Entenda para que serve e como se utiliza o BI, um conjunto de estratégias e técnicas para analisar dados e tomar as melhores decisões de negócio
Bruno Toranzo
Saber antes mesmo de lançar uma série que ela tem alta probabilidade de fazer sucesso. Isso é possível? Sim, por meio do chamado Business Intelligence, ou BI. Em 2011, a Netflix investiu 100 milhões de dólares para produzir duas temporadas do remake de House of Cards, série gravada inicialmente por uma TV britânica. Graças à inteligência fornecida pelos dados, a empresa de streaming já sabia que a trama de House of Cards mexia com multidões. Além disso, produções com o ator Kevin Spacey como protagonista sempre registraram alta audiência. O diretor David Fincher também contava com ótimos resultados, de acordo com os dados.
Business Intelligence, ou simplesmente BI, é um conjunto de estratégias e técnicas usadas pelas empresas para analisar dados e, a partir daí, tomar as melhores decisões de negócio. O termo é, de fato, abrangente, pois o BI contempla aplicativos, infraestrutura, ferramentas e boas práticas que permitem a coleta desses dados e sua posterior análise. É tão relevante hoje em dia a ponto de o BI ser tratado como uma área de negócio independente, com profissionais especializados e preparados para obter os melhores insights para outras áreas, como marketing, financeiro e RH.
O propósito de Business Intelligence é municiar de inteligência todas as áreas de uma empresa. Com essas informações organizadas e facilmente disponíveis, a organização tem condições de tomar as melhores decisões de negócio. Atualmente, não há como fazer o planejamento estratégico sem essa análise feita a partir dos dados trazidos por BI.
O BI possibilita que relatórios e análises preditivas sejam gerados com rapidez e profundidade. Os insights resultantes, como aquele que levou a Netflix a apostar no House of Cards, contemplam temas, formatos e canais que registram o melhor desempenho para determinada audiência. Isso faz com que a empresa seja mais eficiente na criação das campanhas.
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São quatro fases que se complementam: coleta dos dados da empresa; organização e análise desses dados; conversão desses dados em informação; e mensuração dos resultados.
A empresa utiliza geralmente um software de CRM para a coleta dos dados sobre seus clientes. Na sequência, esses dados são organizados, com a produção de uma análise, que transforma os dados em informações compartilhadas com toda a empresa. Com base nessas informações, as decisões de negócio são tomadas. Por fim, depois de tomadas essas decisões, considerando o tempo para que produzam efeito, é chegado o momento de mensurar os resultados. Essa etapa também faz parte do trabalho de Business Intelligence, que mensura se as decisões tomadas trouxeram ganhos para o negócio, como melhora dos serviços, produtos e/ou processos.
Para quem quer atuar com Business Intelligence, a recomendação mais importante é gostar de tecnologia. E, como a tecnologia muda rapidamente, é preciso se atualizar a todo momento. Além disso, o profissional deve ter facilidade com números e entender sobre linguagens de programação, como o Javascript. O domínio do Excel é outra habilidade que não pode faltar. Por fim, há cursos de curta duração como o de Data Analytics, que ensinam como tomar decisões com base em dados e gerar inteligência utilizando recursos como PowerBI e SQL Server.
Sobre conhecimentos específicos, esse profissional deve dominar o processo de extração de dados, transformação e carga, também chamado de ETL. Também deve conhecer os data warehouses, especialmente os aspectos de modelagem, estruturas e atributos.
A principal soft skill é a capacidade de comunicação com diferentes perfis de profissional. Isso porque, no dia a dia, quem atua com BI está em contato com a empresa inteira.
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Os profissionais de Business Intelligence fazem parte daquela lista de carreiras em alta por causa da ascensão da tecnologia. Eles podem atuar em diferentes mercados e indústrias. São cada vez mais demandados por empresas de diferentes tamanhos, inclusive pelas menores. Como ponto em comum, elas buscam melhorar seu sistema de tomada de decisão e de prevenção de riscos. Por isso, o campo de atuação é bastante amplo, com muitas oportunidades disponíveis.
As startups já nascem com uma área voltada para BI. Afinal de contas, para que elas possam se diferenciar no mercado, encontrando a melhor forma de se posicionarem, os dados representam o primeiro passo. O profissional de BI também pode trabalhar em consultorias, que prestam serviços de inteligência a outras empresas.
A boa notícia é que não há uma graduação específica para o profissional de Business Intelligence. As mais comuns são Ciência de Dados; Análise de Sistemas; Tecnologia da Informação; Ciência da Computação; Engenharia; Economia; Administração; e Marketing.