realizado compras online. Com tais números em vista, não dá para deixar de considerar a população preta e parda não apenas como um importante nicho de mercado consumidor, como também fonte de novos negócios tecnológicos em busca de investimentos.

 

 

O estudo Mapa das Startups Negras, do hub de inovação BlackRocks Startup, debruçou-se sobre dados do ecossistema brasileiro de empreendedorismos para uma análise do ponto de vista racial. Com dados iniciais da Associação Brasileira de Startups, a iniciativa entrevistou 2.571 fundadores e fundadoras de startups brasileiras entre agosto e setembro de 2021.

Entre os entrevistados, 71% declararam-se brancos, amarelos ou indígenas, grupo que a análise denominou como “não negros” — dentro desse grupo, amarelos e indígenas, juntos, somam apenas 2%. Já a proporção de participantes da pesquisa que se autodeclararam pretos ou pardos foi de 25%, taxa bem menor do que esperado, tendo em vista que o grupo corresponde a quase 56% da população brasileira, de acordo com o IBGE.

 

 

 

Em relação aos estágios de evolução de startups — ideação, validação, operação, tração e escala —, o estudo observou que os negócios tecnológicos fundados por pessoas pretas e pardas estão, em sua maioria, na fase final de crescimento e consolidação no mercado, a fase de tração. O passo seguinte, o ganho de escala, porém, concentra uma proporção muito maior de empresas de fundadores não negros, 17%, ante os 10% de fundadores negros na mesma etapa do negócio.

O grau de escolaridade dos fundadores de startups brasileiras, observado a partir do perfil racial, conta uma história semelhante. Embora as pessoas negras tenham ganhado espaço até a graduação, o que o estudo da BlackRocks Startups associa às políticas públicas de acesso ao ensino superior, ainda há terreno a ser conquistado para que as proporções de negros e não negros se equiparem nos níveis de pós-graduação.

 

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