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O principal desafio para o agronegócio em 2022: manter a rentabilidade

Depois de ampliar sua fatia na economia brasileira durante a pandemia, o setor precisa manter o bom desempenho em um cenário de alta dos custos dos insumos, diz pesquisadora do Insper

Depois de ampliar sua fatia na economia brasileira durante a pandemia, o setor precisa manter o bom desempenho em um cenário de alta dos custos dos insumos, diz pesquisadora do Insper

 

Tiago Cordeiro

 

Em 2019, o agronegócio representava 21,4% do PIB do Brasil. Em 2020, ano marcado pela crise causada pela covid-19, a participação saltou para 26,6%. E, em 2021, essa fatia deve ter chegado a 28%, de acordo com os cálculos feitos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Na avaliação do Cepea, os bons resultados do setor são resultado dos altos preços agrícolas no mercado internacional, principalmente de grãos, açúcar e café. A receita poderia ter avançado ainda mais, não fossem os custos de produção. E esse permanece um dos principais desafios para o setor em 2022.

“Neste ano, os produtores correm o risco de perder rentabilidade, como resultado do preço dos insumos, que praticamente dobrou desde o final de 2020”, diz Camila Dias de Sá, pesquisadora do Insper desde 2019, mestre e doutora em administração na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP).

Considerando que cerca de 85% dos fertilizantes e fatia significativa da matéria-prima para produção dos defensivos utilizados no Brasil são importados, e que o cenário global ainda é marcado por incertezas em relação à pandemia, os produtores precisam tomar cuidado para não perder rentabilidade, sobretudo na safrinha (a segunda safra de uma cultura anual, especialmente milho). “O risco é comprar insumos a um preço muito alto e vender a produção a um valor  comparativamente baixo. Isso já está acontecendo no Hemisfério Norte, onde as margens estão próximas de zero”, diz Camila.

O cenário brasileiro acrescenta outros pontos de indefinição, potencializados pelas eleições. A taxa de juros deverá se manter alta — na previsão do banco Itaú, apresentada durante o último Ciclo de Debates Agro Global Insper Cebri 2021, deverá ficar acima de 11%. A iminência de restrições pelo mercado internacional, especialmente o europeu, para produtos vindos de regiões de desmatamento, também representam um risco no médio prazo.

“A Europa não é o nosso maior mercado comprador, mas dita tendências. E está cada vez mais resistente a adquirir produtos de países acusados de provocar queimadas e derrubadas de florestas”, afirma Camila. Diante desse cenário, o produtor, mais do que nunca, tem que estar atento à gestão de risco. “Há riscos conjunturais imediatos e riscos reputacionais.”

 

Fatores favoráveis

Por outro lado, a CNA prevê para 2022 uma safra de grãos recorde, que pode chegar a 289 milhões de toneladas, 14% a mais que a colhida em 2021. “A demanda vai continuar crescendo, especialmente nos países asiáticos”, prevê a pesquisadora do Insper. “Além disso, o novo Marco Legal das Ferrovias, sancionado em dezembro, cria boas perspectivas para o aumento da eficiência logística do setor.” O marco simplifica a regulação e aumenta a possibilidade de empresas desenvolverem trilhos próprios, com recursos 100% privados.

Como resultado, o Ministério da Infraestrutura já recebeu 64 pedidos para a realização de projetos ferroviários, que serão realizados por 22 empresas, em 16 estados, somando mais de 15 mil quilômetros de novos trilhos privados e ultrapassando R$ 180 bilhões em investimentos. Quando concluídas, as obras aumentarão em 50% a malha ferroviária nacional, que atualmente é de cerca de 30 mil quilômetros.

A respeito das questões ambientais, Camila afirma: se hoje elas representam um risco para o setor, elas também podem ser transformadas em oportunidade. “O mercado de créditos de carbono alcançou US$ 400 bilhões em 2021. Em 2016, era de US$ 20 bilhões. O agro pode angariar uma fatia para si, desde que, entre outros fatores, disponha de métricas para medição, específicas para ambientes tropicais”, diz a pesquisadora. “Além de acessar esse novo mercado, as medidas de retenção de carbono melhoram a produtividade do campo, de forma que os produtores podem ser duplamente beneficiados ao aderir a práticas mais sustentáveis.”

Camila Dias de Sá, pesquisadora do Insper
Camila Dias de Sá, pesquisadora do Insper

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